XXII

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dias atuais

Estiquei o braço procurando por ele na cama. Estava na esperança dele me abraçar de novo e de ouvir a sua voz sonolenta no meu ouvido me dando bom dia, mas ao invés disso senti a cama totalmente vazia.
Puxei o travesseiro que ele usou e o abracei, desejando por um instante que fosse ele.
Minha mente estava completamente embaralhada e eu apenas sentia falta dele naquele momento.

Eu sabia que não deveria estar sentindo isso, mas naquela manhã eu o queria ali comigo, mais do que qualquer outra coisa, como se eu tivesse 15 anos novamente.

Era incrível a memória muscular que meu corpo havia guardado. Mesmo depois de 21 anos eu ainda lembrava de como era dormir ao lado dele e por alguns minutos me deixei levar pelas lembranças.
Conscientemente eu sabia que ele não era mais o meu Zac, mas naquela hora, ainda sonolenta, as memórias de uma vida acabaram se misturando com as da noite anterior, me deixando ainda mais confusa.

Meu coração disparou ao lembrar que aquele ali era na verdade o Zac de hoje em dia. O mesmo homem que não me deixava mais dormir uma noite sequer em paz, aquele que havia invadindo todos os cantos da minha mente e estava literalmente me enlouquecendo.

Eu ainda não sabia como eu tinha conseguido sobreviver uma noite inteira com ele ali na minha cama, sem atacá-lo nem uma vez sequer.
Pq eu queria muito ele.
M.u.i.t.o.

E mesmo ciente da loucura que aquilo tudo representava, confeso que eu tinha uma pequena esperança de ser acordada com ele ainda me apertando com seus braços fortes e o seu corpo quente roçando em mim.

Soltei o ar pesadamente quando percebi o que estava fazendo.
Eu estava desapontada.

Me senti frustrada comigo mesma. Eu não deveria estar criando expectativas assim e definitivamente não deveria estar pensando nele daquele jeito.

Mas como evitar? Tudo que ele faz e fala de algum jeito mexe comigo.
E ele sabe disso e faz de propósito. Ele sabe que eu não consigo dizer não pq eu estou rendida por ele e o infeliz se aproveita da situação sem o menor remorso.

Ele é muito bom nisso. Tão bom que me faz esquecer do principal: estamos os dois errados nessa história.
E eu não sei da parte dele mas da minha parte a culpa está me matando.
O Sam definitivamente não merece passar por nada disso.

Mas a cada dia que passa eu me via mais e mais seduzida por ele e eu já não sabia mais até quando eu iria conseguir fugir ou me proteger disso.

Estava ficando impossível dizer não pra ele.

Senti meu estômago doer novamente e procurei pelo meu celular pela cama até encontrá-lo debaixo do meu travesseiro quase sem bateria.


Eu nunca havia tido uma crise assim e ainda estava em choque com o diagnóstico do médico.
Eu sei que eu não estava fazendo o tratamento ao pé da letra, mas úlcera me parecia algo um tanto alarmista e exagerado demais.

Senti outra pontada no estômago e eu sabia que o meu corpo estava tentando me avisar que o efeito do remédio estava passando.
Vi que já eram 8:30am e eu deveria ter tomado o remédio as 7am.

Ótimo, já estava começando tudo errado de novo.


i wish that i was thereOnde histórias criam vida. Descubra agora