'ᵇᵘˢᶦⁿᵉˢˢ'

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quackity's pov

Querer algo de outra pessoa para si...
Roubar algo que, em teoria, não era seu antes de pôr seus olhos sobre ela.

O que consegue ser mais egoísta do que o amor? Se esforçar para roubar os sentimentos e a rede de pensamentos que antes era ocupada por milhares de coisas diferentes, pretender enchê-lo de si. O narcisismo humano de surrupiar os sonhos e sono de um outro ser, somente porque sim. Porque sente.

O amor à todo o tempo presta atenção apenas para si, e o outro só é alguém digno de ter por perto enquanto suprir as necessidades. Essas relações quase sempre são confusas e somente discussões por quase nada.
"Os caras iriam me zoar tanto se soubessem que eu tô discorrendo uma tese do Bauman mentalmente enquanto penso numa garota...
Nunca mais teria paz.
Especialmente aquele puto do Toby..."

Alexis colocou a mente para pensar, da madrugada passada para essa noite.
Refletiu muito em uma forma de ajudar Camila a acabar com todo o ódio generalizado sobre ela, mas também foi egoísta. Grande parte dessa intenção vinha da urgência de tentar se aproximar, uma profunda vontade de vê-la sorrir mais vezes, que nada mais é do que puro egoísmo.
Se apaixonar é egoísta.
Pode parecer bobo, mas essa linha de raciocínio sempre funcionou muito bem para ele.
Por isso desde que se conhece por gente nunca fez muita questão. Costumava crer que o tempo e o coração das pessoas não vale a corrida, até porque só afetava ambos emocionalmente.
No entanto, existe algo diferente dentro de si, desde o momento em que colocou os olhos naquela garota confiante e profissional. Nada faz sentido como fazia.

Mas seu mundo não girava em volta dela no fim do dia, tinha muito a resolver, a preparar, pelo que se preocupar.
Seu servidor, apesar de ter uma equipe enorme por trás para cuidar de grande parte, ainda era idealização sua.
Logo, sua responsabilidade.
Assim como, obviamente, o mundo dela não chegava sequer um por cento a girar em volta dele. No fim do dia tudo o que ela deve sentir sobre ele é rancor, nada mais do que um gosto amargo e sórdido que a gente costuma ter na boca depois de ver uma pessoa mal-querida.

Alexis aguarda ansiosamente pelo som do celular tocando do outro lado da linha, seus dedos nervosos brincando com a borda da capinha do aparelho.
Ela aceitou conversar outra vez.
Mas, de repente mudou de ideia, resmungou baixinho:
"Na verdade...
Espera um pouquinho, por favor?..."

A noite anterior deixou um rastro de incertezas, e agora, a promessa de esclarecimentos paira no ar.
Entretanto, cada reencontro que têm com Camila faz mais e mais dúvidas surgirem.
Porque murmurou aquelas coisas no carro ontem à noite?
O quê estava querendo dizer com aquelas palavras suaves?...
Será que realmente as ouviu, ou são apenas mais peças pregadas pela sua cabeça? Ela estava completamente embriagada, afinal.
Seria injusto colocar sobre Camila o peso de algo que disse não estando em sã consciência. Ou não?

 Ou não?

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ꜱᴏᴍᴇᴏɴᴇ ᴛᴏ ʏᴏᴜ · quackity (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora