1° - "Accidents happen"

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"Uma vez alguém disse que não há céus sem tempestades e nem caminhos sem acidentes, mas quando você lida com coisas do tipo monstros mitológicos e deuses imortais, na maioria das vezes um acidente nunca é... bem, apenas um acidente."

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Princesa Andrômeda - Em algum lugar do Atlântico.

As janelas da cabine principal do Princesa Andrômeda estavam abertas para um mar iluminado pela lua. O vento frio revolvia as cortinas de veludo.
Luke estava ajoelhado em um tapete persa diante do caixão dourado de Cronos. A luz do luar fazia os cabelos escuros do rapaz brilharem. Ele usava uma antiga túnica grega e um bimation branco, uma espécie de capa que pendia de seus ombros. As roupas brancas faziam Luke parecer atemporal e um pouco irreal, como um dos deuses menores do Monte Olimpo. Sua aparência era surpreendente, considerando a grave queda do Monte Tam que ele havia sofrido recentemente. Agora parecia perfeitamente bem. Quase saudável demais.

Os espiões relatam sucesso, meu senhor — Disse ele. — O Acampamento Meio-Sangue está enviando uma missão de busca, como previu. Nosso lado do acordo está quase completo.

— Excelente. — A voz de Cronos parecia cortar o ar surreal da cena como uma adaga. Era gélida de crueldade. — Assim que tivermos o meio de nos orientar, eu mesmo liderarei a vanguarda.

Luke fechou os olhos, como se estivesse organizando os pensamentos. — Meu senhor, talvez seja cedo demais, quem sabe Crio ou Hiperíon não devessem liderar...

Não. — A voz do titã estava calma, mas absolutamente firme. — Eu liderarei. Mais um coração se juntará à nossa causa, e isso será suficiente. Finalmente vou me erguer inteiro do Tártaro.

Mas a forma, meu senhor... — A voz de Luke começou a tremer.

Mostre-me sua espada, Luke Castellan. — Cronos ordenou. Um onda de energia nada agradável pareceu atravessar o ar na cabine assim a ordem soou. Luke sacou a espada. O gume duplo de Mordecostas brilhou perversamente - metade aço, metade bronze celestial. Era uma arma maligna, letal tanto para mortais quanto para monstros. — Você se entregou a mim — O titã fez questão de lembrar — Ganhou esta espada como prova de seu juramento.

—  Sim, meu senhor. É só que... — Luke começou, mas antes que desse forças á seu protesto, Cronos o interrompeu.

— Você queria poder. Eu lhe dei poder. Agora está além de todo mal. Em breve você dominará o mundo dos deuses e dos mortais. Não quer se vingar? Não quer ver o Olimpo destruído?

Um tremor percorreu o corpo do semideus.— Sim. — O caixão brilhou, a luz dourada enchendo o ambiente.

Então prepare a força de ataque. Assim que o negócio estiver concluído, prosseguiremos. Primeiro o Acampamento Meio-Sangue será reduzido a cinzas. Assim que aqueles heróis importunos forem eliminados, marcharemos ao Olimpo. —Houve uma batida na porta da cabine. A luz do caixão enfraqueceu. Luke ergueu-se. Embainhou a espada, ajeitou as roupas brancas e respirou fundo.

Entre. — As portas abriram-se. Duas dracaenae entraram coleando - mulheres-cobras com dois corpos de serpente no lugar das pernas. Entre elas vinha Kelli, que diferente das outras duas mulheres, era uma empousa.

Olá, Luke. — Kelli sorriu. Usava um vestido vermelho e estava sensacional, mas em sua aparência verdadeira não havia nada de sensacional. Pernas assimétricas, olhos vermelhos, presas enormes e cabelos em chamas, era isso que se escondia por trás daquela bela aparência projetada por poderes ilusórios de uma empousa, uma das criaturas que inspiraram a criação de diversas lendas sobre vampiros.

Lifeboat - Luke CastellanOnde histórias criam vida. Descubra agora