O tempo perdido - Ginessa

Capítulo 14 - Tem ou não tem?

GIOVANNA'S POV

Calma, respira, vai dar tudo certo. Você pensou em todos os detalhes, o que vai falar, onde expor ele. Você vai conseguir. Eu estava muito nervosa com toda a situação, mas não poderia dar para trás. Logo depois que terminou o programa de ontem, as fadas vieram falar comigo. O Bin veio atrás, querendo ficar grudado em mim, falando que nada pode acabar com nosso amor. QUE CARAMBA, AMOR, SAI DAI LOCO. Rochele parecia aérea, e Vanessa estava sentada lá fora, perto da academia, pensativa. Me segurei muito para não ter que ir lá, e quando tive meus 20 segundos de coragem, sinto uma mão me segurar. Era Rochele. "Sustenta teu b.o e entra."

Dói muito vê-la assim e saber que eu causei isso. Poderia ter feito de outra forma, mas para mim era a forma mais expressiva para ela saber que nunca esteve errada e que não foi culpa dela. Entro em direção à cozinha para comer algo e ir dormir.

VANESSA'S POV

Por que me coloquei nessa situação de novo? Eu só queria curtir e aproveitar, e ficar finalmente com ela. Mas parece que a vida é escrita em linhas tortas. Depois do paredão, queria muito abraçá-la e falar que vai ficar tudo bem. Vejo ela olhando para mim, esperando que eu me aproximasse. Mas quando vejo Bin atrás dela, me sinto arrasada. Saio e vou para a área da academia. Não comentei com ninguém, mas desde ontem venho tendo flashes que acredito ser do que aconteceu na academia. Só consigo lembrar do Bin rindo debochando e gritando, e a palavra "fraca" ecoa pela minha cabeça. Tento não focar nisso. Até que vejo Rochele se aproximar.

"E aí, Lopes?" Eu amo essa mulher em um nível que não sei explicar.

"Engoliu o que viu na sala com água ou coca cola?" Pergunta ela me fazendo rir.

"Foram lágrimas mesmo", digo, me segurando para não chorar mais.

"Lopes, se algum dia precisar de um ombro pra chorar ou alguém para conversar, não importa onde você esteja, saiba que você tem a mim" - diz ela em um tom sério que eu nunca a ouvi falar

. "Obrigada, Rochele, você também para o que precisar", digo pegando na mão da minha amiga.

"Vanessa, amanhã não vai ser fácil pra ninguém, principalmente pra você, mas eu preciso que você seja forte e segure a barra até onde der", diz ela olhando nos meus olhos. "O que você quer dizer com isso?"

"Me promete uma coisa?" ela pergunta, e eu só sinalizo que sim com a cabeça. "Seja lá o que acontecer, você vai buscar entender o lado dela", fico intrigada.

"Lado de quem, Rochele?" pergunto. "Só promete, Lopes", pede ela. "Eu prometo tentar entender", digo séria.

"Está bom, eu vou me preparar pra dormir, que estou cansada, muita energia rondando essa casa", diz ela me abraçando e me dando um beijo de boa noite.

Quando ela está indo, só vejo Giovanna de longe observando, e quando acho que ela está vindo em minha direção, Rochele segura o braço dela e diz alguma coisa, e ela entra pra cozinha.

Depois de um tempo, já estou com sono e vou em direção ao banheiro para iniciar o skincare. Pela primeira vez, eu chego e vejo esse banheiro vazio; acho que a maioria já foi dormir. Do nada, escuto passos, mas ignoro completamente seja lá o que for. Pego a toalha para enxugar meu rosto quando, de repente, olho para o espelho e vejo quem é.

"Você vai demorar?". Viro pra ela e digo. "Giovanna, tem duas pias, fique à vontade". Ela revira os olhos, mas inicia seu processo noturno em um extremo silêncio.

Sabe aquele silêncio que é ensurdecedor, que o silêncio grita? Essa era a sensação, mas nenhuma palavra foi trocada. Quando ela termina, ela diz. "Boa noite" e se vira para ir pro quarto fada. Quando de repente eu falo.