06:00 horas da manhã seu despertador toca, Valentina não quer acordar, mais parece que quanto mais ela quer ficar na cama, mais alto o despertador toca, ela se levanta e se arruma para ir á escola. Ao sair de casa olha para o outro lado da rua e percebe que quem está saindo daquela casa gigante vermelha é Tomás, ela dá um suspiro e fala:
- Só o que me faltava mesmo. - Depois sai depressa com seus patins com esperança de não ser atropelada de novo na frente da escola.
Chegando lá, pelo incrível que pareça, Tomás passa por Valentina sem falar ao menos um "Bom dia" , ao chegar na sala e se sentar, Tomás nem olha em seu rosto, então o pensamento vem "Aleluia! Hoje ele não me pertuba, finalmente me esqueceu"
Quando a aula começa Tomás tenta o máximo para não olhar para ela, mais era inevitável não olhar para aquele rostinho cheio de sardas. Dias se passaram e a mesma coisa acontecia todos os dias, Tomás tinha parado de tentar ignorar Valentina, como ele viu que não ia dar certo, passou a ficar encarando Valentina em todas as aulas, mais ela fingia que nem era com ela. Na volta para casa Valentina sempre passava por uma ponte onde havia um lindo e imenso rio, ela aproveitava o fim de tarde para observar o pôr do sol também, aquilo fazia se sentir melhor, mais calma, então todos os dias antes de ir para casa ela passava por lá e observava, até que um dia, lá estava Valentina observando o pôr de sol, quando ela olha para o outro lado da ponte, se dá conta que quem está passando de skate é Tomás, ele também adorava aquele lugar, a melhor ponte que tinha para andar de skate de acordo com ele, ela até tenta desviar o olhar e fingir que não viu ele ali, mais ele percebe, fica todo sorridente, mais percebe que ela nem faz questão de encontrar ele ali, então ele abaixa a cabeça e segue em frente o caminho de volta para casa, assim como ela também faz o mesmo.
Tomás não entendia aquilo, Valentina parecia ser tão gente boa, mais ao mesmo tempo tão complicada, ela auto se afastava das pessoas, ele sabia que ela nem sempre foi assim, alguma coisa que aconteceu a fez ficar assim, mais mesmo ela o desprezando, ele não ia desistir de conhecer ela. Já para Valentina era normal, Tomás não é o primeiro cara que ela se distanciava sem motivo, antes de conhecer ele, ela já tinha em sua mente que ele só queria sua amizade para depois ser beneficiado em alguma coisa no futuro, para ela não existia essa ideia de do nada uma pessoa chegar em outra e tentar fazer amizade sem a malandragem por trás, Valentina era bem cabeça dura, então seria um pouco difícil para Tomás conseguir conquistar pelo menos a amizade dela .
Mais tarde ao chegar em casa, Valentina dá de cara com seu pai saindo de casa para ir ao trabalho.
-Olá minha filha, estou indo trabalhar, o jantar já está pronto, quando quiser comer é só esquentar no micro-ondas, seu irmão está assistindo desenho. Beijo, deixa eu ir, já estou atrasado, cuide bem do Vicente.
-Beijo pai, não se preocupe que eu e ele nos viramos.
-Tchau filha, se cuida.
-Tchau pai.
Ao entrar em casa fala com seu irmão:
-Olá Vicente.
-Oi Valentina, papai avisou do jantar?
-Avisou sim, quando estiver com fome me avisa, vou subir e tomar um banho bem gelado, qualquer coisa chama.
-Ok.
Ao sair do quarto após o termino do banho, Valentina começa a ouvir um barulho estranho como se alguém estivesse se debatendo e os dentes batiam uns nos outros, então ela desce as escadas para ir ver dá onde vinha esse barulho. A medida que ela ia descendo os degraus da escada o barulho ia aumentando, quando Valentina chega na sala, não pode acreditar no que está vendo, seu irmão Vicente estava tendo um ataque de epilepsia , o chão de Valentina caiu, estava desesperada sem saber o que fazer, na mesma hora veio a mente a lembrança de sua mãe que morreu em sua frente e ela não pode fazer, não podia deixar que isso acontecesse com seu irmão, já basta ter perdido sua mãe, não queria perder seu irmão também, mais estava sozinha em casa, não tinha ninguém para ajudá-los, então sem saber o que fazer Valentina se ajoelha ao lado de seu irmão e começa a gritar desesperada:
-Vicente meu irmão, por favor fala comigo, não me deixe, eu te amo, fala comigo por favor! -Valentina sai correndo desesperada atrás de seu celular para ligar para a emergência, até que acha, mais está sem bateria, entra mais em desespero, então que olha pela janela e vê Tomás do outro lado da rua jogando o lixo fora, rapidamente abre a porta e grita:
- TOMÁS! Por favor me ajuda, meu irmão está se debatendo e ele tá ficando roxo, ele não me responde, me ajuda por favor.
Tomás corre rapidamente para casa de Valentina e ao chegar se depara com Vicente no chão
- Calma, ele só está tendo uma crise de epilepsia, ligue para a emergência. - Diz Tomás
- Meu celular acabou a bateria. - Então ele puxa seu celular do bolso e liga para a emergência:
-Alô ?
-Emergência boa noite, por favor tenha calma, fale pausadamente em que nossa equipe de resgate pode ajuda-lo.
- Uma criança está tendo um ataque de epilepsia, ele está um pouco roxo e está saindo uma espuma branca da boca dele.
- Então já localizei o local e nossa equipe já está indo para aí, por favor tenha calma, vou passar para você os procedimentos básicos que terá que fazer com a vítima enquanto nossa equipe de resgate chega no local pode ser ?
- Pode sim!
- Primeiramente segure a cabeça da vítima, para que o paciente não tenha problemas maiores como corte e etc. Depois tire todos os objetos que possa machucar a vítima por favor.
Enquanto Tomás recebe as instruções da atendente da emergência, Valentina não sai de perto de seu irmão, mais o desespero só aumenta, ela não para de pensar na possibilidade de perder seu irmão, até que finalmente depois de 20 minutos de sofrimento Vicente para de se debater e finalmente a ambulância chega, mais Vicente ainda continua inconsciente. Valentina abre a porta e os médicos levam Vicente, então ela pergunta desesperada:
- Meu irmão vai ficar bem ?
- Não podemos lhe informar isso ainda mocinha, vamos levar seu irmão para fazer os exames. Avise a seus pais e depois vão para o Hospital do Centro, chegar lá é só falar o nome dele que vocês ficam informados sobre o garoto.
-Eu quero ir com meu irmão! - Diz Valentina segurando a maca.
-Infelizmente só pode ir na ambulância com o garoto um acompanhante de maior, sinto muito.
-Não, eu vou com ele!
-Não podemos autorizar isso mocinha.
Os médicos colocam Vicente dentro da ambulância e vão até o hospital, Valentina vê aquilo que parte seu coração por não estar lá ao lado de seu irmão, não iria admitir perder Vicente. Então Tomás tenta acalmar Valentina:
-Calma, ele vai ficar bem.
-Calma?! Meu irmão tá inconsciente em uma maca dentro de uma ambulância e você vem me dizer para ter calma?
-Desculpa, só queria ajudar.
-Se não for para ajudar, nem tenta. Tenho que ligar para meu pai, mais meu celular acabou a bateria.
- Pode usar o meu. - Diz Tomás estendendo o celular na mão.
-Obrigado.
Valentina passa um bom tempo tentando ligar para seu pai, mais ele não atende.
-Droga ele não atende, tenho que dar um jeito de ir ver meu irmão. Já sei, vou de patins!
-Só pode está ficando louca, o hospital é uma hora daqui e já tá tarde, só se quiser ser assassinada.
-Por isso mesmo, tá tarde, não tem ninguém nas ruas.
-Pode esquecer, não vou deixar você sair a essa hora da noite sozinha. Eu vou com você.
-Meu querido, seu skate nunca irá alcançar a velocidade do meu patins.
-Quem aqui falou em skate?
- Então você vai como? Voando?
-Já ouviu falar em Moto?
-Desde quando você tem idade suficiente para pilotar uma moto ?
-Desde o final do ano passado.
-Daqui 5 minutos nos encontramos na frente da sua casa.
-Ok.
Se passa 5 minutos e Valentina já está na frente da casa de Tomás o esperando, então ele chega com os capacetes e fala:
- Vamos ?
- Pensei que não ia vim mais. - Diz Valentina pegando o capacete da mão dele.
Os dois sobem ensina da moto e antes de irem, Tomás fala:
- Ah, só um detalhe, só pilotei moto 3 vezes na minha vida e nas 3 vezes eu fui parar no hospital.
- Estamos indo pra lá mesmo, menos mal. Liga isso aí logo.
- Você é quem manda. - Diz Tomás acelerando a moto.
Chegando lá, Valentina desce da moto desesperada, logo quando entra fala com a recepcionista:
- Gostaria de saber como está o Vicente Augusto Duarte.
- É o garotinho que chegou de ambulância agorinha né ?
- Isso mesmo, ele está bem ?
- Então, você deve aguardar a notícia do médico ali na sala de espera, seu irmão ainda está em observação.
- Tudo bem, obrigado! - Diz Valentina que sai preocupada da recepção.
- E aí, ele tá bem ?
- Ainda não sei, tenho que esperar aqui o médico chegar com a notícia.
- Ah sim!
Valentina olha pra Tomás e diz entregando o capacete:
- O que ainda está fazendo aqui ?
- Acha mesmo que vou te deixar aqui sozinha nesse lugar desse jeito ? - Diz ele empurrando o capacete de volta para ela.
- É isso mesmo que deve fazer.
- Nem pensar, pode esquecer, vai ter que me aguentar mais um pouco.
- Você é quem sabe, se quiser ficar fica, nem vai fazer diferença, mais de qualquer jeito obrigado por ter me trazido de moto.
- De nada, é para isso que servem os amigos.
- Hum. - Responde Valentina com uma cara de tanto faz, por fora estava assim, mais por dentro tava tentando descobrir da onde ele tirou essa ideia maluca de que os dois eram amigos.
Horas se passam e nada do médico chegar com as notícias, Valentina até tenta falar com seu pai de novo mais ele não atende, então ela desiste. Os dois já estavam exaustos de tanto esperar, Valentina estava cada vez mais impaciente e preocupada, até que ela vira para Tomás e pergunta:
- Será que ele tá bem ?
- Aposto que sim meu amor, digo Valentina. - Diz Tomás dando logo em seguida um abraço super apertado nela, que a deixou bem mais segura.
Valentina recebe o abraço e depois vira para o lado sem dizer uma palavra, meu Deus ela não podia acreditar que o abraço de um estranho a fez se sentir segura, isso não podia estar acontecendo, Valentina nem gosta de abraços, o que ela tava fazendo com aquele imbecil ali naquele hospital, o irmão era dela e ele não tinha nada de se meter. Valentina fica super nervosa pensando nisso. Até que ela vê o médico e corre para saber notícias de seu irmão.
- Então doutor, meu irmão tá bem ?
- Está sim Valentina, não se preocupa, não foi nada demais, ele apenas teve uma crise que por sinal foi bem extensa, isso é normal, muitas criança na idade dele tem essas crises, mais passei alguns exames para saber se as crises são constantes.
- E eu posso ir lá vê ele ?
- Pode sim!
Valentina sai correndo com um sorriso no rosto por saber que seu irmão tá bem. Ao chegar no quarto Valentina corre e abraça bem forte seu irmão e fala:
- Nunca mais faça isso, quase me matou de susto.
- Mais não tive culpa irmã.
- Eu sei estou apenas brincando.
Enquanto os dois matavam a saudade, seu pai chega no quarto e fala:
- Meus amores, vocês estão bens, fiquei tão preocupado quando recebi a notícia.
- Pai! Te liguei várias vezes mais o senhor não atendia.
- Me desculpe filha, mais o lugar que eu estava fazendo turno hoje não tinha sinal. Mais o que importa é que estou aqui e meu garotão tá super bem.
- Papai o médico disse que já posso ir para casa.
- Então vamos para casa meu filho.
Então os três saem do quarto e vão até a sala de recepção para irem embora.Quando Valentina está saindo, encontra Tomás sentado na sala de espera.
- Você ainda está aqui ?
- Sim, eu disse que ia ficar com você aqui até receber notícias de seu irmão.
- Ele está super bem, meu país já está lá fora para lervar nos para casa.
- Ah, então já que tudo se resolveu bem, eu também já vou. Tchau e até amanhã
-Tchau, até e obrigado mais uma vez.
- Já disse que não precisa agradecer.
Então cada um sai com um sorriso mais belo que o outro do hospital e vão para suas devidas casinhas irem dormir e pensar em tudo que viverem hoje nesse dia tão cansativo.