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𝖉𝖊𝖆𝖗 𝖊𝖓𝖟𝖔 !
~ ও by: streetdenver

Os Abundis sempre foram conhecidos pela vila como uma boa família, as brigas não eram frequentes, e Janette e Pedro tinham um casamento instável para todos, juntamente com os seus três filhos. Mas no ano de 1975, Janette acabou vindo a óbito, deixando que Pedro, agora fosse um pai solteiro.

Ele pensou até mesmo em desistir e mandar os filhos para os avós, mas sabia que eles também sofriam, e que naquele momento, devia ser um pico de cura para todos, e isso só aconteceria se ficassem juntos. Depois que Janette faleceu, a casa ficou menos florida, mas sempre limpa e organizada, nunca nem sequer faltou comida na mesa.

Pedro trabalhava pesado e sempre conseguia o seu dinheiro. Javier e Gael trabalhavam no campo, enquanto Guadalupe cuidava da casa e de vez enquando dos seus primos distantes que iam para passar o final de semana na fazenda. Eles eram simples e felizes, mesmo com a falta que Janette fazia no coração de cada um.

―― Guadalupe! ―― ela ouviu a voz grave do pai que vinha da cozinha, e com o livro ainda em mãos se levantou para poder olhar para ele. ―― preciso que vá até a padaria, estamos sem pão para o café! ―― ele falou num tom simpático enquanto tragava a fumaça do cigarro.

―― Tudo bem. ―― a garota de cabelos longos assentiu apenas largando o livro em cima da poltrona e rodou a casa a procura do seu par de botas.

Ela usava um vestido florido com um tecido leve, na muito pesado que pudesse fazer a mesma sentir um calor extremo. Quando finalmente avistou as suas botas em um canto perto da escadaria, se sentou no degrau abaixo e se apressou para calçar as botas de cano baixo e amarrar os cadarços de maneira despojada.

Se levantou e caminhou até o pote de vidro que havia em cima do balcão da cozinha, ela enfiou a mão dentro e caçou algumas notas de dinheiro, ela se abaixou e guardou a nota dentro da própria bota preta e rapidamente correu para a parte de fora da casa.

O Sol estava forte e não havia sequer um vento na região, completamente parado e sem nuvens no céu. O campo era verde e fazia um contraste lindo com o azul claro, ela ouvia apenas o barulho de galinhas distante e de patas de cavalo, andou pela estrada de terra já sabendo do porquê o barulho das patas do tal cavalo.

―― Vai ir até a vila? ―― a voz de Javier chamou a sua atenção, ela calmamente se virou e viu o irmão em cima do cavalo preto, acabado de sair do meio das árvores.

―― Sim, volto antes das seis. ―― explicou enquanto se aproximava e acariciava levemente o pelo preto do cavalo. ―― Não deixe o pai sozinho em casa, você sabe, não é?

―― É claro que sei, Gael e eu iremos já, e você, se cuide! ―― falou prestes a se afastar com o animal. ―― Tchau, irmã!

Ela ergueu seu braço e acenou enquanto via o mais velho partir com o cavalo, ela não se enrolou e partiu a voltar a caminhar pela estrada de chão, seu sorriso sumiu ao passar em frente a enorme casa do Vogrincic, ela sabia apenas o sobrenome da família, havia visto uma vez ou outra um simples senhor na varanda da casa enquanto fumava um cigarro, ou tomava o seu mate.

Sabia pouco sobre eles, e tinha noção do quanto dinheiro eles tinham. Guadalupe não negava que uma curiosidade imensa a tomava quanto passava em frente a casa e a via toda fechada, e em silêncio, ela queria descobrir porque não conhecia nenhum dos filhos do senhor, ou até mesmo a sua esposa. Gael cogitava que eram todos criminosos, histórias malucas na mente do garoto que ainda sonhava alto.

𝖉𝖊𝖆𝖗 𝖊𝖓𝖟𝖔 ━━ Enzo Vogrincic Onde histórias criam vida. Descubra agora