Capítulo 11

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Os dias seguiram assim: eu tentando novamente ocupar a minha mente somente com trabalho, deixei a história “Hugo” pra lá, porque é uma causa perdida, e gastei energia com minhas filhas e como farei em relação ao meu casamento.
O Marcos voltou a me procurar. Dizendo que está com saudades, que ele quer tentar novamente, que é importante o sexo para o casamento e blá blá blá...
—Claro que é importante, Marcos. Para ambas as partes envolvidas. O problema é que você acha que o sexo só tem que atender a você e que eu, sua esposa, devo cumprir com o meu papel na cama. Só que você não está me ajudando a cumprir o meu papel, visto que eu também preciso também de algumas assistências e você não está me dando, ok?
—Você está sendo irônica, Lisa? Será que podemos assumir nosso papel de adultos e conversarmos?
—Olha, Marcos, eu não quero mais discutir com você sobre este polêmico tema familiar, tá ok? Nós não vamos chegar a lugar nenhum porque você não entende a mensagem que quero passar. E eu não estou entendendo o teu ponto de vista. Então não há comunicação. Não quero brigar, não quero mais ter esperança, não quero olhar pra você e me fazer perguntas que só vão me angustiar.
—Lisa, onde foi que nos perdemos?
—Não sei, Marcos. Sinceramente, não sei. Não quero te culpar em nada, mas acho que foi quando entendi que a vida que estamos levando não está mais sendo suficiente pra mim. Simplesmente, não estamos funcionando como casal e o sexo influencia, sim, em todas as outras áreas. Se não fazemos sexos somos o quê? Amigos? Irmãos?
—Nós não fazemos sexo porque você não quer, Lisa, porque eu...
—Chega, Marcos! O seu “eu” sempre em primeiro lugar pra você. Estou bem cansada sobre isso. Acho melhor entrarmos num acordo porque do jeito que está não dá pra continuar.
—Neste ponto, concordo com você. Estou te dando a última chance, Lisa, de você resolver a nossa situação. Caso contrário, vou procurar na rua.
—Fique à vontade, Marcos. Do jeito que você me propõe sexo, somente você gozando e se satisfazendo e, eu, chupando dedo e esperando que você vá me satisfazer também, mas este dia nunca chega, eu deixo você bem à vontade pra isso.
—Ok, depois não reclame!

***

—É, minha amiga... acho que meu casamento chegou ao fim. —Comento com Carla sobre a conversa que tive com Marcos enquanto almoçamos. —Eu até poderia entender o lado dele, mas ele não entende o meu. Ou não quer entender.
—O Marcos tem essa particularidade né, amiga? Ele é bem egocêntrico quando quer. Mas é isso mesmo que você quer? Acabar um relacionamento sólido, de tantos anos?
—Sólido? Pelo amor de Deus, Carla. Nós não conseguimos nem nos entender na parte mais básica do nosso casamento, que é sexo, quem dirá em outras áreas. O que podemos falar um pouco melhor é sobre nossa vida financeira, mas, chega uma hora que não dá, né?
—É sim, amiga. Companheirismo é muito importante. Qualquer coisa estou por aqui pra te dar colinho, viu? —E nesta hora eu desabo. Porque estou sensível, porque estou confusa, porque acho que estou apaixonada por um cara que nunca vi.
Contei pra Carla o que aconteceu. Ela não se surpreendeu, mas seus olhos brilharam por ver minha vida, digamos, agitada.
—Amiga, talvez esse tal de Hugo seja somente um combustível para sua vida dar uma reviravolta. Caralho, ele é careca, barbudo, manda fotos de drinks que faz pra você, te leva na lua com o sexo virtual que vocês fazem... ele é quem? Thor? Eu quero um desse pra mim, porra!
—Maluca, você só esqueceu de um grande detalhe: ele é noivo e vai se casar. Em breve.
—Ele é noivo e pode ser que se case. Pode ser que não se case...  —Meus olhos se arregalam quando ela fala isso.  —Você vai deixar essa coisinha gostosa escapar?
—Nós não nos conhecemos, Carlinha. Nem vamos nos conhecer. Eu já dei um basta nessa “amizade” porque não vai me levar a lugar algum. Mas tô sofrendo pra caramba e não consigo entender isso. Poxa, meu marido disse que vai arrumar outra mulher, cara, e eu não estou nem aí, pelo visto.
—E as meninas? Já está pensando como vai falar pra elas?
—Nada ficou decido, né? Mas acho que já vou adiantando a conversa. Ah... deixa eu mudar de assunto... não tem aquele curso de extensão em Pedagogia Empresarial que estou fazendo? Me sobressaí...  —Carla me interrompe, vibrando com minha pequena vitória.  —Pois é. —ri. —Estou entre os três alunos mais aplicados do curso. E fui convidada a ir a um seminário sobre este tema com todas as despesas pagas.  Adivinha aonde?
—Rá! Pois não precisa me dizer, minha amiga, porque São Paulo está escrito na tua testa.
—Isso mesmo, amiga. —Tampo meu rosto com as duas mãos.  —Não sei se vou.
—Como assim não vai? Vai sim, vai se encontrar com o bartender e vai ter esta experiência.
—Não quero ter esta experiência.
—Só se eu não te conheço, meu amor. Você quer ter e está com medo. De qualquer maneira, se não quiser encontrar-se com o Hugo, não se encontre. Mas você vai a este seminário. Vai que isso dê um up na sua vida profissional?
—Isso é verdade. Mas vou pensar direitinho. Tenho uma semana pra me decidir e me programar.
—Só se arrependa do que você nunca fez, meu amor!
E aí, como sempre, nossa tarde foi tranquila e tivemos assunto pra colocar em pauta. Ela está também em uma aventura romântica. Essa minha amiga não abre mão de si, não abre mão do que quer, do que acredita. Eu também não, embora tenha acreditado em um casamento que está falindo ou já faliu. Mas abri mão de mim.
Só que agora é diferente: não quero mais abrir mão de mim. Não quero mais abrir mão do que sinto nem do que acredito, muito menos do que quero.

Olá! Tudo bem??
Mais um capítulo chegou... E muitas reviravoltas acontecerão. Todos preparados??

Dona de Mim - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora