CAPÍTULO VI: O Começo do Fim

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- Vamos aniquilar a Europa!

Ria estridentemente, girando, dançando com a lâmina em minhas mãos. A mais genuína excitação. Todos estavam festejando pela carnificina. Holly e suas espadas saíam saltitantes, preparadas a costurar os órgãos de cada tira. Jake, como sempre paralisado em sua sala, construção e monitoração. Se seu robozinho funcionasse, seria mesmo de foder. Tudo estava onde deveria estar, exceto por nós. Eu e Cardan, sozinhos, naquele velho galpão. Car, que nunca utilizara armas, lutava contra si mesmo, no ar, sendo Cardan. Uma batalha não costuma ser cronometrada, levaria o que coubesse em minhas roupas. Metallica, a lâmina que tudo corta. Uma simples Glock P80, um pacote de doces da dona Candance, micro bombas e um álcool em gel. Pode soar mesquinho, mas muitas vezes acontecem coisas nojentas. Como o toque de um hippie. Em minhas mãos e pernas, graciosas engenhocas absorventes. Embora necessário, era desconfortável. Não tão diferente do período explosivo vaginal, porém provavelmente pior. Seria fácil sem aquilo, aquilo que sempre me fodia. Se não existisse, jamais possuiria fraquezas. Seria livre. Mas foda-se. Iríamos foder toda aquela agência, e nada mais importava. Não deveria pensar naquelas merdas, naquele merda, em porra nenhuma. Meu único foco era aniquilar Passione e todas as suas putinhas.

- Okami.

Cardan segurou meu punho.

- O que há?

Nem um único movimento. Nem mesmo uma respiração ouvida. Encarava-me mortalmente, como se quisesse invadir meus pensamentos. Eu não fazia idéia do que queria dizer. Provavelmente estava chapado, como sempre.

- Qual é... Sou eu. Não pode atuar comigo, cuzão.

Chapado pra caralho. Sua loucura sempre foi admirável, mas estava blefando. Eu estava feliz, mais feliz que nunca! Passione derrotado. A Europa derrotada. Seria uma vitória perfeita. Nada além de êxtase.

- Ficou maluco?

Ri baixo, retirando seus dedos de mim, voltando a caminhar. Cardan constantemente criava histórias em sua cabeça, esta não passava de mais uma. Mais uma história sobre mim, patética e irreal. Nada fazia sentido. Nada era real. Ignora-lo seria o ideal. Reajustei os aparelhos em meu corpo, acendendo e tragando um cigarro. Se eu fosse chapado, não precisaria pensar.

- ...Os "monstros", não é? E já se deu conta de onde estamos? Ou porquê?! Mal faz um ano. E o seu pai... Não pode fingir que estamos em um conto de fadas! E eu sei exatamente a merda que você ta pensando. Você nunca esqueceria aquilo. Mas deveríamos agir como se não fosse a porra do fim do mundo? Cara... Não fode.

A guerra enlouquece a Terra. Desgraçado... se depreciava amedrontado e precisava que eu me igualasse. Eu não conhecia aquilo. E nenhuma de suas palavras seria capaz de me afetar. Guerrear contra a Europa, destruir o mundo! Sendo franco... Eu não poderia estar mais feliz!

- Eu estou bem, "cara".

[ . . . ]

- Maníaco nojento.

Vinham seus lacaios. Sendo franco, mais pareciam insetos. Horrendos e inúteis. Passione liderava todo tipo de criatura, de um pastor de ovelhas a releitura de Zeus. Estávamos jogando? Primeiro os fracotes, depois os difíceis? Fascinante.... Senti uma adaga em meu pescoço, avistando uma espécie de ninja. A minha frente, uma avestruz depenada. Poderes sônicos. Esquerda e direita, gêmeos humanos, soldados de elite. Logo abaixo, o elemento terra. Para completar, uma linda criatura pairava sobre mim. Os soldados atiraram e um buraco no solo onde pisava se abriu. Seis contra um. Não me parece justo...

- Tá com medo, Enriquinho?

Ri baixinho, contraindo meu pescoço, libertando a adaga. Punhos. Chutes. Punhos. Chutes. Socando e chutando com meus quatro membros, cabeceei o ninja. Meus quatro membros atravessando seus cérebros que, uau, existiam. Um para cada um, em um único segundo, evitando as balas e o quebradiço solo. Em perfeita sincronia, os quatro caíram sangrando no chão. Um sucumbiu ao buraquinho. Seria fácil explodi-los, mas precisava malhar. A avestruz, agarrei pelo pescoço, caminhando casualment Seria meu próximo travesseiro.

- Quem é o próximo?

Papai facilitou o meu futuro. Nenhuma luta conseguia ser realmente interessante. Eu não chamaria de guerra, todavia, não passava do início. O verdadeiro poder de Passione estava oculto. Talvez, no futuro, se tornasse uma histórica guerra que marcaria gerações. Em alguns anos, em dois mil e vinte e cinco! Talvez até construíssem estátuas! Não para mim. Todos tentariam foder minha vida até meu obituário. Como fetinho de Satan, vivia o verdadeiro inferno.

A vida na América é mágica. Cabeças voando, civis chorando e os patéticos tiras, convulsionando. Não recomendável viajar sem guias turísticos. Passione berrava, feroz canino. Quatro cadáveres rodeavam meu corpo. O outro estava vivo, apenas ferido. A avestruz se debatia, buscando por liberdade. Logo sufocaria e morreria. Papai ficaria orgulhoso, não? Antes dos trinta e dois, conquistei a América e o mundo. Cada criminoso desejava-me. O FBI compunha sua maior investigação. Mesmo a NASA fui capaz de seduzir. Vingança, justiça ou avareza, o mundo enlouquecia por um único utensílio: Minha cabeça. Todavia, meu destino fora travado, de maneira inescapável. Minhas únicas potências, Judas, uma gorda, e um aleijado. O herdeiro demônio contra a sociedade... Kuku... O mundo iria incendiar.

Between Sex and BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora