Não gostei da médica

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Juliette teve o exame marcado para o dia seguinte ou não fosse isto uma clínica privada que tudo fazia para atender as pretendesse de toda a alta sociedade.

O médico de Rodolffo passou para a visita diária e após avaliação da ficha médica decidiu que o paciente já poderia ter alta.

Eram 11 horas manhã e como o ultrassom de Juliette era só às 16 horas eles optaram por ficar no quarto até essa hora e só depois voltar para casa.

Depois de almoço foram novamente até ao jardim onde se mantiveram até à hora do exame.

Juliette deitou-se na marquesa com a barriga à mostra e Rodolffo estava ao lado dela segurando-lhe a mão.

Assim que a médica aplicou o gel e o aparelho começou a deslizar, um som grave invadiu o consultório. Era o coração do pequeno.

-Meu Deus , parece o trote de um cavalo, disse Rodolffo e foi logo repreendido por Juliette.

- O meu filho não é cavalo!

- Eu não disse isso.  Dra. não parece?

- É idêntico.  É bem forte mesmo.
Olhem aqui, a cabeça, as pernas, os braços.  Ela focava em todos os pontos. 

Ficou muito tempo num ponto específico ali bem perto da cabeça.
Observava tudo e voltava aquele ponto onde se demorava mais.

- Está tudo bem Doutora? perguntou Rodolffo.

- Juliette,  pode vestir-se.   Já conversamos.

- Rodolffo percebeu que havia algo errado.

Já com os dois na frente dela, a doutora começou por fizer:

- Pais, este primeiro ultrassom por vezes não é conclusivo.  Eu vi ali uma pequena má formação no bébé.
Só teremos confirmação no próximo que será daqui a cerca de dois meses.

Não fiquem angustiados porque pode não ser nada.

- Que tipo de má formação? perguntou Rodolffo.

- Na cabeça, mas como disse até pode ser defeito de imagem.

Juliette,  tome todas as vitaminas prescritas e demais medicação.  De resto faça a sua vida normal,  evitando pesos e estresse.

- Juliette não conseguia dizer nada e os olhos já se enchiam de lágrimas.

Rodolffo abraçou-a e confortou-a.

- Não é nada.  Eu sei que não é nada.  O nosso menino vai ser muito saudável.
Adeus doutora, obrigado.

Rodolffo retirou Juliette dali e chegando ao quarto, disse:

- O próximo ultrassom não fazes com esta médica.   Eu não gostei dela.

- Porquê? 

- Não  sei.  Intuição.   Algo me diz que tem coisa errada.

Uma enfermeira chegou entretanto e Juliette estava a chorar.  Perguntou porquê?

Rodolffo contou e a enfermeira ficou surpresa.

- Hoje é a segunda pessoa que tem esse diagnóstico.  De manhã uma moça muito jovem também recebeu o mesmo diagnóstico de má formação.   Apenas difere no local.  A outra jovem já estava grávida de 6 meses e é uma menina.

- E ela sempre fez ultrassom aqui com a mesma médica?

- Sim.  Ela é seguida aqui em todas as consultas.

- Senhora enfermeira,  é perigoso um ultrassom a seguir ao outro?  perguntou ele.

- Não é aconselhável.   No mínimo um intervalo de 2 meses.  Só em casos especiais se faz isso.

- Obrigada.  Vamos, Ju?

- Sim.  A Leonor está lá em baixo à nossa espera.

Voltaram para casa de Rodolffo e Juliette ligou ao pai para avisar.  Ficaram de ir conversar com ele depois.

- Seja bem-vinda à minha humilde casa, agora nossa.  Podes por e dispor. Faz com que fique ao teu gosto.

- Primeiro quero conversar sobre a conversa com a enfermeira.  Não entendi.

- Vamos conversar sim, mas primeiro preciso de um banho relaxante na minha hidromassagem.  Vens comigo?

- Vou sim.  Também preciso de tirar este cheiro de hospital.

Rodolffo!  Não tenho roupa.

- Vestes a minha.  Depois mando buscar a tua.

- Está aqui uma camisa e uns shorts meus que te servem.  E tens o robe.

De qualquer maneira hoje e amanhã não vamos sair de casa.

- Porquê?

- Temos umas contas a ajustar.  A mocinha portou-se mal, deve ser castigada.  Por outro lado eu também preciso de levar um castigo.

- Só aceito beijinhos como castigo.

- Só?

- Não se esqueça que o senhorzinho não pode fazer nada que faça a pressão subir.

- Que eu saiba com exercício físico ela desce.

Apesar de apreensivo por causa do bébé,  Rodolffo mostrava-se feliz por estar de volta a casa e ainda com os seus dois amores.

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