LXV.

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Cada um tem os
divertidamentes
que merece
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A verdade é que, embora Afrodite e sua mente de romancista cafona sejam a causa principal da minha entrada nessa missão, eu não guarda muito rancor por ela. Ao menos não mais do que guardo de qualquer outro deus aleatório. Na verdade, gosto de pensar que odeio todos eles igualmente. O que, bom, talvez seja verdade. Ou talvez seja só balela minha.

O grande fato sobre Afrodite, e todos os outros deuses, é que ele parecem ter passado tanto tempo sentados em seus trono no olimpo que deixaram não só as bundas, mas também os cérebros quadrados. Ou isso ou eles são algum tipo de aspirantes a vilão do Batman. Essa é a única forma de explicar suas infinitas charadas e mensagens subliminares.

Dessa vez, no entanto, mesmo as suas charadas naturalmente confusas se tornavam quase impossíveis de compreender. Ao menos para alguém que não fosse a loirinha. Annabeth, de rosto franzido e corpo tenso, parecia em um meio termo entre prestes a chorar e pronta para arrancar os olhos da deusa com uma colherinha de chá.

Não era o meu tipo ideal de chá da tarde, embora os bolinhos continuassem sendo uma delícia mesmo que a companhia não fosse assim tão boa.

Afrodite. Vênus. Regina George. Ou quem diabos fosse sentada a nossa frente, falava quase que sem parar sobre uma estátua. A marca de Atena, ela citou, enquanto Annie escutava tudo com ouvidos atentos e mãos ansiosas. Um mapa e uma missão quase impossível. Uma missão que, ao que parecia, deveria ser feita por Annabeth. Não parecia bom, mesmo que ultimamente nada parecesse bom. Ainda sim, uma informação ruim era melhor do que informação nenhuma.

Eu escutei a conversa, embora pela primeira vez em muito tempo tenha preferido encher a boca com bolinhos para evitar falar algo fora de hora.

Essa mulher já tinha fodido com tudo sem nem me conhecer direito, imagina o que faria se eu fosse dar uma de espertinha com ela.

Deuses me livrem.

A Patricinha do Olimpo tinha um rosto bonito e um perfume frutado doce, mas os olhos dela ainda me causavam arrepios. Mais do que os de Nêmesis. Mais do que os de Hera.

── Você está silenciosa, Passarinho. ── disse ela, que aparentemente resolveu levar para a cucuia minha ideia de entrar muda e sair calada. Viu só? Eu até tento ficar caladinha, não falar besteir, mas o universo não colabora com a minha ideia de ser misteriosa. ── Ouvi tantas histórias sobre sua língua afiada, e agora nem sequer escuto sua voz.

Uma isca presa ao anzol. O sorriso dela me lembrava um pouco isso. Ou o rosto daquelas revendedoras de produto de beleza que esculhambavam contigo só pra te vender creme anti-ruga.

Lembra do comecinho, quando disse que não guardava rancor de ter sido enfiada nessa confusão puramente pelos caprichos dessa Perua Centenária? Surpresa! Eu tava mentindo.

E, beleza, Leo e eu estamos ótimos. Além de que o resto do bando de babuínos bobocas se mostraram bons amigos. Mas, na verdade, ninguém em sã consciência tem vontade de se meter nesse tipo de maluquice sem um motivo realmente bom. E eu poderia ter ficado muito bem, obrigada, sem alguém tentando me usar como sacrifício pra ressuscitar o cadáver da deusa da terra.

E, não, Afrodite. Seu tédio e o fato dos semideuses serem ímpar e não poderem formar casais não é um motivo bom o suficiente, sua maluca desmiolada.

Fizesse um trisal!

── Eu conheci um dos antepassados de seu agradável pai mortal. Coronel Beauregard foi um homem bastante interessante. ── disse ela, colocando no próprio chá duas colherinhas de açúcar. ── E um grande canalha também. Segundo casamento, e ainda estava dando em cima de Lisberh Cooper...

𝐓𝐇𝐄 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐍𝐃𝐋𝐄 ▪ LEO VALDEZOnde histórias criam vida. Descubra agora