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— Eu não sou muito habilidosa com essas coisas de tecnologia não, Elizabeth. — Apontava a câmera do celular para sua face, tinha o cenho franzido, os olhos espremidos e para ajudar na épica cena, usava seus óculos de armação fina e pequena que colocava bem na ponta do nariz. — Tá conseguindo me ver?
— Eu tô, não precisa fazer esse bico. — Brincou rindo da expressão da professora. Logo a fez se desmanchar. — Desculpa te ligar assim. — Apoiou o celular num amontoado de livros que tinha. — Queria perguntar que tipo de roupa eu tenho que levar. — Era óbvio que era um pretexto dos grandes para vê-la, já que não tinha recebido seu vídeo pela manhã. Ela estava linda como sempre, de cabelos soltos e um vestido, arrumada.
— Roupa para o calor e roupa de banho, mas coloca também uma peça de moletom porque do nada faz frio e chove, é bom ter uma reserva. — A explicou arrumando os óculos no rosto, olhando-a pela tela e contendo-se, parecia um pouquinho mais iluminada do que no dia anterior. — Você tem alguma restrição alimentar? A comida é simples, mas é sempre bom saber.
— Sou alérgica a frutos do mar e se como inhame fico toda empolada. — Lembrou-se das suas restrições. — Você tem? — Perguntou por curiosidade.
— Algumas várias, mas depois a gente fala sobre isso. — Informou gentilmente.
— Por que você é tão assim, em? — Procurou entender e a fez dar uma risada de compreensão porque não era a primeira vez em que alguém pontuava isso.
— Dois reais ou uma filha de Nanã misteriosa? — Brincou mostrando que estava por dentro dos memes e ouviu uma gargalhada gostosa.
— Com certeza os dois reais. — Viu o rosto da mulher ficando sério de imediato. — É óbvio que uma filha de Nanã misteriosa. — Disse dócilmente. — Você vai consumir álcool? É porque andei pensando que você terá seus rituais e enfim, talvez não quisesse. Eu tenho uma garrafa de vinho aqui que ganhei de Andalua, ela me disse que é muito bom, pensei em levar caso você topasse. — Explicou meio sem jeito e mostrou a garrafa. — É suave, talvez seja até dos baratinhos, eu não sou uma sommelier de vinho, adoro eles assim.
— Vish... — Soltou pensativa. — Não posso tomar vinho, faz mal para as pernas. — Baixou o tom de voz e recebeu uma expressão de surpresa.
— É mesmo? Algo relacionado a circulação? Da dor? Como é isso? — Procurou entender mais, afinal tinha seus conhecimentos sobre saúde e gostaria de saber de problemas causados pelo vinho para que estivesse pronta caso seus futuros pacientes lhe trouxessem alguma queixa parecida.
— Não, elas ficam querendo se abrir, por qualquer motivo. — Soltou e recebeu uma outra gargalhada gostosa que lhe contagiou. — Mas leva, leva sim. — Assentiu concordando. — Isso é problema meu.
— Tem certeza? — Elizabeth não conseguia parar de rir, tinha o coração acelerado. A mulher mais velha sempre conseguia lhe pegar de surpresa com esse tipo de informação.
— Tenho. — Reafirmou sua resposta mexendo nos papéis. — Bom, terminamos por aqui?
— Você tá com tempo? — Parou para analisar o comportamento da professora.
— Sim, ainda tenho uns bons minutos antes de sair. — Se sentou no sofá de maneira despojada. — Por quê?
— Porque hoje é quinta-feira. — Pontuou.
— E? — Franziu o cenho, confusa. Procurando algum tipo de referência na frase.
— E hoje é dia de quem? — A questionou e arrancou um sorriso aberto dela, fazendo-a entender que queria que ela falasse sobre os orixás.
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Olhos de mar, céu e estrelas - Lésbico.
RomanceElizabeth desde a sua infância tem sonhos questionáveis com pessoas específicas a quem não conhece, mas a medida em que foi crescendo, receber a visita de uma determinada moça por meio dos seus devaneios tornou-se bem mais frequente. Como não podia...