XXVIII -

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   É noite e as estrelas brilham no céu azul escuro, a lua ilumina o chão da floresta, repleto de terra úmida com o chirriar das corujas que tornam a noite ainda mais melancólica para ele. Edgar estava com seu ego ferido, não gostava da sensação de impotência que seu irmão o fazia sentir, suas mãos soavam e seus pêlos corporais permaneciam arrepiados ao lembrar-se da conversa entre os dois.

Ivan: – Você não abandonará tudo por causa de uma mulher qualquer.

Edgar: – Mulher qualquer? Ela não é uma mulher qualquer, ela é a minha companheira, sua Luna! Eu tive uma sensation com ela, nos vi juntos e ...

Ivan: Chega, eu não quero mais escutar. Daqui a um sol sairei por negociações importantes e você ficará aqui cuidando da nossa casa e quando eu voltar espero que tenha esquecido disso.

Ivan suspirou pesadamente, sentindo suas costas arderem juntamente aos seus ossos, escutar seu irmão chamando-a de companheira era humilhante e desgastante.

"Merda, tinha que ser ela? Dentre todas as outras, ele tinha que achá-la primeiro?" Ele pensara, decepcionado.

Mas seu irmão não tinha culpa, Selene já havia traçado seus caminhos há muito tempo assim como seus futuros e apenas eles dois poderiam resolver isso.

Edgar:Não, Ivan. Eu me abstenho do dever de Beta, entre uma Alcateia e ela, eu escolho ela.

Ele diz, sério o suficiente para assustar Ivan, ele jamais houvera visto aqueles olhos antes, aquele olhar de confiança. Oras, Edgar sempre foi o brincalhão, jamais testemunhou o mesmo tão capaz de si.

Ivan: – Você não pode...

Edgar suspirou, pensativo, ele estava confuso, era realmente isso que ele queria? Abandonar tudo por uma fêmea que ele mal conhecia? Mas ele confiava em Selene, sabia que a Deusa da Lua tinha algo reservado para ele e em breve tudo se resolveria...

Edgar: – Nunca tive tanta certeza em toda a minha vida.

Por fim sorriu, dando espaço para que uma Catleya confusa e curiosa entrasse. Ivan riu, sentando-se em sua poltrona com aparência desgastada, fazendo-a girar sobre o chão, olhando diretamente para Catleya.

– Você ouviu tudo, não foi? – perguntou ele, um pouco baixo.

– Sim, senhor. Não pude evitar...

– Você conseguiu vê-la?

– Quem? – Catleya aparentou estar confusa mas logo percebeu do que se tratava – Ah, eu a vi, não muito longe daqui, ela vive naquela fazenda que faz divisa com o riacho.

– Eu sei onde ela mora. – Ivan disse, apoiando seu rosto sobre seu punho, piscando levemente seus olhos, fazendo com que Catleya ouvisse seus fartos cílios se batendo. – O que você me diz sobre ela? Ela aparenta ser confiável?

– Não muito para ser sincera, ela não sabe o que é, ou talvez ainda não aceite.  Digo que aquela garota aparente ser prepotente e ...

– Edgar largou tudo por ela.

Catleya engasgou-se, chocada. Ela mal podia piscar, não conseguia acreditar naquela frase horripilante.

"– Edgar largou tudo por ela."

Como assim? Como Edgar foi capaz disso? Ela sabia que cedo ou tarde isso poderia acontecer mas ... Precisava ser agora? Em um momento que ela precisava tanto dele... Que a alcateia precisava tanto dele.

– Isso é impossível. – disse ela, séria.

– Tudo é possível quando se trata de Edgar. Você mais do que ninguém sabe disso. – Ivan coçou o rosto, respirando pesadamente – Mas isso não vem ao caso, eu te chamei aqui porque agora você está na liderança. Precisarei me afastar por 03 luas, você lidera esse lugar agora.

Sozinha? – ela sussurrou, afim que ele não escutasse.

– Você consegue, Cat. É tão boa quanto Edgard.

Ela concordou, coçando a mão com certa força, como poderia cuidar de uma Alcateia sozinha?

– E Edgar, onde ele está?

– O conhecendo, deve estar no monte, refletindo sobre sua vida e a burrice que cometeu, porém, acredito que quando eu estiver de volta, ele estará aqui novamente. Ele nunca largaria tudo por causa de uma fêmea... Quero dizer, uma mulher qualquer! Aquela praga nem ao menos aceita o que ela é, entende, Cat?

Os dois sorriram um para o outro, convincentes que Edgar desistiria da ideia maluca e retornaria com o rabo entre as patas.

Mas, mal sabiam eles ...

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Edgar! – Mia-lena praticamente gritou ao vê-lo ao longe, correndo abruptamente entre as quatro patas, ela não conseguia parar de sorrir. Como sentiu a falta dele nesses últimos dois dias.

Parece que passaram-se anos desde a sua saída, ela mal conseguia respirar de tanta euforia.

– Eu voltei e agora é para ficar. – ele diz, assim que a alcança, puxando-a para um abraço apertado e um beijo caloroso, deixando a garota desnorteada.

  Sentia algo sendo liberto dentro dela, um calor fenomenal e um rosnado ecoar de dentro do seu peito, até seu couro cabeludo estava arrepiado.

Ela estava completa mas ainda sentia que faltava algo.

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