Prólogo

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Para Sasuke o medo que ele sentia da escola militar não se comparava a saudade que sentia de sua antiga vida. Havia meses que estava naquele lugar horrível, cheio de regras e disciplina. Ainda lembrava do dia que pôs os pés ali, apavorado implorou ao pai que voltasse atrás em sua decisão de jogá-lo naquele lugar, jurou muitas coisas sobre mudanças de comportamento até trabalhos de meio período. Ele estava disposto a mudar... bom, ele tentaria mudar, pois não seria fácil uma mudança repentina quando se tem uma namorada que era a rainha de quebrar as regras.

Sakura.

Sentia saudades daquela louca de cabelos coloridos e uma reputação ruim. Para ele, não importava nada disso, pôs Sakura era a sua garota e ele era louco por ela. Esperou por muito tempo para ter coragem o suficiente em ser honesto com seus sentimentos e admitir que sua melhor amiga, filha de sua madrinha, vizinha e malocadora de suas camisas oficiais de bandas de rock era o amor da sua vida.

Era incrível como se sentia as vezes um imbecil apaixonado, olhando a única foto que havia trazido consigo, tirada naquelas cabines de fotos em uma das festas clandestinas que ia com seu grupo a uns anos atrás. Os cabelos eram pretos naquela época, o rosto ainda juvenil da jovem era contorcido em uma careta enquanto tentava sufocá-lo dentro daquela minúscula cabine.

Soltou uma pequena risada nasal, lembrando daquele dia louco. Haviam bebido um pouco além da conta para ter coragem de beijá-la de verdade, não como um selinho que havia pedido a ela para não ser um idiota BV.

- Ei, mano – a voz de seu colega de quarto soou atrás de si, o pegando de surpresa -, quem é a mina? Sua namorada?

Sasuke rapidamente guardou a foto dentro de um livro de aritmética e fitou o garoto bisbilhoteiro que havia entrado no quarto sorrateiramente. Suigetsu era seu nome. O garoto lembrava um pouco Naruto no jeito de se expressar e nas besteiras que dizia. No entanto, não era todo ruim dividir o quarto com Suigetsu, o único problema era que ele se intrometia demais e tinha umas ideias para lá de sinistras.

- Isso não é da sua conta – respondeu, ficando de pé e caminhando para o guarda-roupas, tomaria um banho e finalmente se ver livre daquele uniforme ridículo verde militar.

- Coé, brow, não precisa ficar tímido. Todos têm uma musa inspiradora – a voz era debochada e Sasuke revirou os olhos, agarrando uma calça e uma camiseta. – Então... diga para o papai aqui. Era ela para quem você estava escrevendo aquele poema?

- Eu não escrevo poemas.

Suigetsu riu, arrancando a camisa pela cabeça, deixando-a no chão para depois se jogar em sua cama.

- Se aquilo não é poema, é o quê então?

Sasuke suspirou.

Seu pai deveria odiá-lo para ter desovado-o naquele lugar. Suigetsu conseguia ser pior que Naruto em questão de lhe irritar. Como ele consegue fazer amizades só com gente irritante? Aquilo só podia ser maldição.

- Estava tentando compor uma música para a minha banda... se eu ainda tiver uma – murmurou a última frase entrando no banheiro.

- Você tem uma banda?! – Suigetsu praticamente gritou lá do quarto.

Sasuke logo apressou para se ver livre daquelas roupas e entrou no box, a água relaxava os músculos densos depois de horas no pátio, naquela maldita forma que era obrigado a todos os dias. Sem mencionar os hinos que era obrigado a cantar e jurar a bandeira nacional. Se seu pai achou que a escola militar era o meio de o punir por todas as medas que ele já fez, ele conseguiu.

Estava em tempo de fazer uma besteira, talvez algo grave e bem manipulado que o levasse a expulsão. Já havia tentado outros meios e tudo o que conseguiu foi diminuir o pouco tempo que tinha de bobeira com detenções, trabalhos em redação, atividades que o deixava ligeiramente esgotado.

Aquele lugar era um inferno.

E Sasuke sabia que o único jeito de se livrar de tudo era admitir sua derrota e aceitar o plano imbecil que Suigetsu que havia o proposto a algumas semanas atrás.

Seu colega de quarto tinha um pouco mais de tempo que ele naquela escola, ele disse que foi um meio que seu padrasto achou para livrar do peso morto que ele era para toda a família. Sasuke sabia que mesmo depois de tudo que aconteceu - e por ter consciência que não tem nenhuma moral com seu pai -, ainda tinha uma vantagem de ter uma boa família que o amava, diferente do amigo que recebia o desprezo da própria mãe. O sarcasmo e as atitudes impensadas - e muitas vezes idiotas - era o meio que Suigetsu havia encontrado de não pirar com tudo aquilo, ou muito menos se afogar nas drogas para aliviar do peso que havia em suas costas por não ser útil para ninguém.

Ele havia simplesmente ligado o botão do foda-se.

Sasuke entrou no quarto e antes de concluir a linha de raciocínio que o seu cérebro projetava, a voz de Suigetsu soou:

- Por que nunca me disse que tem uma banda? Sabe, somo amigos, cara, me sito meio traído agora.

Sasuke não conteve a reação de revirar os olhos mais uma vez. Suigetsu as vezes parecia aquelas mulherzinhas que se magoava atoa exigiam explicações a seus maridos por ocultar certas coisas. Era estranho aquela relação que existia dos dois, e não podia fazer nada, pois ele era sua única amizade naquele lugar e vice-versa. Os dois esquisitões problemáticos.

- Costumava ter, não sei se ainda tenho.

- Mas mesmo assim é uma banda. Eu sempre quis fazer parte de uma banda. Tipo, uma de heavy metal, tocar aquelas guitarras do mal e girar a cabeça enquanto passava os dedos nas cortas. Muito foda. Mas pena que não tenho talento para isso, mas fica só na imaginação. E, aí? Você toca o quê lá?

- Guitarra.

- Maneiro. Mas fala, que tipo de música vocês tocam? Música de verdade ou aquelas de bichinhas fofas? Você sabe, um roquezinho misturado com pop.

- Suigetsu. – Sasuke o fitou, ignorando as baboseiras do amigo. – Estou dentro.

Suigetsu precisou de alguns segundos para processar o que o outro dizia. Franziu o cenho.

- Você está falando que topa dar o fora daqui?

- Se seu plano não tiver erros...

Suigetsu deu um pulo da cama, o sorriso em seu roto, animado com a decisão do amigo, o abraçando de lado com tapas no ombro.

- É assim que se fala, mano. Falarei com o Juugo amanhã mesmo. Está tudo quase no esquema. E se tudo ocorrer bem, conseguiremos dar o fora daqui em poucos dias.

Sasuke sabia que iria ter que lidar com seu pai quando chegasse em sua casa. Bem provável que o coroa o tentasse mandá-lo de volta. Mas uma coisa ele sabia, não iria mais aguentar ficar mais uma semana naquele lugar, ou sem notícias de sua Sakura.

Rebel GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora