i wish that i was there

XXIII

Dias atuais

Os gritos aumentaram e em seguida eu ouvi a bateria estremecer o lugar.
O show havia começado e aquele era o meu sinal verde para sair do camarim. Parei um segundo tentando criar coragem e resolvi me olhar no espelho.
Meu rosto estava vermelho e eu carregava um olhar de boba apaixonada estampado na minha cara.
Era impossível esconder.

Eu tinha agido por instinto e agora estava com medo de ter que lidar com as consequências dos meus próprios atos.

Eu estava prestes a colidir com o meu casamento, o casamento dele e com os seus filhos. E o medo e a ansiedade tomaram conta de mim.

O que eu tinha feito?

E por que mesmo petrificada com a idéia de confrontar a realidade eu ainda me sentia assim, eufórica e encantada?

O que ele tinha feito comigo, senhor?

Me senti como se eu fosse a mesma Jules toda ansiosa assistindo matrix com ele no meu quarto pela primeira vez.
Estávamos nos vendo praticamente todos os dias a um bom tempo mas apenas como amigos. E apesar de saber que ele gostava de mim e que eu gostava dele, eu morria de vergonha de dar o primeiro passo.

Eu me sentia exatamente assim de novo.

Aquele foi o dia do nosso primeiro beijo, onde eu quase morri de tanta ansiedade e adrenalina correndo pelo meu corpo.
Eu já era louca por ele, muito antes do beijo e de começarmos a namorar.
Eu havia me apaixonado por ele no primeiro dia, quando eu o vi jogar no parque.

É...
Eu estava ferrada.

A única diferença era que agora, 2 décadas depois, muita água havia passado por debaixo dessa ponte.
Tínhamos uma história triste que culminou nas piores dores que eu ja senti na vida e em muitos traumas que eu carrego até hoje.

E já não éramos apenas eu e ele nessa história.
Era tudo muito mais complexo agora.

Minha vida seria muito mais simples se ele não tivesse mais poder sobre mim.
Mas por mais que eu tenha feito de tudo para esquecê-lo e apagar o meu passado da minha memória, eu ainda perdia o raciocínio e o ar só de chegar perto dele.

E o meu corpo implorava pra ter ele de volta.
Estar com o Zac era familiar e de alguma maneira parecia ser o certo.

Eu queria ele.
E o meu coração idiota insistia em tentar me convencer que ele ainda era o meu Zac de antigamente.

Fechei os olhos e respirei fundo.
O seu cheiro tinha ficado comigo novamente e aquilo me fez sorrir.
Passei os dedos pro cima dos meus lábios lembrando dele e eu ainda podia sentir o gosto do seu beijo.
E pra piorar ainda mais a minha situação o seu beijo continuava sendo tudo o que lembrava ser. Quente, cheio de desejo, intenso e apaixonante.

Puta que pariu.

Eu estava me esforçado demais para não fazer ainda mais conexões com o meu passado e lutando contra aqueles sentimentos com todas as minhas forças mas eu falhava miseravelmente a cada novo pensamento.

E as lembranças continuavam a invadir a minha mente descontroladamente.
O Zac do meu passado era uma dualidade apaixonante.
Ele tinha um jeito único de te segurar e te beijar, que misturava carinho e tesão.
Era enlouquecedor.
E ele fazia vc se apaixonar e se derreter inteira com o seu jeito carinhoso enquanto te incendiava o corpo te deixando louca de vontade dele.
Ele sempre foi assim.

E por conta disso naquela época eu morria de ciúmes dele e tinha muito medo de perdê-lo. Ele era excepcional e único.
Sem contar o seu jeito fofo mas com um ar de safado que mexia demais com a cabeça das meninas por onde ele passava.