Após o doloroso término de seu casamento, Ramiro tomou uma decisão radical: mudar-se para o Rio de Janeiro. Deixou para trás os resquícios de um relacionamento traído e encontrou refúgio em uma cobertura luxuosa no coração do Leblon, onde a decoração industrial ecoava sua nova fase de vida.
No entanto, mesmo diante do cenário deslumbrante e do ritmo vibrante da cidade maravilhosa, Ramiro optou por se manter distante de qualquer envolvimento emocional. A ferida deixada pela traição de sua ex-esposa ainda ardia, e ele preferia resguardar seu coração do que arriscar-se novamente.
Os dias se transformaram em semanas, e as semanas em meses, enquanto Ramiro se entregava completamente ao seu trabalho. A solidão era sua companheira constante, mas ele se convenceu de que era preferível assim, pelo menos por enquanto.
Contudo, à medida que as estações mudavam e o tempo seguia seu curso implacável, Ramiro começou a sentir o chamado de uma nova fase em sua vida. A ideia de conhecer novas pessoas, mesmo que de forma casual, começou a tomar forma em sua mente.
Embora nunca tivesse explorado seu desejo por relacionamentos com homens, Ramiro sempre reconheceu sua atração pelo mesmo sexo. Aos 18 anos, casara-se precipitadamente, sem nunca realmente entender plenamente sua própria sexualidade. Agora, diante da liberdade e da autonomia que a vida no Rio de Janeiro lhe proporcionava, sentia-se pronto para descobrir novas facetas de si mesmo.
No entanto, mesmo com sua autoconfiança e clareza sobre sua identidade, Ramiro ainda se via prisioneiro das expectativas alheias. A opinião dos outros continuava a exercer uma influência significativa sobre ele, mesmo quando tentava libertar-se das amarras do passado.
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Sábado, 10/02Ramiro observava as ondas que quebravam suavemente na praia de Ipanema enquanto esperava por seu amigo de infância, Cacá. Ele se sentia grato por poder desfrutar de um momento de paz após uma semana exaustiva de trabalho. Assim que avistou Cacá se aproximando, levantou-se para cumprimentá-lo com um abraço caloroso.
"Cacá, que saudades, cara!", exclamou Ramiro, retribuindo o abraço com entusiasmo. "Você sempre aparece nos momentos certos para salvar minha sanidade."
Cacá riu, dando um tapinha amigável no ombro de Ramiro. "Sempre à disposição para te salvar dos perigos da solidão, meu caro. Então, como tem sido a vida de solteiro no Rio?"
Ramiro soltou um suspiro melodramático. "Ah, a vida de solteiro... Uma mistura de solidão e liberdade, com uma pitada de desespero ocasional. Mas estou sobrevivendo, pelo menos."
Cacá sorriu, sabendo que Ramiro era mestre em disfarçar suas emoções. "Bem, pelo menos você está no lugar certo para aproveitar a vida ao máximo. O Rio de Janeiro é o paraíso dos solteiros, afinal."
Os dois amigos começaram a conversar sobre suas vidas e experiências recentes, até que a conversa se voltou para um assunto mais delicado. Ramiro hesitou por um momento antes de decidir abrir-se com Cacá.
"Sabe, Cacá, tenho pensado muito sobre minha vida amorosa ultimamente", começou Ramiro, sua expressão refletindo uma mistura de determinação e apreensão.
Cacá inclinou a cabeça, esperando por mais detalhes.
"Após meu divórcio, passei muito tempo focado apenas no trabalho, evitando me envolver emocionalmente com alguém novamente. Mas agora, estou considerando a possibilidade de conhecer novas pessoas, talvez até mesmo explorar um lado da minha sexualidade que sempre deixei de lado", confessou Ramiro, com um ar de mistério.
Cacá arqueou uma sobrancelha, fingindo surpresa. "Oh, então o médico rico e bem-sucedido está pensando em sair do armário, é isso?"
Ramiro rolou os olhos, fingindo estar ofendido. "Hey, não é bem assim! Mas sim, estou pensando em expandir meus horizontes, digamos assim."
Cacá sorriu, sabendo que estava fazendo progresso em extrair as verdadeiras intenções de Ramiro. "Bem, meu caro, estou aqui para apoiar qualquer que seja a sua decisão. Desde que você não se apaixone perdidamente e venha me ligar chorando no meio da noite, tudo bem."
Ramiro riu, apreciando a leveza e o humor de Cacá. "Prometo manter minhas emoções sob controle."
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Domingo 11/02Ramiro estava relaxando em sua cobertura no Leblon, pensando sobre o que Cacá havia dito. A conversa com seu amigo de infância mexeu com algo dentro dele, uma vontade de explorar que não podia ignorar. Com um misto de nervosismo e determinação, ele pegou o celular e ligou para Cacá.
"Alô, Cacá, é o Ramiro. Tudo bem?", disse Ramiro, tentando disfarçar sua ansiedade.
"Ramiro! Que surpresa boa, amigo! Tranquilo por aqui, e contigo? O que tá rolando?", respondeu Cacá animado do outro lado.
"Beleza, amigo! Então, estava pensando... Você ainda tá afim de ir em alguma festa de carnaval hoje à noite? Acho que seria legal a gente se encontrar," propôs Ramiro, sentindo um frio na barriga enquanto esperava a resposta de Cacá.
"Claro, amigo! Tô dentro! Onde é o ponto de encontro?" respondeu Cacá, sem hesitar, o que fez Ramiro respirar aliviado.
Depois de combinarem os detalhes, Ramiro foi para o bar onde haviam marcado de se encontrar. Assim que viu Cacá, o cumprimentou com um abraço caloroso, grato por ter um amigo tão compreensivo ao seu lado.
Enquanto tomavam suas bebidas e curtiam a vibe animada da balada de carnaval ao redor, a conversa entre Ramiro e Cacá ficou mais descontraída.
"Ei, posso te fazer uma pergunta meio pessoal?" começou Ramiro, buscando coragem para abordar o assunto.
"Claro, fala aí," respondeu Cacá, olhando para o amigo com interesse genuíno.
Ramiro respirou fundo antes de continuar. "Então, estou refletindo muito sobre minha sexualidade. Nunca tive experiências com caras, e isso sempre me deixou meio na dúvida. Além disso, não tô querendo nada sério no momento, só um lance casual. Você acha que tô sendo meio egoísta querendo explorar isso sem me envolver emocionalmente com ninguém?"
Cacá colocou a mão no ombro de Ramiro, transmitindo conforto e apoio. "Ramiro, relaxa! Tu não tá sendo egoísta, amigo. É super normal querer entender melhor tua sexualidade e tuas paradas sem ter que ficar nessa de emoções complicadas. Cada um tem seu tempo e suas paradas, o importante é ser sincero contigo mesmo e com os outros."
As palavras de Cacá bateram fundo em Ramiro, mas ainda pairava uma sombra de dúvida. "Mas, então, como que eu faço pra começar essa jornada? Como quebro essa barreira da insegurança e me jogo nessa experiência nova?"
Cacá sorriu, um brilho divertido nos olhos. "Ah, amigo, tenho uma ideia pra tu! Que tal sair com um boy de programa? É uma parada segura e discreta pra tu explorar tuas fantasias sem pressão ou expectativas."
Ramiro ficou surpreso com a sugestão, mas também curioso. "Um boy de programa? Nunca tinha pensado nisso..."
Cacá assentiu. "É tipo uma aula prática. Tu define teus próprios limites e regras, sem ter que se preocupar com o que os outros vão pensar. É só tu e tua diversão."
Ramiro refletiu sobre as palavras de Cacá, sentindo-se mais confiante e determinado. Talvez fosse hora de deixar pra trás as inseguranças e se jogar nessa experiência nova, nem que seja só por uma noite.
"Acho que vou pensar na sua ideia." disse Ramiro, um sorriso tímido se formando em seus lábios.
Os dois amigos continuaram a conversar pela noite adentro, compartilhando risadas e confidências enquanto o carnaval fervilhava ao seu redor, marcando o começo de uma jornada de autodescoberta para Ramiro.
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RECOMEÇO
RomanceRamiro, um médico e empresário milionário de 38 anos, e Kelvin, um jovem de 25 anos que enfrenta desafios singulares em sua jornada. Ramiro, marcado por um divórcio doloroso, decide fechar seu coração para novos relacionamentos, focando-se apenas em...