Anoitecer: O para sempre que nunca chegou

Anoitecer:
O para sempre que nunca chegou

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Isabella Swan nunca pensou muito em como morreria, e sinceramente, ela não se importava muito com aquilo, mas o gosto doce e revigorante da esperança nunca a traiu. Ela sempre sonhou, sempre acreditou que aquilo fosse possível. Sempre esperou que ela pudesse viver para sempre com o seu vampiro favorito. Que eles pudessem ser eternos, e que ela nunca, jamais envelheceria. Mas a sua expectativa durou pouco, porque cada vez que ela comemorava o seu aniversário, uma grande parte de si morria e caia em angústia e sofrimento sabendo que aquele era mais um aniversário, mais um ano. Ela estava envelhecendo.

E mesmo que nunca tenham tido filhos, nada no mundo fez a cabeça de Edward Cullen mudar de idéia, e Isabella nunca escondeu sua mágoa e frustração por todos aqueles anos que passaram juntos. Nem mesmo naquele momento, agônica, em sua quase morte, deitada delicada e frágil em sua cama beirando aos seus 89 anos, imaginando como poderia ter tido uma vida jovem, feliz e eterna com aquele que agora, parecia ser seu neto, em sua frente, agoniado.

Suas linhas de expressão e rugas eram aparentes em sua frágil e fina pele seca como folhas no outono. Seus cabelos eram grisalhos como a neve, espalhados desamparados por toda a sua cama, enquanto seus olhos, quase que fechados por completos, tentavam ver com exatidão a figura imóvel de seu amor. Ela lentamente abriu seus lábios, para enfim dizer suas últimas e mais sinceras palavras antes que a morte a levasse para sempre. E o esforço foi contínuo assim que ela pronunciou aquele nome com a voz quebrada e áspera, baixa demais para um humano conseguir ouvir:

— Edward... —

A dor que sentiu era inexplicável, inexpressível, agoniante.

Ela então percebeu que seu grande e único amor já estava ao seu lado. As suas lágrimas incessantes caindo sobre seu pálido e brilhante rosto de mármore, ainda tão lindo e perfeito como o tempo o deixara. Seus olhos dourados e avermelhados gritavam o pavor da dor e vazio latejante.

Ele cuidadosamente levou uma de suas mãos até o rosto uma vez já envelhecido com o tempo, fazendo ali um leve e delicado carinho em suas bochechas que continham pequenas manchas. Ela já sentia as primeiras lágrimas, que saiam com dificuldade de seus olhos escuros.

— Bella... — Ele sussurrou, e naquele momento seu nome foi pronunciado de uma maneira tão nostálgica e quase poética de sua linda voz que Bella quase pôde lembrar do passado outra vez. Mas não o fez, porque não gostaria de perder seus últimos momentos de vida se perdendo em lembranças passadas quando ela mesma já estava para  perder seu único e verdadeiro amor.

— Edward — ela chamou novamente. Sua respiração lenta, cheia de dificuldade. Ele sorriu pequeno para ela, uma expressão triste inundando seu rosto frio como a neve. — Me prometa que.... Mesmo eu não sendo mais jovem e nem bela, você ainda me ama. Me prometa....

Ela implorava, sua voz tão quebrada quanto o buraco em seu coração.

— Bella, minha querida, eu já lhe disse que você sempre foi a mais bela e que sempre a amei, e que isso nunca iria mudar. Por todos esses anos, eu a amei incondicionalmente, infinitamente, e sempre vou te amar. Sempre.

Ele tinha aquela voz cautelosa, calma como sempre, mas talvez estivesse escondendo algo muito mais profundo. Toda a angústia, o ressentimento, o medo.

Mas aquilo era o bastante para ela. Saber que Edward, o seu Edward, ainda a amava.

Ela sorriu e lentamente levou sua mão com dificuldade até que estivesse sobre a de Edward, a segurando firme em seu próprio rosto antes que fosse tarde demais para o toca-lo.

— Eu também vou te amar para sempre Edward. Para sempre.

Ela lançou um último olhar profundo para seu amado e pouco a pouco sua respiração começou a ficar mais lenta, suave. Seu sorriso, melancólico de uma despedida que para sempre a manteria longe de seu querido Edward, a dor que mesmo grande, era contraste com seu repentino êxtase de felicidade conforme olhava pela última vez seu grande amor. E então, sua mão começou a perder a força sobre a de Edward, até que finalmente perdesse e caísse para o lado enquanto ela lentamente fechava seus olhos para nunca mais os abrir outra vez. Para sempre.

Mas antes de morrer, Bella Swan se lembrou de que havia, de alguma maneira, vivido em um mundo onde Edward Cullen existia, e aquilo bastava para ela.