VOLTAR NO TEMPO

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“𝑬𝒏𝒒𝒖𝒂𝒏𝒕𝒐 𝒆𝒍𝒆 𝒕𝒆𝒎 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒇𝒐𝒓𝒂. 𝑽𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒐 𝒅𝒊𝒂 𝒂 𝒅𝒊𝒂 𝒕𝒆𝒎 𝒔𝒊𝒅𝒐 𝒅𝒊𝒇𝒊́𝒄𝒊𝒍. 𝑺𝒆𝒎 𝒆𝒍𝒆 𝒂𝒐 𝒎𝒆𝒖 𝒍𝒂𝒅𝒐. 𝑻𝒆𝒎 𝒔𝒊𝒅𝒐 𝒅𝒖𝒓𝒐 𝒔𝒊𝒎𝒑𝒍𝒆𝒔𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒓 𝒗𝒊𝒗𝒐. 𝑬 𝒆𝒎𝒃𝒐𝒓𝒂 𝒆𝒍𝒆 𝒏𝒂̃𝒐 𝒕𝒆𝒏𝒉𝒂 𝒊𝒅𝒐 𝒆𝒎𝒃𝒐𝒓𝒂 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒔𝒆𝒎𝒑𝒓𝒆. 𝑻𝒆𝒎 𝒎𝒖𝒊𝒕𝒂𝒔 𝒗𝒆𝒛𝒆𝒔 𝒆𝒎 𝒒𝒖𝒆 𝒆𝒖 𝒔𝒊𝒏𝒕𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒔𝒊𝒎. 𝑬 𝒆𝒖 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒐𝒖 𝒕𝒆𝒏𝒕𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒆𝒔𝒒𝒖𝒆𝒄𝒆𝒓 𝒆𝒍𝒆. 𝑺𝒐́ 𝒆𝒏𝒕𝒆𝒏𝒅𝒆𝒓 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒗𝒐𝒖 𝒎𝒆 𝒔𝒆𝒏𝒕𝒊𝒓 𝒏𝒆𝒔𝒔𝒆 𝒅𝒊𝒂… 𝑬́ 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒗𝒆𝒓 𝒆𝒍𝒆 𝒑𝒆𝒍𝒂 𝒑𝒓𝒊𝒎𝒆𝒊𝒓𝒂 𝒗𝒆𝒛 𝒅𝒆 𝒏𝒐𝒗𝒐.”
        — 𝑴𝒂𝒄 𝒅𝒆𝑴𝒂𝒓𝒄𝒐

𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏.

𝐉𝐚𝐤𝐞 ᵖᵒᵛ

Eu queria ter o poder de voltar no tempo. Poder fazer tudo que eu poderia ter feito em todos os meus dezoito anos, seria diferente? Provavelmente o ciclo continuaria. 

No meu quarto, a escuridão domina, apenas a luz suave da janela penetra pela brecha, revelando sombras dançantes nas paredes. Os sons irritantes dos pássaros indicam que o amanhecer se aproxima, um lembrete cruel de que o mundo lá fora começa a despertar. Enrolo-me nos lençóis, respirando pesadamente. Mais uma noite em que a insônia me assombra, uma visita indesejada que se torna mais frequente.

O relógio implacável avança, marcando o momento em que as pessoas comuns começam a se preparar para enfrentar o dia. Já faz um mês desde que me vi forçado a ficar sóbrio; minha mãe descobriu sobre os remédios. Ela agora monitora cada passo, cada frasco de comprimidos. Amaldiçoo silenciosamente a necessidade de depender dessas pílulas para encontrar o sono. A frustração cresce, e a velha maldita que controla minhas opções só aumenta meu desespero. Mas que porra eu posso fazer? 

Se não fosse por ele, sim, ele. Meu pai, esse filho da puta narcisista que só liga para o status e para si mesmo. Minha mãe é outra, finge ser boazinha na frente dos outros, mas é igual meu pai. Ela passou todos esses anos ignorando as malditas coisas que ele havia feito pra mim. Culpa deles que eu esteja assim hoje, mas está tudo bem, eu não me importo. Afinal, eu já me acostumei com essa merda toda e aprendi a apenas ignorar isso. Eu apenas quero que eles morram, cada átomo do meu ser implora por isso todos os dias. 

Levanto-me da cama, ficando na beira enquanto sinto o toque do chão frio nos pés. O peso nos ombros parece esmagador, desejando apenas permanecer deitado, evitando enfrentar o mundo. No entanto, conscientizo-me de que essa é apenas a versão infantil de mim tentando escapar da realidade. Ah, droga, quero fumar. A necessidade de um escape é palpável, e minha mente automaticamente anseia pelo consolo momentâneo que a nicotina oferece. Eu sei, eu sei, cigarro não faz bem. 

Ao me levantar, direciono-me ao banheiro e me deparo com minha imagem refletida no espelho. Juro, se eu me importasse com a aparência, estaria gritando neste momento. Meu estado é deplorável, olheiras profundas abaixo dos olhos, cabelos completamente desalinhados. Ligo a torneira, estendendo a mão em concha, deixando a água acumular e, em seguida, a jogo no rosto, tentando despertar para mais um dia no inferno.

Após a rotina de higiene pessoal, visto uma roupa confortável. Um moletom preto sobre uma camisa branca parece ser a escolha mais apropriada para enfrentar o dia. Com um suspiro, saio do quarto e desço as escadas. Ouço vocês lá embaixo fazendo eu revirar os olhos, porra. Com a mochila apenas em um lado do ombro passo pelo corredor em direção à porta que infelizmente é perto da sala. Minha mãe me grita perguntando se irei tomar café e eu apenas ignoro, não adiantou muita coisa já que ela está vindo pra cima de mim com uma expressão nada agradável.

Entre Campos e Ondas: A Dança do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora