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𝖉𝖊𝖆𝖗 𝖊𝖓𝖟𝖔 !
~ ও by: streetdenver

Era triste a forma como a menina se encontrava, naquela situação ela se sentia outra vez com seus dez aninhos de idade, estava triste com o estado em que seu pai estava. Embora, fora de casa, com os irmãos, com Enzo, e até mesmo com Guilhermo ━━ pai de Enzo ━━ ela se mostrasse feliz, era apenas devido a distração.

Em casa era tudo diferente, via o quão triste ela estava, e mesmo se pedisse uma pizza e escutasse músicas caronas com os irmãos, não se sentia realmente bem, porque sabia que seu pai estaria ouvindo tudo do andar de cima, enquanto nem em pé conseguiria ficar. Chorava e gritava contra o travesseiro, evitava demonstrar tamanha tristeza na frente do pai, porque ela sabia que ele não sobreviveria, mas queria que ele sentisse a esperança.

Lupita estava concentrada, olhando para o céu estrelado naquela noite fria de início de outubro. O vento era gélido e carregava as folhas secas e caídas para longe, o barulho de corujas e do riacho alí perto, acalmava a mente dela.

Se afastou da janela, e fechou a mesma, vestiu uma jaqueta e saiu do seu quarto caminhando pelo corredor e vendo a porta do quarto do seu pai entreaberta, o mesmo se encontrava sentado em sua cama, com o mesmo livro misterioso de sempre. Desceu as escadas e caminhou até a cozinha.

―― Onde Gael está? ―― perguntou ao estranhara a ausência do caçula, Javier ergueu o olhar e largou o talher sobre o prato ainda cheio de macarrão.

―― Ele saiu. ―― falou curto, parecendo desapontado.

―― São dez da noite, porque deixou ele sair? ―― perguntou novamente, prestes a procurar suas botas e ir atrás do irmão, mas notou o quão para baixo Javier estava. ―― Oque aconteceu?

―― Ele estava irritado. Ou sei lá como estava. ―― começou. ―― Ele não quer de maneira alguma que eu vá para Nova Iorque, e me culpa que o papai está doente porque vou embora.

―― Ele não quer aceitar que também crescemos, e não quer crescer também. ―― explicou dando a volta na mesa e encostando no ombro do irmão. ―― temos que entender ele também.

―― Eu não vou deixar de viver porque o birrento do meu irmão vai sentir a minha falta, ele não tem mais idade pra pirraca! ―― se levantou largando o prato ainda cheio na pia. ―― Eu não tenho culpa se o nosso pai tá apodrecendo naquela cama, e nem que você está afastada porque conheceu o estranho Enzo, e agora costuma sair para encontrar com ele.

―― Enzo é apenas um amigo, e eu não o vejo a uma semana! ―― exclamou enquanto o encarava.

―― Não importa, é pra você ficar em casa, e cuidar do pai, porque a mãe não tá aqui pra fazer isso. Então, faça direito!

―― Javier! Você não sabe doque está falando, se acha ruim o jeito eco tempo que dou para o meu pão, faça você! ―― falou alto enquanto estranhava a ação do irmão. ―― Oque deu em você?!

―― O Gael precisa entender que a vida é minha, e eu não tenho culpa se não teve o mesmo sucesso que eu!

―― Ele não tem inveja, Javier! Ele sabe que se você for, vai encontrar alguém, uma moça! E não vai querer voltar! Ele só não quer perder o irmão. ―― explicou tentando manter a paciência.

―― Ele não vai me perder, nem mesmo você, é só uma faculdade!

―― É o seu futuro.

―― E você acha que não vou voltar para o Uruguai? Acha mesmo que vou viver o resto da minha vida em Nova Iorque? ―― ele perguntou começando a se irritar. ―― não é atoa que ele acha isso,  tá legal, nossa mãe morreu e agora nosso pai...

𝖉𝖊𝖆𝖗 𝖊𝖓𝖟𝖔 ━━ Enzo Vogrincic Onde histórias criam vida. Descubra agora