𝗖𝗼𝗺𝗼 𝗦𝗼𝗯𝗿𝗲𝘃𝗶𝘃𝗲𝗿 𝓐 𝓤𝓶 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 𝕯𝖆𝖗𝖐

O Rumo Da História

A situação estava complicada.

Cedrick não estava falando comigo, tinha se afastado e estava triste.

Eu não sabia o que fazer, pois estava tentando fazer apenas o melhor.

Eu estava tentando livrar Cedrick da minha presença em nome de sua felicidade, mas de algum maneira eu o machuquei.

Talvez eu tenha sido muito brusca e abri a boca antes da hora? Deve ser isso. Eu o chateei por besteira, devia ter ficado quieta e esperado que ele se apaixonasse naturalmente. Mas nem tudo está perdido, agora ele sabe que eu coloco sua felicidade acima de tudo e darei a anulação ou divórcio assim que ele quiser.

Eu tentei de tudo para protegê-lo e criá-lo bem como um Grão-Duque, mas talvez eu o tenha deixado um pouco dependente de mim como a única adulta que ele podia confiar? Vai ser complicado.

Existe um convento no Grão-Ducado, talvez se eu ficar lá, será possível ele me visitar pela ligação emocional que criamos e ao mesmo tempo ser feliz com a nova esposa? É um situação em que todos vencem. Vou pensar nessa proposta quando ele voltar da guerra como herói e apaixonado por Katherine.

Mesmo no rumo da história original, Cedrick sentia uma ligação com a mulher que o violou e o maltratou, então como não fiz isso e o tratei bem provavelmente ele gosta um pouco mais da minha presença.

Bem, a história tem que seguir o rumo.

Sinceramente, achei um pouco vergonhoso como o imperador era descarado em jogar sua filha no meu marido. Era tão evidente que até eu fiquei constrangida.

Pelo menos Cedrick parecia mais aberto a conversar com ela, então não me importei mais, pois tudo estava seguindo normalmente.

Era cansativo e quando finalmente chegou a hora de voltar para as nossas terras, suspirei de alívio.

A viagem de volta foi bem tensa.

Cedrick permaneceu em silêncio e nem me olhava nos olhos. Me senti mal com isso.

Como faço para consertar isso?

Até os empregados perceberam, quando chegamos, que havia uma divisão entre nós.

O mordomo, diligente, me perguntou se aconteceu algo.

–O senhor está nesta família a muito tempo não é?

–Desde antes do pai do mestre Cedrick se casar com a mãe dele.

–Então talvez entenda?

Expliquei o que aconteceu, e ele ficou pensativo.

‐–A senhora realmente propôs ir para um convento para que ele se case com outra?

–Sim, pelo bem do Grão-Ducado! Ele vai ter que se separar de mim de qualquer forma, e uma esposa mais jovem e rica seria o ideal!

O mordomo me olhou como se eu fosse a pessoa mais absurda do mundo.

–Às vezes eu pensava que a senhora se fingia de cega, mas agora eu vejo que a sua cegueira é real. -ele diz, em tom derrotado.

–Ei! Como assim? Cega onde?

–O Grão-Duque cresceu. Ele está pronto para todos os níveis de relacionamento e é um homem adulto com corpo, mente e sentimentos de um homem adulto.

–E eu entendo isso, é por esse motivo que desejo libertá-lo desse casamento! Eu sei que não só ele como o Grão-Ducado é grato ao meu trabalho duro, mas estou ciente que tem coisas que não estão ao meu alcance. Ele precisa de um sucessor. Eu não posso dar um a ele.

–E por que não? Você é jovem. Tem uns bons anos de fertilidade pela frente ainda.

–Eu já tenho 31! Existem mulheres na minha idade que são avós!

–Isso não muda o fato de que você ainda pode ter filhos.

Eu já estava ficando vermelha de vergonha.

–Para ter filhos um casal precisa... Precisa... Um casal precisa fazer o processo reprodutivo todo!

–Sim. -ele diz, como se isso não fosse um impedimento.

–E como eu faria isso com ele? O coitado vai ter que se resignar comigo quando pode conseguir coisa melhor? Não! Cedrick merece mais! Mais que isso! Mais que apenas...eu!

O mordomo bate a mão na testa.

–Agora eu sei o porquê dele sofrer. Vai ficar um bom tempo com bolas azuis!

–O que você...

O mordomo some, com os braços para cima em rendição, como se desistisse de explicar qualquer coisa.

Eu fico parada ali alguns segundos, sem acreditar que essa conversa aconteceu.

Eu simplesmente decidi empurrar a conversa para o fundo da mente e deixar os dias passarem.

O império vai entrar em guerra contra outros dois reinos. Cedrick será convocado, como todos os suseranos.

Estava preocupada, mesmo sabendo que ele voltaria bem.

Quando ele está quase saindo, tento uma última conversa.

–Cedrick, volte inteiro, por favor. Sei que você vai voltar vivo, mas te peço que volte!

Ele acaricia meu rosto.

–Lisavetta, acho que ser sutil não adianta muito com você.

Eu o olho, me perguntando onde ele queria chegar.

–Talvez eu deva acabar com as palavras e ir para a ação.

Quando menos espero, sou jogada contra a parede e tenho minha boca invadida pela língua de Cedrick.

Eu não consigo acreditar que ele está me beijando desse jeito, não esperava por isso.

Quando ele finalmente me solta, com um sorriso satisfeito, eu ainda estou muito atordoada e sem reação.

Então ele sai.

–Espere ansiosamente minha volta, esposa.