Capítulo 5

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Marina saiu do Brasil após uma seleção do trabalho para fazer um intercâmbio na sede  da rede de hóteis e resorts para a qual trabalha. Apaixonada pelas danças de orientais, encontra um grupo do estudio que frequentou e ajuda quando um acidente acontece com uma das dançarinas.

A empolgação da brasileira é ofuscada pela insistência e incoveniência de um hóspede, após se exaltar e revidar sem pensar nas consequências a garota teme que sua aventura se encerre antes de começar e ainda acabe perdendo seu emprego.

E você, Abelhinha? Acha que Mari foi imprudente ou apenas reagiu por instinto?


MARINA

Dançar sempre é uma experiência energizante para mim. Amo a forma como meu corpo reage, a consciência que tenho sobre cada movimento, como aquelas notas tocam minha alma e consigo transbordar a emoção que emana do meu corpo.

Não consigo associar à sedução, não é minha intenção. Mas sempre há espectadores que creem se tratar de uma performance voltada para suas fantasias.

Quando o homem alto, de olhos verde-oliva e barba cerrada entrou no camarim, eu senti que era a força que me rondou por toda a apresentação. Por um mísero instante, aquela parte romântica, que resiste apesar de tudo, imaginou uma cortesia ou um galanteio e uma conexão transcendental.

Claro que era um cretino. Educado, polido, bem-vestido e muito bonito, obscenamente bonito, mas nada diferente de tantos outros que já abordaram a mim ou qualquer outra das meninas após uma apresentação.

Algumas das garotas se sentem lisonjeadas. Aceitam sair e experimentar uma aventura. Não as julgo. Elas são livres e independentes, não sendo coagidas, podem fazer o que quiser de suas vidas.

Acho que devo essa trava ao meu genitor por todas as vezes que me fez sentir minuscula por amar a dança. Cada vez que um desses homens me aborda desperta memórias horríveis de agressões físicas e verbais. Contra mim e contra minha mãe.

Quando ele saiu, Zenaide brincou que esnobei o magnata. Não foi minha intenção. Ao sair do camarim não o vi. Acreditei que havia ido em busca da companhia disposta que ele procurava.

Lucy veio correndo me abraçar, surgida não sei de onde. Só senti meus pés se afastarem do chão com o abraço eufórico da minha futura colega inglesa.

— Mari — chama meu nome com o sotaque carregado — você tava tão linda, parecia a princesa das mil e uma noites seduzindo o sultão.

— Obrigada, Lucy. Amo aquela música.

— Me ensina a dançar daquela jeito, quem sabe eu não conquisto um sultão poderoso.

Ela gargalha e um arrepio me domina quando lembro dos intensos olhos de uma cor exótica.

Quero acreditar que o homem já nem está mais no ambiente. De alguma forma, sinto os olhos intensos dele sobre mim.

Algo na forma como ele fala, nos gestos e na voz dele me deram a certeza que ele não desiste, nem recua. Estou em conflito, uma parte de mim teme quem ele seja, outra deseja rever os intensos olhos verdes.

Com certeza essa segunda parte é insana.

Mando uma mensagem para mamãe enquanto o aplicativo de mensagens ainda funciona. Mandei uma foto vestida com a roupa que me apresentei, ela e Olga me encheram de mensagens de áudio, elogiando e dizendo que queriam ter me visto dançar.

Estou absorta nas mensagens de casa contando como foi a visita ao médico quando sinto uma presença. Ele está a poucos centímetros de mim, surgido não sei de onde.

A Obsessão do SheikOnde histórias criam vida. Descubra agora