"We had made love earlier that day
With no strings attached
But I could tell that something had changed
How you looked at me then
I've been waiting for you."
Desde que era criança Annabeth sabia que pensava muito, talvez até um pouco demais. O que acontece com a vida de alguém que escolhe nunca mais mentir? O que teria acontecido consigo se tivesse pais diferentes? Se morasse em um lugar diferente? O quão bom é o bom homem que não se questiona de sua virtude? E que se por sua vez o faz, quão puras são suas intenções, se o faz apenas para provar ser bom?
Por vezes quando andava de ônibus, carro, ou qualquer veículo que tivesse uma janela, Annabeth observava a vista e conseguia ver engrenagens rodando em sua cabeça, como numa cena de filme em que demonstravam como um gênio funcionava. Annabeth não se considerava nada muito próximo a um gênio, mas por vezes se perguntava se era capaz de entender e ver coisas que a maioria não percebia. Não pensando em suas habilidades com matemática, ou em engenharia e arquitetura. Mas sua conexão com o mundo, perspectiva. A forma que era capaz de compreender os outros e seus medos e desleixos, onde qualquer dor alheia dos que eram próximos a si a deixava doente. Chorava com relatos de outros, mas suprimia as emoções quando o assunto eram seus próprios problemas. Mataria qualquer um que tivesse a ousadia de ferir seus amigos, mas nunca sentia agia sob a raiva que sentia dos próprios inimigos. Morreria pelos que amasse, cada um deles. Entretanto se pegava também, em outros momentos, em devaneios sobre como talvez fosse simplesmente orgulhosa e narcisista demais em pensar que só ela conseguia sentir essas coisas.
Mas se estava errada e, na verdade, todo mundo tinha essa mesma falha empática, por que ninguém a havia demonstrado isso?
- Annabeth? Você está bem? - A voz longínqua e sedosa de Percy a tirou de seus delírios. Não sabia exatamente onde estavam, mas estava deitada em cima de um casaco que pousava na grama do topo de uma colina e a única coisa que conseguia ver era as estrelas sob eles. Percy estava deitado ao seu lado, ele a observava com os olhos cintilantes, um tom de verde tão característico que a garota não seria capaz de imaginar nem se pensasse muito. Sabia que não estava sóbria, pois o mundo ainda parecia muito mais colorido do que normalmente era, mas se sentia melhor.
- Você morreria por alguém? - Disse de repente. O rosto do garoto atravessou todos os tipos de emoções diferentes antes de conseguir elaborar uma resposta.
- Oi?! Mas que tipo de pergunta é essa? - Disse, alarmado. Mas parecia estar achando graça da situação.
- Não sei, pensei agora. Você morreria por alguém?
- Ah, não sei. Morro de medo de morrer, mas acho que sim. - disse depois de uma pausa.
- Por quem seria?
- Minha família e meus amigos, com certeza. Sem pensar duas vezes. - Annabeth assentiu em silêncio. - E você?
- Eu? - Perguntou, olhando novamente para as estrelas. Levantou uma das mãos na direção do céu, como se pudesse colhê-las – Às vezes tenho a impressão de que morreria por qualquer pessoa que já me deu um bom dia.
- Como assim? Por alguém que você não conhece?
- Acho que não, né? - A loira fez uma careta – Deve ser o tipo de coisa que você imagina de um jeito, mas quando chega na hora não é a mesma coisa. Mas tenho a impressão de que tivesse que escolher entre a minha vida e a de todas as pessoas que já conheci, pelo menos cogitaria o sacrifício.
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Checkpoint - Love Is a Laserquest
RomanceAnnabeth tem 18 anos e acabou de ser rejeitada pelo seu primeiro amor. Além disso, ela se depara com o início do fim da adolescência, tendo que lidar com o doce e amargo sabor da liberdade. Recém saída do ensino médio, ela recebe a notícia de que te...