Capítulo 1

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Mais uma história, espero que curtam!

Aqui a Valentina é Delegada da Polícia Federal e a Luiza é médica. 

POV VALENTINA

Às 19h, na Superintendência da Polícia Federal em uma sexta-feira, estamos nos preparando para sair em uma operação de mineração ilegal de bitcoin.

- Valentina: Ruiz, vou na viatura 1 com Lopes e Sant'Ana.
- Ruiz: Cardoso e Herreira, ficam comigo na viatura 3.

Saímos na Viatura 1 antes de Ruiz e o resto da equipe, repassamos a operação pelo rádio. A previsão é de uma busca e apreensão simples, mas recebemos um aviso da inteligência sobre a presença de armas na residência. Após 2 meses de estudo, decidimos que uma emboscada às 20h seria a melhor opção, aproveitando a troca de turno dos seguranças do local. A busca ocorre em um sítio remoto, exigindo eficiência.

Chegamos no sítio, o movimento parece dentro do previsto, dois carros na garagem. Descemos do carro e nos aproximamos da porta para anunciar a operação. Nesse momento, um jato de pequeno porte começa a aterrissar em uma pista improvisada na área do sítio.

- Valentina: O que está acontecendo? - falo no rádio
- Comando: Esse pouso não está nos registros. Sigam com o anúncio da busca e apreensão.

Sigo com três batidas na porta anunciando a busca e apreensão e, no momento em que uma senhora abre a porta.

- Valentina: Senhora, procuramos Mateus Fagundes. Onde ele se encontra na residência?

- Senhora: Está nos fundos.
- Valentina: Ele está acompanhado? Armado?
- Senhora: Não e não.
- Valentina: Do que se trata o jato que acabou de pousar?
- Senhora: Um amigo do senhor Mateus, ele vem do Paraguai a cada 15 dias.
- Valentina: Como isso não está no relatório da inteligência? - pergunto para o oficial do meu lado

Seguimos para os fundos da casa com a maior cautela, anunciando a busca e apreensão e a prisão. Sinalizo para que Ruiz siga com o resto da equipe para verificar a aeronave, enquanto Sant'Anna verifica o resto da residência.

- Ruiz fala pelo megafone: Por favor, desçam da aeronave.

A porta da aeronave se abre, todos estão a postos e tensos.

- Ruiz: Mãos para cima.

Ninguém aparece na porta, e em questão de segundos, tiros são disparados. Consigo dar dois tiros em direção aos três homens armados que saem da aeronave quando tudo fica preto, e sinto uma pancada na cabeça pelas costas.

- Rádio: Equipe abatida, precisamos de reforço e ambulância. - é a última coisa que escuto antes de apagar. 

Começo a recobrar a consciência com uma tremenda dor de cabeça, olho ao redor e observo que estou em uma espécie de ambulância. 

- Socorrista: Oi, como está se sentindo?
- Valentina: Cadê o resto da equipe? Meu rádio?
- Socorrista: Tiramos junto com o seu colete, você foi atingida duas vezes no colete e uma no braço, mas a bala atravessou.
- Valentina: Cadê minha equipe?
- Socorrista: Vão te encontrar no hospital, preciso que você fique calma. -  Começo a ficar tonta e fecho os olhos.

Abro os olhos, não sei quanto tempo passou, e estou em um quarto no hospital. Ergo a cabeça, tudo dói, consigo ver minha chefe do lado de fora falando com dois agentes.

- Sara: Ela acordou, vamos lá. -  Os três entram no quarto.
- Sara: Oi.
- Valentina: Oi, cadê eles?
- Sara: Sant'Ana está bem, acabou de ir para casa. Cardoso está em cirurgia.
- Valentina: Ruiz? Lopes? Herreira? -  Consigo observar a expressão deles mudarem rapidamente.
- Sara: Eles não resistiram. Sei que o momento não é ideal, mas precisamos que você dê seu depoimento do que aconteceu. Pelo que apuramos até agora, o  Mateus tinha ligação com um cartel do Paraguai que achou que vocês estavam lá por eles. -  Não consigo responder, só olho para o teto fixamente enquanto seguro para não escorrer uma lágrima. Sara sinaliza para os outros dois agentes esperarem do lado de fora.

-  Sara: Valentina, estou falando isso não como sua chefe, mas como sua amiga. Você só sai daqui quando ligar para alguém te buscar.
- Valentina: Desde quando sermos ex-namoradas nos coloca como amigas?
- Sara: Valentina, liguei para o seu pai. Ele nem sabia que você estava aqui.
- Valentina: Em que hospital estamos?
- Sara: Albuquerque Star.
- Valentina: Porra! -  Uma médica entra no quarto.

- Médica: Boa tarde! Sou a Doutora Luiza, como você está se sentindo Valentina? - ela fala pegando o meu prontuário e folheando. 
- Valentina: Bem – minha voz sai um pouco falhada. Sara se retira da sala e some pelo corredor. Consigo sentir meu coração acelerado enquanto não consigo mais segurar a lágrima que escorre pelo canto do meu olho.
- Luiza: Aqui fala sobre seus ferimentos, duas costelas quebradas e uma concussão. Dores de cabeça?
- Valentina: Sim.
- Luiza: De 1 a 10, qual seria o nível da dor?
- Valentina: Um 7.
- Luiza: Doi para respirar? -  Eu aceno positivamente com a cabeça. Consigo ver meu pai entrando pela porta do quarto.
- Marcos : Como está o quadro da paciente, Luiza? - paciente, nossa. 
- Luiza: Está estável, poderia ter sido pior.
- Valentina: Oi, pai! - Consigo ver que a surpresa na cara da médica, provavelmente tem algum envolvimento com meu pai. Não seria a primeira vez.
- Marcos: Fazem o que? 2 anos?
- Valentina: 1 anos e 7 meses.
- Marcos: E você não podia me avisar que estava aqui?
-  Valentina: Pode ter certeza que o último lugar que eu queria estar é no seu hospital.
-  Luiza: Preciso terminar de te avaliar, vou tirar sua pressão. - antes que ela encoste no meu braço, seguro em sua mão, e vejo que a mesma me olha surpresa pelo contato. 
- Valentina: Preciso de informações de um paciente, Henrique Cardoso.
- Marcos: Acabei de vir de lá, Valentina - ele faz uma pausa e eu já imagino o que vem por ai -  ele não resistiu aos ferimentos.
- Valentina: Poderiam me deixar a sós?
- Luiza: Eu preciso te avaliar.
- Marcos: Volto no fim do meu turno!
- Valentina: Não se dê o trabalho.

Luiza continua sua avaliação enquanto minha mente se perde em pensamentos.

Tão Inesperado, Tão NecessárioOnde histórias criam vida. Descubra agora