Capitulo 1

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---5 meses atrás---

- Lea, chega aqui só por um momento. - grita a minha mãe.

Estava a fazer os trabalhos de matemática , quando oiço a minha mãe a chamar-me. Rapidamente atravesso o pequeno corredor que ligava o meu quarto á cozinha.

- Sim mãe , precisas de alguma coisa?

- Preciso que faças o jantar para ti e para o Gary , ele deve estar quase a chegar. Já estou atrasada. - Gary era o meu padrasto.

- Vais trabalhar?

- Surgiram umas escadas para limpar , todo o dinheiro é bem recebido querida. - deu-me um beijo na testa e deixou-me sozinha em casa.

Gary era um bom padrasto até certa altura. Estava junto com a minha mãe á cerca de 5 meses , e fizeram uma pequena cerimónia de casamento. No início era bastante simpático para comigo. Ajudava-me bastante com os trabalhos da escola , leva-me a passear no seu maravilhoso Jipe , iamos bastantes vezes ao cinema , mas do nada a nossa vida financeira piorou e ele foi junto com ela. Está com bastante mau aspeto , grita comigo e penso que bate na minha mãe ás escondidas.

Peguei numa caixa de ovos e preparei uma omelete , a minha especialidade. Deixei-a em cima da mesa da cozinha e voltei para o meu quarto , para acabar os trabalhos de casa.

Quando chegou a casa , entrou no meu quarto , e descalçou os seus sapatos imundos em cima do meu tapete.

- A tua mãe foi trabalhar? - perguntou com a voz meio enrouquecida

- Foi sim. Fiz-te o jantar está em cima da mesa. - Esbocei um sorriso ligeiramente desagradável.

- Sabes , estou sempre á espera de um momento em que tu e eu esteijamos a sós. E hoje é o momento perfeito.

Sabia que não ia sair boa coisa , estava com cheiro a alcool e a fumo.

- Chega aqui - diz ele, batendo com a mão na cama .

- Gary , tenho coisas para fazer , podes ir jantar?

- Chega aqui agora! - o tom da voz dele aumentou drasticamente

Os meus pés moveram-se sem minha vontade. O medo apoderou-se de mim , sabia o que ia acontecer , era evidente. Tinha 14 anos.

Começou a beijar-me o pescoço. Tentei afastá-lo mas sendo ele um homem não me serviu de nada. Pedi-lhe um milhão de vezes que parasse - ele simplesmente ignorou.

O que aconteceu naquele espaço de tempo de 1h30m , eu não me lembro. Tentei pensar em coisas boas , mas a dor era continua , e o nojo ainda hoje o tenho. Fechei os olhos até ele sair do quarto.

Quando os abri ele já não estava em casa.  Tinha a cara humida das lágrimas. Os meus lençois tinham pequenas manchas do meu sangue.

Peguei num saco e coloquei os lençois lá dentro. Fui tomar banho , mas por muito que me esforçasse , sentia-me sempre suja , nojenta.

Apanhei as roupas do chão e pu-las no mesmo saco.

O meu coração apertou-se assim que ouvi as chaves a entrar na ranhura da porta.

Se fosse ele , como ia olhar sequer para ele? Se fosse a minha mãe, como lhe contava?

Espreitei pela porta , e estava a minha mãe com o Gary.

- Filha, chegamos! - gritou ela

Encostei -me á porta , e não me consegui conter. As lágrimas começaram a cair. Peguei no saco e saí porta fora.

Assim que apareci á frente deles, Gary mandou-me um olhar bastante ameaçador. Com os lábios disse  " mato-te a ti e á tua mãe se te chibares "

- O que vais fazer com esse saco querida? - perguntou a minha mãe enquanto despia o avental do seu trabalho. - Estivestes a chorar?

- Não . Vou só ao lixo.

Não queria voltar para casa. Não queria ter que voltar a olhar para aquele homem. Mas a minha mãe estava lá , e com todas as minhas forças subi as escadas e entrei.

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