DEVIL BOY¹⁸

08

Escola Ruiz Fuerte
Mesmo dia
Tarde.

Depois de vestir uma roupa confortável e jogar meu uniforme ridículo dentro da mochila, coloco-a no armário e saio do vestiário feminino.

Estou usando um mini short saia e um cropped com alças finas, e nos pés, um tênis sucateado que tenho desde o ano passado, se não me engano.

Meus cabelos estão presos em um rabo de cavalo, segurados por uma pequena presilha.

Sigo em direção ao ginásio escolar, mesmo sabendo que ele fica a dois andares acima do meu local atual.

Por que essa merda de escola não tem elevador? Isso facilitaria muito a minha vida.

Subo dois degraus de cada vez, quase arriscando a cara no chão liso.

Acelerando cada passo para chegar a tempo, não posso perder esse ensaio, especialmente porque não consigo colaborar muito com as regras da escola.

(...)

Avistando a porta do ginásio quase se fechando, corro o mais rápido que posso para conseguir passar.

── Finalmente, donzela. ─ diz a líder, a famosa líder das líderes de torcida.

Mia Salvatore.

Talvez eu devesse responder "sim, frango despenado", mas prefiro ficar calada e apenas entrar naquela porta.

Olho ao redor e vejo quantas garotas querem ser líderes este ano. Finalmente avisto Adya Clyer, irmã mais velha de Ayron Clyer e também minha amiga, ocupando o papel de jurada.

Este ano, o esquema será um pouco diferente: teremos votação para decidir quais meninas serão as líderes da torcida Ruiz Fuerte. As juradas vão dar seus votos para escolher entre as quase mil candidatas.

Espero conseguir.

── Olá! Gostaria de saber o nome de cada uma. Sem pressa, temos até a noite para começar a votação. ─ comenta Adya.

── Espero que saibam que apenas dez de vocês serão escolhidas para completar as quarenta garotas. ─ complementa Mia.

Sua voz é como um enxame de abelhas, tão enjoativa quanto o perfume mais doce sob o sol. E olha que eu adoro doces!

(...)

Depois de uma série de apresentações, com garotadas de todas as idades, cidades e até países diferentes, chegou a minha vez de ensaiar. Posso afirmar que essa é a melhor parte, pois é quando consigo expressar tudo que sinto através dos meus passos – desde os mais delicados até os mais bruscos – revelando expressões nunca vistas no rosto de quem está me assistindo.

── Jully Everd, quero que você comece. ─ A voz da garota de cabelos azuis me faz dar alguns pulinhos de ansiedade.

── Ok. ─ Respondo, preparando-me para começar com os passos que já conheço de cor e salteado.

Finalizando todos os movimentos perfeitamente, percebo a expressão de raiva no rosto de Mia. Para acalmá-la, decido mandar um beijinho, algo meio infantil, mas que com certeza vai tirá-la do sério.

Volto para a minha posição, esperando os julgamentos das juradas.

── Amei muito cada passo seu! Você conseguiu finalizar tudo perfeitamente. Meu voto é para que você faça parte do nosso grupo de líderes. ─ A garota de cabelos vermelhos com mechas pretas diz, batendo palmas.

Satisfeita com esse comentário, aguardo mais uma vez enquanto elas fazem uma breve reunião.

Todas estão reunidas, discutindo sobre algo que nem deveria estar acontecendo.

── Desculpa, mas você não irá participar das líderes de torcida. ─ A afirmação ecoa e meu rosto se torna uma máscara de surpresa; não esperava isso, especialmente depois dos elogios sobre meus passos bem executados e a perfeição da minha finalização.

── A decisão final é da nossa líder principal, Mia Salvatore, e ela votou contra sua participação. ─

Ajustando alguns fios de cabelo que se soltaram e atrapalham minha visão, saio do ginásio às pressas, sem esperar que me chamem para sair.

Desço as escadas rapidamente; meu sangue ferve por conta disso e preciso descontar minha raiva em algo ou alguém.

Chegando ao vestiário, pego minha mochila no armário e fecho-o agressivamente, fazendo com que as outras garotas saindo da aula de balé me olhem assustadas.

── O que foi? Nunca viram alguém assim? Mimadinhas de merdaaaa! ─ grito em direção a elas.

Assustadas, saem uma por uma do vestiário, me deixando sozinha com os enormes armários ao meu redor.

Descontando toda a raiva acumulada, grito o mais alto possível enquanto chuto os bancos de ferro frágeis próximos a mim.

── FILHA DA PUTAAAAA!

Como se isso fosse me acalmar um pouco mais. Continuo ali gritando e esvaziando essa frustração acumulada contra Mia e seu "favorito".

Batendo nas portas dos armários em um canto do vestiário, sinto uma sombra enorme atrás de mim.

Não... não pode ser...

Era ele: Ayron Clyer.

── Vai acabar amassando o armário sem motivo. ─ Ele diz, posturado e calmo com os braços cruzados, seus olhos frios me observando.

── Você não pode entrar aqui. ─ Viro-me para encarar aquele gigante diante de mim.

CONTINUA...

EAI O QUE VOCÊS TÃO ACHANDO?

CONTINUO?