1. Sonhe com o passado ou acorde para seu pesadelo

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A folhagem era densa naquela região, mas o garotinho não carregava medo em seus olhos. Murmurando baixinho uma canção de ritmo alegre, ele não parecia se importar com todo o barulho que seus sapatos caros faziam ao pisotear todas as folhas secas e pequenos insetos caídos ao chão. Às vezes até parecia proposital o quão barulhento eram suas passadas, como se ele quisesse ser achado — uma criancinha perdida ansiando por uma voz que a chamasse de volta para casa.

A postura perfeita era uma rara visão para uma criatura tão pequena, a firmeza em sua coluna que não parecia oscilar por nada, mantendo o equilíbrio mesmo com todas as bifurcações que ousavam aparecer em seu caminho. E ele andava com decisão — não precisava olhar ao redor para encontrar o que estava procurando, sabia exatamente para onde seguia.

Somente após alguns minutos de caminhada ele pareceu enfim satisfeito, parando em seus passos com um alto pisão na terra e deixou um sorriso crescer em seu rosto pequeno; um resquício de expressão visível no rosto metade coberto pelas bandagens pálidas.

À sua frente havia uma árvore que há muito ele já gravara em sua mente; não tão alta quanto as outras da área, mas coberta por uma folhagem perfeita para camuflagem. O garoto deixou escapar um suspiro ao perceber as pegadas pequenas na terra remexida logo na base de suas raízes, marcas que sempre traziam gargalhadas em sua mente. Não era preciso ser um grande detetive para ler os movimentos que aquela flora tanto presenciava.

— Chuuya, se esconder sempre no mesmo local não vai fazer com que ela não te encontre, sabia?

Nenhuma resposta chegou após o seu chamado, o mais puro silêncio sendo sua única companhia. Alguns estalos de galhos e folhas remexidas se fizeram presentes em uma área próxima, mas eram tão discretos que poderiam passar despercebidos como simplesmente os pássaros locais retornando para seus ninhos.

Mas não Dazai, ele sabia a verdade. E não estava disposto a voltar sozinho, não depois de ter sujado seus sapatos favoritos.

Então, decidido a esperar, o garotinho fechou os olhos após descansar suas costas contra a grossa madeira da árvore, aderindo também ao silêncio que o outro lhe oferecia.

Foi de surpresa quando algo atingiu a sua cabeça, não com força o suficiente para machucar, mas o suficiente para doer um pouco devido ao tamanho e altura da qual caía. Uma maçã, percebeu ele ao encontrar a fruta rolando sem rumo no chão após cometer seu crime.

— Sh, vaza! Se ficar parado aí ela vai me encontrar, seu merda!

Dazai não parecia interessado na urgência em sua voz ou seus pedidos desesperados para que ele o deixasse escondido. Ao invés disso, ele riu ao massagear a própria cabeça onde o impacto anterior estava agora causando um certo incômodo; ele realmente detestava sentir dor.

— Você me ofende, Chuuya! — Dazai protestou, levando uma mão ao coração como se aquelas palavras o machucassem profundamente. — Eu vim aqui porque me preocupo com você, claro. Afinal, ela já está chegando.

Como reação imediata a tais palavras, os galhos e as folhagens logo revelaram o esconderijo do garotinho, o pequeno rosto em um misto engraçado de raiva e desespero. Os grandes olhos safira agora oferecendo a Dazai toda a sua atenção, que em resposta sorria orgulhoso ao esperar sua resposta.

— Tá olhando o quê então, porra?! Suba aqui agora! — Em algum momento durante o seu chamado ele encontrou mais um objeto para ser arremessado (desta vez um galho quebrado do qual Dazai não teve dificuldade alguma para desviar).

E seu sorriso se alargou.

— Nuh uh!

— Nuh uh O QUÊ, MERDA?!

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⏰ Última atualização: Feb 15 ⏰

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Luz, Câmera, DazaiOnde histórias criam vida. Descubra agora