Capítulo único

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notas da autora: eu achei isso no meu perfil do spirit e resolvi trazer aqui também, é meio bobo, mas eu gosto, é meio triste, pq eu escrevi isso quando eu era apaixonada por um amigo meu em 2018


todos os dias quando eu acordo e não tenho você do meu lado, meu peito dói. às vezes penso que, na verdade, essa dor é só um infarto e muitas vezes, era só isso que eu queria: um infarto. morrer por culpa do meu coração, meio romântico e melancólico do mesmo jeito que eu sou.

todos os dias, quando te dou um simples bom dia, eu só queria poder te chamar de meu amor, dizer que sonhei com você na noite passada, que sonhei com nosso casamento e com nossa casa, que tinha um quintal florido com margaridas e cactos, e um cachorro (apesar de você gostar mais de gatos), mas sabe Minho, cada dia que passa eu percebo que isso é cada vez mais impossível de acontecer. nós vivemos vidas tão diferentes, somos quase o oposto.

você gosta do verão e eu amo o inverno, você prefere o azul e eu, o rosa, seu livro favorito é de terror, enquanto eu tenho uma estante cheia de romances clichês. todos os dias você bebe café e eu, um achocolatado. você prefere ficar em casa e eu adoro ficar na rua, nem que seja só andando por aí, sem rumo, aliás rumo é mais uma coisa que não temos em comum, já que você quer se manter nessa mesma cidade do interior para sempre, mas eu não. eu consigo me ver perfeitamente na tão cinza e melancólica São Paulo, você sabe que viver nessa cidade sempre foi meu sonho, viver os dias de chuva e poder culpar o estresse do meu dia a dia no trânsito infernal, sentir a sensação de andar de metrô e ônibus e pode ir na Augusta com um cachecol da John John, mas você, Minho, adora a tranquilidade do interior.

por isso todos os dias em que penso em nós juntos, eu percebo que devemos ser só amigos, esse é o nosso máximo, não tem mais como evoluirmos disso, seria tão errado, não daria certo, nós seríamos como água e óleo e esse é motivo de eu estar tão distante de você, porque estar próximo de você, me dói e muito, me faz mal, é um sal na ferida.

aliás, essa é a definição da minha paixão por você: uma ferida que não importa o quanto eu cuide ou jogue sal, sempre vai estar lá, aberta e doendo. nós precisamos nos afastar e logo, Min, porque eu já não sei se sou capaz de me manter perto de você com toda essa dor.

amar você é tóxico para mim, por isso eu peço desculpas. eu sei que não é justo contar tudo isso numa carta, quando eu estou prestes a me mudar para São Paulo, mas essa foi a única forma que eu encontrei de dizer tudo que eu sempre quis, mas era fraco demais para falar em voz alta.

eu te amo mais do que eu amo cálculo (e você sabe que essa é a minha matéria favorita), então me perdoa por ser covarde e nunca ter te contado tudo isso antes. eu espero que você me perdoe um dia.

do seu não tão amado amigo,

Seungmin. 

Solidão tem nome e sobrenomeOnde histórias criam vida. Descubra agora