Capítulo 1

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Por Laranccini

A imaginação e criatividade sempre fluíam  melhor quando deixava as músicas rolarem pelo espaço de trabalho, as vezes - dependendo do estilo - optava por dedicar um tempo para confeccionar suas playlists, ajudando em todo o processo.

Só que naquele momento, perto do horário de intervalo, havia optado por deixar na rádio local, instigando seu cérebro a trabalhar com os diferentes ritmos para a campanha do Festival de verão, nascendo de seus dedos as mais variadas formas e cores para a identidade visual do cliente.

- Vou descer para almoçar, vamos? - Ela não precisou se virar para saber que Irelia, sua colega de trabalho, estava escorada na porta, observando-a na posição desconfortável a qual se metera.

Mesmo com o ar forte, a visita doendo por conta da luz específica para seu design, Violet negara. - Se eu parar agora vai ser um cu pra continuar, pode ir. - Balançou a cabeça.

Um longo suspiro veio da porta. - Vou te trazer um sanduíche, tá? Aceita um chá?

- Por favor! - Gritou antes de ouvir o som da porta se fechando, a deixando totalmente só.

Lidar com a imaginação e se adaptar às características de seus clientes era a forma de dinheiro mais fácil que Vi havia encontrado.

Não, fácil era um termo errado, visto que não se podia controlar o picos de criatividade, tampouco sua disposição para a confecção de novas artes, mas quem diria que um hobbie de uma adolescente rebelde seria uma profissão lucrativa?

O lápis se demorou para fazer o sombreamento da arte encomendada para os vidros interativos, através deles, expectadores poderiam se montar de personagens típicos da comemoração e tirar fotos do local.

Fora uma proposta boa e ela havia faturado dez paredes de vidro mais as artes e o muro de entrada principal, o último já havia sido finalizado e aprovado com louvor.

Viver da arte, muito disseram ser loucura, mas agora seu nome era ovacionado em eventos, disputado e soava caro para quem quisesse tê-la.

O rock baixo e suave umedeceu suas lembranças da época que andava de skate para todos os cantos da cidade pequena, fazendo grafites pelas vielas, expondo a si mesma ao perigo para ter reconhecimento.

Em algum ponto de seu terceiro ano, as coisas pareciam já não ter muito jeito, todos os colegas de classe tinham certeza do que queriam ser, uns faziam planos de casamento e já seguiam para serem felizes em suas vidas medíocres, mas ela...ela não.

Violet sentia em suas células que o nome Warwick seria eternizado por ela, e algo a inclinava para os desenhos imbecís que ela rabiscava em seus cadernos, até vir para a grande cidade e ter seu talento engrandecido pelas massas populares.

Era uma criança, sem perspectivas e esperanças, quando conheceu uma jovem idealista a qual ergueu seus olhos para as possibilidades.

E todos os dias que vieram depois de Caitlyn Kiramman não foram solitários, distantes uma da outra, ainda sentia-se conectada com a alma de uma jovem correta e ímpar, diferente dela.

Caitlyn havia virado seu paraíso proibido e refúgio para as dificuldades de uma pessoa que nunca se encaixaria nos padrões comuns.

Ela não era comum.

Afastou a vista para observar o fim de seu trabalho, assustando com a orquídea que enfeitava os cantos da moldura, pensou em apagar, mas parecia ser tão certo que apenas assinou o canto com sua marca e mandou a foto para o cliente final.

Paraíso ProibidoWhere stories live. Discover now