Capítulo 5

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Capítulo 5

Cassiopeia 

Apolo não disse nada quando me deixou a alguns quarteirões de meu apartamento. Bom, eu não permiti que ele descobrisse onde eu morava, afinal, ele é um mafioso e poderia muito bem enviar seus capangas para me silenciar.

Além de ser um prostituto mafioso, o desgraçado era desonesto, pois não falou mais nada sobre devolver o dinheiro.

Atravessei a minha sala quando cheguei, tentando fazer o mínimo barulho, mas parei quando vi a tia Mimi largada no sofá abraçada com uma garrafa de vinho. 

Ela acabou encontrando o esconderijo.

— Ei, tia Mimi, vai deitar na cama — chamei.

— Me respeita, menina — murmurou ao me dar um tapa na mão, mas continuou dormindo.

Dei de ombros e fui para o meu quarto. Desmoronei sobre a cama e fiquei olhando para o teto. Não sei quanto tempo fiquei ali, na mesma posição, mas os primeiros raios do sol começaram a atravessar a janela e se projetar na parede do outro lado da minha cama. Fiquei observando as plumas que se destacavam no feixe de luz. 

Que fiasco de foda. Foi meu primeiro pensamento ao raiar do sol.

O segundo foi: JESUS AMADO! Quando mamãe e tia Mimi atravessaram a porta do meu quarto como as duas malucas que são.

— Cassiopeia, querida! — Mamãe veio se sentar ao meu lado, seguida da tia Mimi.

— Bom dia para vocês também — resmunguei no meio de um bocejo.

— Nossa, parece que o boy magia acabou com você, meu amor. — Dona Doralice deu um sorriso largo.

— Vocês me arrumaram uma furada,isso sim. Verifique se o dinheiro que pagou, mamãe, vai ser reembolsado.

— Reembolso?! Como assim?! — Tia Mimi quase gritou.

— O GP que me arrumaram não terminou o serviço e ainda fugiu comigo feito um homem das cavernas. Além disso, teve explosão com direito a fuga nas avenidas de Miami. 

— Conta essa história direito, Cassiopeia. — Mamãe não estava entendendo nada. Eu mesma ainda não entendi o que aconteceu, fiquei tão perdida naquela bagunça que não procurei saber quem eles eram de fato. 

 — Apolo não é qualquer GP, mãe. Ele é um prostituto mafioso — disse, dramática, apresentando logo a minha versão dos fatos, afinal, eu não tinha outra.

Dona Doralice e tia Mimi taparam a boca, espantadas. Bem, foi o que pensei de início, até ouvir as risadinhas assanhadas.

— Ah, pelo amor de Deus, vocês duas! Eu poderia ter morrido, ou sido sequestrada, ou até mesmo, virado escrava sexual. Imagina só, se ele tivesse me amarrado de pernas abertas na cama daquele hotel e feito horrores comigo! — Eu estava ofegante e agradecendo a Deus mentalmente pelo livramento.

— Não pareceu tão ruim ao meu ver.

— Tia Mimi! — a repreendi, já irritada com a falta de noção das duas.

— Pense em tudo o que ocorreu como uma aventura, querida. Nunca aconteceu nada de interessante na sua vida mesmo, principalmente depois do ex lírio do campo. — Mamãe me olhava com seriedade.

— Pelo menos Alfredo era alguém comum, mãe.

— Bem comum, realmente. Um traidor como a maioria dos homens. — Bufei, nervosa ao ouvir a verdade de suas palavras.

— Não quero mais saber de encontros assim e ponto.

— Ainda falta um encontro, Cassiopeia.

— Não, mãe. — Cruzei os braços feito uma criança.

Me apaixonei por um GP - Garoto de Programa Onde histórias criam vida. Descubra agora