on your wedding day.

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|Stuart Macher

Woodsboro 11:49PM

Beleza, faltava uns 10 minutos para dar meia noite e eu ainda estava acordado, olhando para o ventilador no teto que rodava sem parar. Passei a noite inteira em claro e ainda não havia dormido.

Quando deu 00:30 percebi que não ia dormir mesmo. Então levantei, coloquei uma roupa qualquer e fui para a rua perambular a procura de algum barzinho vinte e quatro horas.

Era perigoso sair por aí sozinho de madrugada? Talvez, mas não ligava. Não era do tipo que tinha medo imaginando que algo de ruim iria acontecer se eu saísse sozinho. Acho que pra quem teve pais distantes durante a infância e adolescência toda, esquecendo do aniversário do seu próprio filho praticamente todos os anos e não se preocupando se estava bem ou não, acaba aprendendo a se virar sozinho e acaba não tendo medo de nada.

Quando tinha dez anos de idade, eu me senti a criança mais feliz do mundo, pois foi o único ano que meus pais lembraram do meu aniversário e ficaram comigo deixando o trabalho de lado. Pena que tudo que é bom dura pouco.

Eu aprendi a me virar sozinho quando tinha doze anos, já fazia tudo só sem precisar de ninguém. Quer dizer, com oito anos já fazia várias coisas sozinho, mas quatro anos depois aprendi a fazer exatamente tudo sozinho sem precisar de ninguém.

Com treze anos comecei a sair de casa, passando a noite fora (com amigos que tinha feito na escola que, aparentemente, não eram a melhor influência) e voltando quando o sol estava nascendo. Com dezesseis comecei a beber e com dezoito comecei a fumar. E sim, eu culpo os meus queridos pais por isso. Eu culpo a porra do senhor e senhora Macher por ter me tornado o ser que eu sou hoje. Se eles fossem mais presentes na minha vida eu seria uma pessoa melhor. Uma pessoa amigável que não tem problemas psicológicos mas que tenta levar a vida em uma boa mesmo assim. Pena que não é tudo como a gente quer.

Hoje em dia eu nem ligo mais se meus pais lembram ou não de mim. Só ligo para minha irmã, a única pessoa que me motiva a continuar nesse mundo medíocre e não enlouquecer de vez e sair por aí matando todo mundo com uma fantasia de halloween para que não descubram minha verdadeira identidade. A única pessoa que eu sinto que se importa comigo de verdade, a única pessoa que eu me importo que fique bem a todo custo, a única pessoa que eu daria a minha vida se fosse preciso. A única.

Avistei um bar aberto, e com certeza iria para lá. Precisava de álcool no meu corpo para, talvez, me sentir melhor e por um momento, só por um pequeno momento, esquecer de tudo.

- Oi, preciso beber. Pode me trazer uma bebida? Com preferência, uma bebida alcoólica, por favor. - falo assim que chego lá, e o garçom assentiu, indo pegar uma bebida.

Quando me entregou a bebida transparente, a bebi de imediato, sentindo o líquido amargo e quente descendo pela minha garganta.

E foi assim por um longo tempo, mais e mais bebidas desciam amargamente pela minha garganta, comigo desejando que tudo que estava acontecendo não passasse de um pesadelo e que eu acordasse logo. Mas não acordava, não acordava nunca.

Woodsboro 09:21AM

Acordei com uma dor de cabeça enorme, talvez pelas bebidas (que foram muitas) que bebi como se precisasse disso a muito tempo. Não lembro muito bem como fui parar em casa, "cambaleando e falando coisas aleatóriamente idiotas" pensei, sabendo que tinha 95% de chance de ter sido assim mesmo.

- Ah.. oi, decidiu acordar foi bela adormecida? - uma voz feminina pairava no ar e demorei cerca de dez segundos para conseguir identificar que não estava em casa.

no dia do seu casamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora