• O homem que dormiu na praça •

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- desculpe qualquer erro

☀︎︎

Me lembro da primeira vez que te vi. Seus olhos encaravam o chão fixamente e lentamente se fechavam, sua cabeça tombando para o lado fazendo seu corpo quase se deitar no banco úmido daquela praça.

Parecia estar com sono, mas não cansado, ou melhor dizendo: não esgotado. Me fez lembrar o sono manhoso de uma criança após acordar cedo para ir para a escola.
Eu te vi e continuei caminhando sendo praticamente arrastada por meu cachorro que saltitava com a alegria de passear depois de três dias de chuva; seu rosto havia de fato chamado minha atenção, mas não é como se eu fosse ir falar com um desconhecido apenas por ter achado sua aparência agradável.

Na volta você ainda estava lá, mas já totalmente entregue ao sono que parecia sentir quando te avistei mais cedo. Deitado em posição fetal com uma mochila que eu nem havia percebido a existência antes sob sua cabeça, o banco parecia pequeno demais para sua alta estatura e claramente ainda estava úmido por conta da chuva mas, mesmo assim, você quase roncava no meio daquela praça.


Depois desse "encontro" na praça, achei sinceramente que nunca mais lhe veria. Então, em uma rotineira ida a cafeteria próxima a minha casa eu te vi conversando animadamente com um outro rapaz em uma das mesas do lugar.

Você falava alto, ria e gesticulava cada palavra que saia de sua boca, tudo de forma tão espontânea que pareceria loucura dizer o quão tímido você parecia quando estava sonolento

Paguei pelo meu café e fui até a saída, não havia motivos para continuar lá quando poderia aproveitar a bebida quente no conforto da minha casa. Eu passei na frente de sua mesa e por um prevê momento seu olhar encontrou o meu; eu continuei meu caminho e você sua conversa.

Ainda era um desconhecido, ainda não havia motivos para continuar lá.


Em um dia onde eu sentia que precisava de uma boa quantia de açúcar eu voltei a cafeteria, e lá estava você na fila do segundo caixa enquanto eu me direcionava a fila do primeiro. Quando chegou a minha vez nós pedimos juntos, e por coincidência a mesma coisa: um chocolate quente com chantilly extra; eu teria ignorado esse acontecimento com facilidade se não fosse por você puxando assunto comigo perguntando se aquele também era meu favorito com empolgação. Eu fui sincera e disse que não, que apenas tive vontade de tomar algo doce e por algum motivo esse assunto te interessou e continuou a conversa. Em algum momento eu acabei dividindo uma das mesas daquela cafeteria com você e, quando percebemos que já estava na hora de ir embora você por um momento pareceu sério, até deprimido, então soltou a frase:

- desculpa incomodar... - com um sorriso fechado e olhar baixo

Mas você havia sido tão gentil...doeu perceber sua insegurança

Eu sorri em resposta, estendi minha mão e te contei meu nome junto com minha sincera opinião sobre o quão agradável aquela conversa foi, seu sorriso voltou correspondendo meu aperto de mão:

- Bokuto Koutarou, até mais! - acenou indo em direção contrária do meu caminho

Dessa vez eu desejei encontrar você novamente, lamentando minha timidez para pedir seu número eu segui até minha casa

Mais uma ida a cafeteria, mais uma vez que encontro você.

Já parecia irônico a quantidade de vezes que nos encontramos ao acaso

Você veio direto ao meu encontro quando me viu sentada sozinha apreciando meu macchiato, com seu chocolate quente em mãos e o simpático sorriso em seu rosto se sentou em minha frente já arrumando algum assunto conseguindo fazer a conversa fluir naturalmente...é um talento de dar inveja

Uma hora pareceu ter passado em um piscar de olhos e em 20 minutos eu teria que ir trabalhar, mas estava lá ouvindo o animado Koutaro falar sobre como filmes de terror são desnecessários com as bochechas doendo de tanto gargalhar:

- Sério, adoro a natureza, mas me explica como eu vou me enfiar em uma casa no meio do mato depois de ver um filme daqueles?! - pergunta com certa indignação

Eu ri respondendo sua pergunta, mas logo eu tive que me despedir. Fui embora dessa fez felizmente com seu número salvo em meu celular!

e naturalmente nossa amizade se desenvolveu

Com o frio se intensificando junto com o final de dezembro chegou o Natal, já fazia 2 meses que nós nos encontramos e junto desse tempo mais conhecimento sobre o outro e até uma certa intimidade.

Eu não achava um tempo válido, melhor dizendo: ainda parecia bem recente, mas dizer que não gostava de você seria uma grande mentira. Mesmo assim não esperava nada naquele Natal e pareceu que você fez questão de me surpreender, assim como quando eu lhe contei que sou uma amante de vôlei e com maior naturalidade você me disse que é um jogador profissional. Foram dias pra superar o choque, de um jeito bom, claro.

Na manhã do dia 25 recebi uma mensagem sua, dizendo que iria viajar naquela manhã mas queria falar comigo antes de partir. Perguntei se queria ir a cafeteria mas você negou, dizendo que seria rápido e seria um desperdício de tempo para mim então te mandei meu endereço - 15 minutos depois lá estava você tocando a campainha com uma caixa cinza em mãos arrumando o grande laço vermelho que a mantinha fechada

- Bom dia! - você disse assim que abri a porta rindo do meu jeito desajeitado de tentar manter meu cachorro dentro de casa

te convidei para entrar, mas você negou dizendo que já estava atrasado mas que voltaria lá um dia, com estranha timidez me estendeu a caixa sorrindo com suas bochechas avermelhadas, gostaria de saber se era o frio que nos cercava ou se era vergonha que pintavam suas orelhas e bochechas de um vermelho suave

- Eu queria te dar alguma coisa... - coçou a nuca desviando seu olhar - sabe é Natal! Eu não sou um Papai Noel mas...bem espero que goste - ri da maneira como se atrapalhou com as palavras

Tentei abrir a caixa ali mesmo mas você me impediu com certo desespero falando para fazer isso depois e, com pressa se despediu

Assim que seu carro saiu de meu campo de visão eu corri até a mesa colocando lá a caixa tirando o grande laço vermelho; assim que a abri me deparei com a camisa do seu time com o número que você costuma jogar e seu nome estampado, junto dela um post-it com o recado:

"para você torcer por mim ;D"

e assim, percebi que era impossível não ficar boba pelo cara que dormiu na praça.

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olá :)), é uma histórinha bem simples e rápida mas foi feita com carinho, espero que tenha gostado ♡

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Soneca na Praça ☀︎︎ Bokuto Koutarou (Haikyuu!!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora