Capítulo 18

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Depois daquele dia eu dormia mais na cama do Ret, do que no meu próprio quarto, estávamos com outra vibe, nem parecia que eu estava aqui por motivos de grana.

Já passou 8 meses, já estava perto de completar um ano que estou aqui, eu já posso transitar livre pelo morro, mas para sair do morro só para trabalhar e com a companhia do Cabelinho, que se tornou um irmão.

Nesses 8 meses, eu e Ret melhoramos muito, mas óbvio que ainda nos estranhamos, e a maioria das vezes é pelo mesmo motivo: Maria.

Ela é uma vadia aqui do morro que sonha em ser fiel do Ret e ele só usa ela pra transar quando ele está estressado na boca ou quando nós brigamos.

Esses dias ela veio querer tirar uma comigo, coloquei a piranha no lugar dela, acho ridículo brigar por causa de macho e dar show na rua, mas eu não ia ficar parada enquanto ela tentava me bater.

Ret ficou puto o que resultou em mais uma briga nossa, Lennin disse que é efeito do pó que ele anda cheirando e que era pra eu ter cuidado, pois ele não pensa muito quando cheira, mas ele não é doido de encostar em mim. Aliás, depois que as meninas assumiram seus relacionamentos e eu dei aquela ajuda, meu relacionamento com L7 melhorou, somos amigos agora.

Acabei de chegar do trabalho e estava juntando dinheiro esses meses todos, fora o dinheiro que as meninas me deram, que por sinal era grana pra caralho.

- Toma, depois você me diz quanto está faltando - entreguei uma mala de dinheiro para o Ret e saí.

Fui para meu quarto que por sinal, fazia tempo que eu não via e comecei a arrumar, pois ele estava uma zona, eu só entrava aqui para me arrumar pra trabalhar ou pro baile.

Depois tomei um banho, me arrumei e mandei mensagem pro Cabelinho dizendo que já estava pronta, ele disse que já estava me esperando e eu sai.
- Fala ae irmãzinha, tu falou com ele ? - ele perguntou dando partida na moto.

- Só entreguei o dinheiro e fui me arrumar, quanto menos na companhia dele melhor, fora que eu ia falar o que ? - disse ajeitando o capacete que finalmente eu aprendi a colocar.

- Vou nem falar nada contigo, sabe que se sobrar pra mim acabou a regalia né ? - ele me olhou pelo retrovisor da moto.

- Eu sei, tu repetiu isso a semana inteira, mas você sabe que se não fosse importante eu não iria pedir - disse tentando falar mais alto que o motor.

- Chegamos madame - ele disse tirando meu capacete enquanto muitas pessoas me olhavam - Vai lá e arrasa viu - ele deu um beijo na minha cabeça e encostou na moto.

Ele iria ficar do lado de fora me esperando, hoje eu saí mais cedo do serviço pois tenho prova final da faculdade e um TCC que eu teria que apresentar, seria a primeira vez que viria pra faculdade depois que fui pro morro.

- Eu devo estar sonhando, meu Deus é você! - a Lari veio correndo me abraçar.

- Oi lindeza que saudade - disse aproveitando o abraço da minha melhor amiga.

- Que roupas são essas ? Parace que você não vê um shopping a muito tempo, bem vintage esse look em amiga - ela disse com desdém.

- Olha só quem resolveu aparecer - disse Guilherme vindo na minha direção - Só podia ter deixado o bichinho de estimação em casa - ele me analisou rindo - E parece que está te transformando em uma deles, não sou da área da moda, mas isso não é grife como você costumava vestir - ele disse pegando minha roupa.

- Tira a mão de mim, e bichinho de estimação é o caralho, me esquece Guilherme - disse desviando dos dois e indo pra sala.

Entrei na sala que seria a prova e fiquei revisando minhas anotações, quando o resto do pessoal começou a entrar, a Larissa convenceu uma menina e trocar de lugar só para ficar ao meu lado, logo o tutor entrou e começou a aplicar a prova, foi as horas mais tensas da minha vida, fiquei em dúvida de 2 perguntas, mas as outras 48 perguntas eu tirei de letra.

Entreguei a prova e me retirei da sala, fui até a cantina e comprei dois dogs, duas cocas e fui lá fora.

- Olha só como sua irmãzinha é boa, trouxe pra tu - disse entregando ao Cabelinho.

- Cara, aí tu tirou onda - ele disse pegando e sentamos na calçada.

- Sério que você me abandonou lá sozinha, pra vir alimentar esse garoto - uma Larissa furiosa descia as escadas da entrada.

- Larissa sem show, e eu não te abandonei, eu terminei a prova e saí - disse e continuei comendo.

- Bacana e você não pensou que talvez eu precisasse de ajuda, não se lembra mais que a gente sempre se ajuda em provas ? - ela disse parando na minha frente.

- Na boa Lari, eu estava morrendo de saudade de tu, mas se for começar com chilique eu não estou afim - disse realmente tentando não me estressar - E é a última prova, como você se virou sem mim esses meses todos ? E se eu não aparecesse tu faria como ? Óbvio que eu não pensei que você precisasse de ajuda - disse o mais calma possível.

- O Guilherme tinha razão, esses favelados te mudaram, eu não sei o que aconteceu e porque você está andando com esse tipo de gente, mas você não é mais a mesma - ela disse com pesar na voz.

- Larissa eu não vou falar de novo porque você me ouviu falando com o Guilherme, então por favor, se não for pra tratar o meu amigo com educação pode ir - disse dando um sorriso pro Cabelinho.

- Eu não acredito que você vai me tratar assim, que vai jogar uma amizade de anos por uma pessoa que nem estava lá quando você mais precisou, que não sabe como foi seu fundo do poço e que não passou noites te levando e trazendo de hospitais, tudo isso foi em vão, ela teria vergonha de quem você está se tornando - ela dizia tudo muito rápido.

- CALA A PORRA DA BOCA - gritei com ódio - Você não estava no meu fundo do poço, você nem se quer sabe quando ele aconteceu, eu agradeço quando esteve comigo, mas não vou admitir que venha jogar algo na minha cara que você fez porque quis e ainda distorcer a história, eu te defendi quando todo mundo te virou as costas e te chamou de escrota pra quê? Pra no final descobrir que as pessoas estavam certas, você é incapaz de ter qualquer tipo de compaixão pelas pessoas, você me empurrava pra quem me fazia mal sabendo que eu precisava me afastar, porque você só pensa em você - disse com os olhos marejados, mas incapaz de deixar uma lágrima cair - Você diz que não me reconhece, mas eu te reconheço, agora sim eu te vejo e eu não gosto do que vejo Larissa, você é a pessoa mais mesquinha que eu conheço e eu não quero pessoas assim comigo, as pessoas que você tanto julga, são as mesmas que abrirão meus olhos, eu não quero te ver nunca mais - ia sair quando me chamaram para apresentar meu TCC, mas voltei - Aliás, bom proveito com o Guilherme, eu não queria acreditar porque eu te considerava muito pra acreditar nisso, mas vejo que você é capaz de tudo e eu não te reconheço, felicidades ao casal - dito isso eu subi as escadas e entrei, deixando uma Larissa estática lá fora.

- CALA A PORRA DA BOCA - gritei com ódio - Você não estava no meu fundo do poço, você nem se quer sabe quando ele aconteceu, eu agradeço quando esteve comigo, mas não vou admitir que venha jogar algo na minha cara que você fez porque quis e ainda ...

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