Tina POV
A voz que escutei do outro lado não era de Heidi e eu não estava acreditando no que eu estava escutando. A voz do outro lado era de Chillie. A única coisa que eu consegui dizer foi "Vou voltar agora mesmo para Phuket. Vai me deixando informada.". Desliguei a ligação e comecei a arrumar minha mala. Apareci na cozinha toda arrumada e com minha mala do lado. Ninguém entendeu nada e eu expliquei o ocorrido.
Comecei a procurar por uma passagem de volta enquanto Natalie se arrumava para me levar até o aeroporto. Comprei a passagem e meu voo saia daqui três horas. Despedi-me de meus pais, que me desejaram bom retorno e que estavam torcendo para que tudo desse certo. Antes de sair de casa eles pediram para eu mantê-los informados.
Meia hora depois chegamos ao aeroporto, Natalie ficou comigo até chamarem pelo número do meu voo. Nos despedimos e entrei. Mostrei meus documentos para a funcionária da companhia aérea. Entrei no avião e procurei pelo meu lugar que não demorei muito para localizar. Sentei e aproveitei para mandar uma mensagem no grupo de nossas amigas. No horário previsto o avião começou a se movimentar na pista e logo estava no ar. Eu teria doze horas pela frente até o avião pousar no aeroporto de Dubai. Essas horas seriam torturantes. Aproveitei para dormir.
Acordei duas horas antes do previsto para a aterrissagem. Eu fiquei me perguntando como era possível ter acontecido o acidente sendo que eu levei o carro para revisão três dias antes. Tive mais seis horas de voo torturante de Dubai até Phuket. Assim que o avião aterrissou e peguei minha mala, avisei no grupo de nossas amigas que já estava em solo tailandês e que iria até o hospital de táxi. Entrei no táxi com a minha mala e informei ao taxista o endereço. Pouco tempo depois ele parou em frente ao hospital, paguei e entrei no local. Na recepção encontrei Marima, Chillie e Charlotte. Abracei as três e olhei para a minha cunhada.
- Como ela está?
- Acho melhor você ver com seus próprios olhos.
Chillie me levou até o quarto e resolveu me deixar a sós. A visão de Heidi ali não era das melhores, me segurei para não chorar. Ela tinha um tudo em sua boca e vários outros fios em seu corpo monitorando seus órgãos. O braço esquerdo estava engessado. Em seu lado direito tinha uma poltrona, me sentei ali e minha mão ficou por debaixo da sua e com a direita coloquei por cima, deixando sua mão no meio das minhas.
- Meu Deus, ajude ela a sair dessa. - Foi o que falei depois de vê-la. - Heidi, me perdoe por isso ter acontecido com você já que você estava no meu carro. Me perdoe por você estar nessa situação. - Acariciei sua mão um pouco. Permaneci ali em silêncio por mais um tempo apenas observando-a.
Escutei batidas na porta do quarto, Chillie abriu para saber como eu estava. Ela me abraçou.
- Quando sua mãe chega?
- Depois de amanhã. Se quiser ir descansar, pode ir Tina. Você deve estar cansada. Eu vou ficar com ela essa noite. - Chillie disse se referindo a irmã. - Qualquer coisa te aviso.
- Realmente estou cansada.
- Até que horas você fica aqui?
- Amanhã cedo vou trabalhar. A Marima vem ficar com ela durante o dia.
- Eu fico com ela no período da noite. Assim você pode descansar.
Chilli agradeceu por isso e resolvi ir para casa descansar. Marima e Charlotte tinham ficado na recepção com minhas coisas, despedi-me delas e disse que ia embora. Charlotte insistiu em me dar carona. O trajeto até minha casa foi feito em silêncio. Despedi-me e agradeci à Charlotte pela carona. Entrei em minha casa e deixei as coisas de lado. Fechei a porta e resolvi que iria descansar. Tomei um banho e não consegui segurar o choro. Minhas lágrimas se misturaram com as gotas de água do chuveiro. Fiquei ali pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. De alguma forma me recompus, desliguei o chuveiro e peguei a minha toalha. Passei meu creme corporal e me vesti. Fui até a sala, peguei meu celular e disquei o número de Natalie. Mudei para chamada de vídeo e resolvi explicar a situação de Heidi. Eles desejaram forças para mim e que eu preciso ter fé. Eles ainda não tinham uma data para vir. Despedi-me, pois precisava descansar. Foi muita coisa em pouco tempo. Deitei na minha cama já pensando no que fazer no dia seguinte. A primeira delas seria comprar um carro novo. Agora com Heidi no hospital eu não poderia ficar sem um carro. Deitei e não demorei para pegar no sono. Acordei com o barulho do despertador. Levantei-me e preparei um café da manhã. Nesse meio tempo meu celular notificou uma mensagem. Era da seguradora do carro informando o que eu já tinha quase certeza. Meu carro deu perda total e que ainda estava em perícia. Agradeci e segui com as minhas tarefas. Ajeitei rapidamente algumas coisas em minha casa, me arrumei e fui até o centro de Phuket. Vi o mesmo modelo do meu carro na cor preta, entrei na loja e conversei com o vendedor. Tirei algumas dúvidas e negociei com o vendedor. Comprei o carro. Eles adiantariam a documentação e eu já saí com o carro da loja. Aproveitei para fazer a transferência em meu nome. Um pouco antes do almoço fui até o meu quiosque. Fiquei na recepção e consegui vender suas pranchas e fechei dois pedidos por encomenda. Respondi alguns e-mails de cotação de preço e fiquei até umas três horas ali. Fechei e voltei para casa. Coloquei o carro na garagem. Entrei e meu celular tocou.
- Olá Tina, precisa de carona para ir até o hospital?
- Não será preciso Charlotte. Comprei outro carro. Hoje cedo fiquei sabendo que o meu deu perda total. Agradeço pela atenção.
- Você vai ficar lá com ela essa noite, né?
- Sim, porque?
- Te vejo quando o dia amanhecer. Até mais.
Charlotte encerrou a ligação e eu tive que pegar algumas coisas para levar até o hospital. Coloquei algumas coisas para comer em uma mochila, minha escova de dente, pasta, pente de cabelo, carregador de celular e mais algumas coisinhas. Deixei a mochila em um canto e aproveitei para deitar um pouco apenas para relaxar um pouco. Isso se fosse possível. Lembrar que Heidi estava respirando com a ajuda de aparelhos era em si algo que me doía. Deu o horário e dirigi até lá. Entrei e encontrei com Marima que tinha beber um pouco de água no bebedouro.
- E como ela está? - Perguntei querendo saber como foi durante o dia.
- Sem muitas novidades Tina. Vou ficar um pouco mais com ela.
Marima entrou no quarto e eu fui na recepção para acertar algumas coisas. Ninguém saberia que todos os custos de Heidi seriam de minha responsabilidade. O horário de Marima para ficar de companhia com Heidi chegou ao fim. Ela veio até mim me desejando uma boa noite e então foi embora. Entrei no quarto e sentei na poltrona. Fiquei ali apenas observando Heidi. Peguei minha mochila e tirei o notebook, liguei e comecei a mexer em algumas coisas. Respondi alguns emails, comecei a simular algumas cores no programa em que eu usava para ter ideia de como ficaria nas pranchas. Umas duas horas depois sai para pegar um café e encontrei Charlotte e Engfa na recepção.
- A gente estava por perto e viemos ver se você está bem. - Engfa comentou.
- Um pouco cansada. Estava adiantando algumas coisas do trabalho no notebook. - Comentei.
- Precisa de alguma coisa? - Charlotte me perguntou.
- Podem ficar com ela um pouco. Preciso buscar um café.
- Sem problemas. - Charlotte falou e eu fui em direção a uma daquelas máquinas de café. Escolhi um e aguardei a máquina fazer a sua parte. Peguei meu copo e fiz o caminho de volta até o quarto de Heidi.
Eu acho que estava ficando louca, mas acho ter visto alguém que eu não me lembrava de onde. Engfa estava do lado de fora do quarto sentada em uma cadeira, entrei e Charlotte estava de pé já pegando sua bolsa. Nos despedimos e então ela saiu. Sentei-me novamente na poltrona e voltei a mexer no meu notebook. Dei um gole no meu café e foquei nas minhas tarefas. As luzinhas e os sons baixos nos monitores informavam que nada de anormal estava em Heidi. Abri o bloco de notas e comecei a digitar o que me vinha à mente. Quando percebi que meu sono estava vencendo, decidi desligar o notebook e me acomodar de uma maneira melhor na poltrona. A próxima medicação de Heidi era pela manhã. Coloquei meu celular para despertar meia hora antes. Fiquei quietinha no meu canto até o cansaço me vencer.
Acordei com o barulho do meu celular. Organizei a minha pequena bagunça e uns vinte minutos depois escuto batidinhas na porta, era a enfermeira. Aproveitei que ela ia ficar ali um tempinho e fui para o banheiro lavar o rosto, escovar os dentes e pegar um café. Retornei ao quarto de Heidi e pouco tempo depois Charlotte apareceu. Chillie tinha me enviado uma mensagem para me avisar se eu não conseguiria buscar a senhora Jensen no aeroporto. Respondi com um "deixa comigo" e ela me passou o número do portão de desembarque. Depois que deixei o aeroporto com a mãe de Heidi, levei-a até a clínica para deixar sua mala ali com a Chillie e levei-a até o hospital.
- Tem alguém com ela agora Tina?
- Sim, estamos nos revezando. A Charlotte está com ela. Eu fiquei no turno da noite e vim buscar a senhora.
- Você deve estar cansada.
- Eu consegui dormir um pouco no quarto.
Parei o carro em frente ao hospital e despedi-me da mãe de Heidi. Esperei ela entrar e então fui embora. Cheguei em casa e fui fazer algumas coisas. Depois do almoço deitei um pouco no sofá e acabei adormecendo. Acordei e já tinha anoitecido. Preparei algo para jantar e depois do banho iria ler algum livro na minha cama.
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Mais Que Verão
RomanceSerá que um amor do passado é capaz de renascer e esse romance ser vivido depois de alguns anos?