Capítulo 2 - Olhares distintos

110 16 41
                                    

Hyunjin

No dia seguinte, Yongbok e eu resolvemos sair para dar uma volta pela cidade. Durante a nossa última passagem com o grupo pela França, nós tínhamos aproveitado para conhecer lugares legais juntos, mas tinha um bom tempo que não fazíamos o mesmo em Seul, e por mais que ali fosse o local em que residíamos, não era como se conhecêssemos tudo da capital, sempre havia como descobrir novos locais pela cidade e a gente resolveu explorar isso em nosso primeiro dia de férias, que também seria nosso último dia juntos antes de nossas viagens separadas.

Estar na companhia de Lix era muito agradável, além de ser extremamente confortável, pois acabávamos tendo um gosto muito parecido e concordávamos facilmente na escolha de nossas rotas. Museus, cafés e ruas históricas nos atraíam como imãs e Felix combinava com todos esses ambientes.

- Você gostou desse? - perguntou após se virar para mim, depois de ter observado um quadro por um tempo, mas naquele momento em específico, eu não estava prestando atenção na obra de arte, pelo menos não naquela.

- Gostei - respondi, sem ter tirado os olhos dele nem por um segundo.

- Tem certeza? Achei que abstracionismo não era bem a sua escola.

Eu apenas mantive meu sorriso em resposta, meio confuso se ele tinha entendido a minha resposta no duplo sentido e estava sendo irônico ao me dizer aquilo, como se estivesse se comparando com uma arte abstrata, ou se Yongbok realmente estava fazendo um apontamento sobre os meus gostos artísticos.

- E então? - indagou, tentando saber o que eu estava pensando a respeito da pintura. - O que você achou?

Fitei o quadro por uns segundos e depois olhei para Felix de baixo para cima, propositalmente.

- Muito lindo - falei, claramente comentando sobre ele mais uma vez e não sobre a obra.

As sardas dele se acentuaram ao passo que as maçãs de seu rosto coraram, e eu não consegui não rir daquela reação involuntária.

- Pare com isso - pediu Lix em voz baixa, fitando-me com um olhar lisonjeado e adorável, enquanto se segurava para não rir e entregar que tinha achado graça no meu flerte bobo.

- Está bem, não farei mais até chegarmos em casa.

Não foi exatamente uma mentira, pois não me atentei a falar mais nenhum gracejo do tipo durante o restante do nosso passeio, no entanto, não conseguimos nos conter de trocar olhares significativos por onde quer que passássemos, e aquilo foi divertido do início ao fim.

Acabamos nos aventurando por mais alguns museus até decidirmos jantar em um restaurante, e depois dali, demos uma última volta na ponte do Rio Han, tirando fotos um do outro e aproveitando a brisa daquela noite, para só então voltarmos para a sua casa.

Retornamos em um clima tão bom, que assim que entramos no quarto, eu nem precisei perguntar se já poderíamos voltar a paquerar, pois Lix automaticamente começou a me beijar, despindo a minha jaqueta enquanto fazia isso, e eu apenas acompanhei o seu ritmo, deixando-me envolver pela sua energia.

O que estávamos vivendo desde que retomamos o nosso romance, era algo leve e sem nenhum tipo de imposição. Nossa relação se baseava apenas em fazermos companhia um ao outro, sem esperar nada disso, e estava bastante claro para mim que isso só rolava dessa forma porque eu havia evoluído bastante em quesito emocional, pois se fosse alguns anos atrás, estaria temendo me entregar demais, sem ter certeza de qualquer recíproca dele perante meus sentimentos.

Diz Que SimOnde histórias criam vida. Descubra agora