27/08/2000 foi quanto eu vim ao mundo. No mesmo dia, fui prometida a um príncipe que era apenas 2 anos mais velho que eu. Minha mãe diz que ele é de boa família, por isso eu deveria me casar com ele. Mas eu nunca fui amiga dele, nós não conversávamos, era tudo muito estranho, ele parecia me odiar, e na frente dos adultos era todo bonzinho.
Crescemos juntos, sabendo que no futuro nos casaremos. Aquilo de parecer que ele me odeia, com o tempo ficou bem claro. O garoto afirmava me odiar o tempo inteiro, e vivia a implicar comigo, o que fez eu odia-lo também.
Na adolescência, Erick estava namorando uma menina do reino vizinho. Eu me senti traída, senti tantos ciúmes como nunca, mas eu não entendia, se eu não amo ele pq eu me importo? Que ridículo!
Erick nunca parou de me irritar, o tempo inteiro estava puxando minhas tranças, roubando a minha coroa, correndo pelo palácio com minhas jóias e fazendo de tudo para me atormentar. Até que um dia ele parou, não comentava sobre o meu cabelo, não roubava minha coroa, não falava nada para me irritar. Percebi que eu gostava disso, mas eu jamais iria pedir para ele voltar a fazer isso. Me pergunto qual será o motivo dele estar assim agora, ele jurava me perturbar pelo resto da minha vida.
Agora tínhamos 14 e 16 anos, Erick não era mais o mesmo, agora era quieto, não sorria para nada, não brincava com ninguém, quase nunca saia do quarto. Já eu, fiquei muito mais extrovertida, queria fazer alguma coisa o tempo inteiro, quase nunca estava no quarto. Eu não era livre para sair do palácio, as únicas coisas que me deixavam fazer era brincar pelo palácio. Erick era minha única companhia, mas agora, só vive nesse quarto.
Sempre que passo para o Jardim eu passo pelo seu quarto, e sempre penso em bater na porta, mas imagino que ele não abrirá, então ignoro.
Além de Erick, minha única companhia era meu coelhinho Tommy, eu desabafava tudo com Tommy, um dia fui até o jardim, procurei Tommy por horas, até ver um buraco na cerca. Sim, Tommy fugiu, o meu único amigo, único com quem eu podia conversar, ele foi embora...
Voltei para o quarto correndo, eu chorava como nunca, não me importava com quem me ouvia, nem com quem estava tentando dormir, eu perdi meu único amigo, e o que me resta é chorar.
Erick pov's
Estava uma tarde bem chata, eram por volta das 17:40. Ouvi alguém correndo do lado de fora do meu quarto, logo ouço uma porta bater e depois, Kate começa a chorar. Eu ouvia todas as vezes que Kate chorava, nossos quartos eram um ao lado do outro, então era bem fácil de ouvir. Creio eu que tenha sido algo grave, não ouço ela chorar a mais os menos 1 ano. Eu odeio ela, mas eu não sou um monstro.
Fui até seu quarto e bati na porta
- Quem é? - ela responde com a voz meio trêmula
- Sou eu, Erick
- Vai embora, não preciso de ninguém me zoando agora
- Eu não quero te zoar, pelo menos não hoje. Abre a porta, quero conversar
- Eu não vou cair nessa, Erick
- Não tem nada para você cair, eu só quero saber o que aconteceu, eu prometo.
Ela finalmente abriu a porta, os olhos da garota estavam vermelhos como sangue, suas lágrimas pareciam infinitas, nunca a vi chorar daquele jeito. Eu não gostava de ver Kate chorar, dês de quando ela era pequena eu sempre impedi ela de chorar, com um brinquedo, uma brincadeira, uma música.
- Tá bom, chega de choro - digo enxugando as suas lágrimas
- E se ele não voltar? - ela chora mais ainda
- Espera, ele quem?
- Meu coelho
- Claro que ele volta, aquele coelhinho tá aqui a anos, só deve ter isso descobrir mais coisas sobre o mundo, ele já deve estar voltando - tento amenizar a situação
- Se o mundo lá fora for tão interessante quanto eu penso, ele não volta nunca mais - ela afunda a cabeça nos travesseiros
- Espera aqui - saio do quarto
Se ele saiu a esta tarde ele não pode ter ido muito longe, talvez eu consiga acha-lo. Pulei a cerca e logo vi Tommy brincando com outra coelhinha. Eu não sabia se ela ia querer só ele, então levei os dois.
- Tá aqui, ele não fugiu, ele tá namorando.
- Você achou ele! - ela diz pegando os coelhos de meus braços - Você vai se chamar ... Como acha que devo chamar ela?
- Ah, não sei, talvez Mia?
- Gostei, você se chama Mia!
Fiquei um tempinho olhando para ela, eu não tinha mais o que fazer alí, então abri a porta para sair do quarto.
- Espera! - ela segura minha mão - obrigada.
- Por nada!
- Você...pode ficar para brincar comigo?
- Não acha que já está grande demais para brincar? Você tem 14 anos.
- Não tem nada para fazer nesse castelo, a única coisa que resta é brincar
- Eu vou te ajudar a se divertir! Vem comigo
Kate pov's
Eu estava muito ansiosa, eu nem questionei o por que dele estar me ajudando.
Chegamos no jardim, era o canto mais escondido do jardim, nunca tinha visto aquele lugar.
- O que vamos fazer aqui?
- Você vai ver - ele diz afastando alguns arbustos da cerca, e revelando uma porta.
- Uau, a quanto tempo isso está aqui?
- muito tempo antes de nós dois nascermos - ele diz abrindo a porta - você não vem?
- Não sei se devemos, o mundo lá fora é perigoso
- O perigo é mais divertido - ele estende a mão para mim
Apenas dou um sorriso e seguro sua mão. Erick me mostrou lugares incríveis, cachoeiras, Riachos, florestas, casas abandonadas, cavernas, casas na árvore e o melhor de todos, a ponte para cidade.
- Não é lindo o mundo aqui fora? - Erick diz sentando em uma pedra
- É esplêndido
- Nossos pais querem nos privar das maravilhas do mundo, mas eu nunca obedeci elas, eu sempre saí para a cidade, sempre fugi do palácio para conhecer a vida
- Você tem tanta coragem...Eu nunca passaria por cima das ordens dos meus pais.
- Você acabou de passar
- Eu sei, e me sinto mal por me sentir bem fazendo isso.
- Não tem muita coisa de errado em passar por cima de regras as vezes.
Ficamos em silêncio observando a cidade até que escurece, e voltamos para o castelo.
Imagine a minha surpresa ao entrar pela porta da cerca e ver a minha mãe, meu pai, a mãe de Erick, e 3 guardas. Todos pareciam furiosos e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa minha mãe me puxou pelas orelhas.
- Você quebrou a maior regra deste lugar! - ela diz furiosa
- Não foi culpa dela, eu quem a chamei, não jogue a culpa para ela, foi tudo culpa minha, então se alguém precisa ser castigado, esse alguém sou eu. - Erick confessou
- Não! A culpa é minha! - eu digo por não querer que Erick seja castigado.
- Bom, como não sabemos de quem é a culpa, os dois serão castigados. Vocês jamais se falarão até o dia do casamento! - diz a mãe de Erick, com rigidez
- Isso não é justo! Se vamos nos casar devemos ter pelo menos uma amizade - digo indignada
- Silêncio, Kate. - minha mãe diz
- Sim, mamãe - digo com tristeza.
Depois daquele dia, Erick e eu não nos falávamos mais, passávamos um pelo outro sem sequer nos olharmos, eu me acostumei com isso, e creio eu que ele também.
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amor de mentirinha
RomanceEu sou Kate, e minha história começa dia 27/08/2000, onde fui prometida para um príncipe.