Novamente Império

29. Sangue nos olhos

Certas coisas nunca mudavam mesmo, e a teimosia de Zé Alfredo era uma delas, já que mesmo Josué lhe mostrando em mãos provas de que Santiago estava roubando a Império, o comendador não acreditava nisso. Afinal, mesmo sendo um inimigo, Santiago era tudo, menos um covarde, ele não ia agir dessa maneira e Zé Alfredo sabia muito bem disso.

Só que Josué não tinha tanta certeza disso, sendo que nunca confiou no filho de Lupita assim como nunca conseguiu confiar nela.

- Ninguém deve saber disso Josué, e isso vale principalmente pra minha esposa e meus filhos - Diz o comendador arrumando os seus bigodes com verdadeiro aprumo mesmo sem um espelho - Mesmo porquê, algo me diz que isso não é coisa de Santiago.

- Mas como pode ter tanta certeza disso, Comendador?

- Intuição - Diz ele - Esse não é o modo de agir dele, Josué, mesmo porque, ele têm muito mais dinheiro do que eu, e não ia agir assim. Ele quer me atingir, mas não dessa maneira.

- De qualquer forma, eu vou continuar de olho bem vivo nele.

- Sim, faça isso.

Sozinho em seu quarto observando sua filha dormindo, Zé Pedro não parava de pensar no dia em que Danielle morreu. Algo não se encaixava nessa morte. Algumas horas antes ela o procurou visivelmente abalada como se tivesse com medo de alguma coisa, ou melhor dizendo d e alguém.

Então Bruna acorda e vai até ele o abraçando, com lágrimas nos olhos, ela estava chorando por causa de sua mãe. Que apesar dos pesares, fazia muita falta a pequena.

- Por que a mamãe teve de ir, papai? Ela não me amava mais? E por isso foi embora pra sempre?

- Ô minha pequena - Ele a pega no colo com a maior ternura do mundo - O que aconteceu com a sua mãe não tem nada haver com você. Você não teve culpa de nada, meu bem.

- Eu sei que ela não me amava - Isso aperta o coração dele de tal maneira que ele quase chora junto com ela naquele exato momento - Mas mesmo assim, eu sinto a falta dela, eu devo ser mesmo uma boba, né?

- Não. Você não é - Beija a testa dela com muito carinho e ternura - Você é uma menina incrível, nunca se esqueça disso. Você é a pessoa mais importante de minha vida - A tornozeleira eletrônica o incomodava um pouco, mas só de tá perto de sua filha, tudo valia à pena - Eu não saberia viver sem você.

- Então por que a mamãe não me amava, papai?

- Porquê Danielle era uma boba, isso sim - Diz ele - Agora fique aqui que vou preparar um chocolate bem quentinho pra você, quer?

- Sim, mas antes só me abrace um pouquinho por favor, paizinho.

Ele apenas a abraça e em seguida vai até a cozinha onde começa a pegar o que precisava da dispensa para fazer o chocolate quente de sua filha.

- O que será que aconteceu com a Danielle antes dela morrer? - Começa ele em voz baixa - Quem a matou? E por quê?

- Também não consegue dormir? - Era sua mãe - Tá tudo bem, Zé Pedro?

- Não sei, mãe - Se vira para ela - Eu estava pensando no que aconteceu a Danielle.

- Não foi você que a matou, ou foi?

- Não, claro que não, por quem me toma, mãe?

Meses antes...

Estavam quase todos na Império fazendo preparativos para o relançamento da mesma, menos Zé Pedro que não abria mão de um bom livro da literatura Brasileira, neste caso Dom Casmurro de Machado de Assis. Foi quando Danielle apareceu um pouco fora de si.