Prólogo

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   A parte mais difícil na vida de um artista, era com toda certeza o bloqueio mental.
  Onde parece que as ideias que um dia existiram, se esvaíram, e abandonaram o criador.
   Sentada com as pernas entrelaçadas, e olhos fechados, deixando o vento bagunçar seus cabelos, Kim Da-yun meditava a procura de suas ideias.

    Ser diretora de cinema sempre fora o sonho dela, a sua criança interior vivia em festa por todos os feitos já conseguidos com grandes sucessos lançados em seus dramas coreanos. 

  Com um bico em seus lábios ela se questiona se sua criança dormiu ou foi embora com as ideias.
Da-yun assinara um contrato e precisava entregar um novo drama para sua emissora, mas criar um roteiro que prendesse, que transmitisse tudo que ela estava sentido, e com um bloqueio insistente era complicado, até para diretores mais experientes que ela.
Por essa razão, ela decidiu tirar um tempo, antes de começar a trabalhar no novo drama, então decidiu realinhar seus pensamentos nas casas de seus pais no interior de Gimhae.

— Conseguiu algo? – os pensamentos de Da-yun se vai com o vento quando uma cesta cheia de ovos é posto em seu colo.

— Não, mãe. – a mulher suspira desanimada, mas se levanta aninhando a cesta em seu braço com cuidado.

Os pais de Kim Da-yun tinha uma pequena chácara com alguns animais. Ela sorri ajeitando os ovos que sua mãe acabará de coletar. O trabalho duro de seus pais, as vendas de alimentos próprios dos animais da chácara deles, é que garantiu todos os estudos de Da-yun. Mesmo que agora ela pudesse dar uma vida melhor para seus pais, eles nunca aceitaram deixar aquela vida, eles estavam felizes e realizados por ter a única filha bem encaminhada na vida, e não abririam mão da paz e sossego que tinham ali.

— Temos visita.– senhora Hae-won diz animada.

— Ah é? Quem?

— Não faço ideia. São alguns jovens que estavam de passagem, e estão gravando alguma coisa. – ela da de ombros.

— Você e papai concordaram com isso? Vão receber por isso? – ao questionar isso a jovem mulher recebe um tapa no braço.

— Francamente Da-yun! Só estão de passagem e gostaram da nossa chácara.

— Se você diz. – ela diz tentando disfarçar sua irritação repentina.

Não muito longe dali ela notou realmente a presença de algumas pessoas. Tinha vários carros luxosos estacionados na entrada da chácara.

— Até parece cena de filme – ela retruca consigo mesmo.

Apoiando a cesta em baixo de seu braço, observa sua mãe conversar com as pessoas gentilmente. Sua atenção é direcionada para um rapaz alto de cabelos negros, um pouco grande e bagunçado.
Ela se aproximou achando engraçado a cena dele se gravando com o celular.

— Eu não tô fazendo nada, olha as galinhas! – ele vira o celular mostrando as aves.

— Cuidado que elas correm atrás de blogueiros.

O jovem parou de gravar e deu sua atenção para ela. Reparando seu estilo estranho de jardineira e blusa moletom, com os cabelos metade preso e metade solto.

— Não sou blogueiro – ele responde por fim — Só estava tentando irritar algumas pessoas.

— Você parece ter talento pra isso – ela diz baixo mas o suficiente pra ouvir.

— Você deve ser a dona da casa. – ele diz e a cumprimenta devidamente e ela retribui. — Sinto muito pela intromissão. Mas não me contive ao ver esse lugar tão lindo, eu daria tudo pra ficar aqui.

O jovem diz e seus pensamentos ficaram distantes, Da-yun não queria fazer parte da introspecção do garoto e deu meia volta, na intenção de voltar para sua casa.

— Isso aí são ovos?

— Não, são cenouras...

Antes que o jovem pudesse responder, um sorriso se formou em seu lábio quando Da-yun levava seu segundo tapa do dia.

— Isso é jeito de falar com o rapaz?

— Não tem problema senhora, eu que fiz uma pergunta idiota.

Da-yun faz uma careta de como se fosse óbvio isso.

A cena um pouco constrangedora dura apenas alguns segundos, pois um homem vestido elegantemente e que parecia nada feliz por estar ali, bate nos ombros do rapaz indicando que precisavam ir embora.

— Peço mil desculpas pela perturbação que causamos. – o rapaz diz gentilmente que prende a atenção de Kim Da-yun por alguns segundos.

" Ele ficaria bem atrás das câmeras " pensou consigo mesma.

— Foi um prazer recebê-los. Não costumamos receber visitas. Mas posso dizer que vocês alegraram nosso dia. Não é Da-yun?

— Uhum. Muito alegre. – ela força um sorriso tirando um do rapaz.

O homem elegante entrega uma caixa decorada nas mãos de Da-yun que olha confusa.

— Como forma de agradecimento, por nos receber despretensiosamente.

Antes que ela pudesse falar qualquer coisa todos aí se retiraram automaticamente para dentro dos veículos. Da-yun só teve tempo de analisar um cartão com uma assinatura, e no verso uma foto do rapaz, e em letras douradas escrito Jin, logo abaixo algumas informações empresariais e a logo de um grupo de Kpop muito famoso. BTS.

" Jin do BTS? " ela pensou abismada. Por isso a fisionomia artística chamou tanto atenção dela. Da-yun entregou a caixa bonita para a sua mãe e deu alguns passos antes que Jin entrasse no carro preto.

— Ei, Jin do BTS! – ela chamou.

Jin se apoiou na porta do carro achando graça do jeito em que foi chamado. Ela não fazia ideia de quem ele era.

— Pois não senhorita.

— Pra você.

Da-yun estende a cesta de ovos recém coletados, reprimindo um sorriso travesso. Mas no fundo ela sabia que ele gostaria do humilde presente.

Jin segurou a cesta receoso e encarou Da-yun.

— O que eu faço com isso?

A expressão dela mudou rapidamente. Como podia ser tão idiota?

— Não sei. Mas se preferir você pode sentar em cima e chocar eles.

Um dos caras - seguranças - presumiu ela, não se conteve e soltou uma risadinha.

— Caso isso aconteça, eu mando eles de volta pra você. – Jin sorri — Mas obrigado pelo gesto singelo.

Da-yun apenas manea a cabeça e se vira finalmente pra ir embora.

— Até mais Da-yun. – ele grita e ela se impressiona com a facilidade dele de decorar nomes.

— Não tem até mais, Jin do BTS.

Através dos seus olhos [ Kim Seokjin ]Onde histórias criam vida. Descubra agora