Necrose

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Os ombros que se curvam
Para tentar juntar meus pedaços
Tanto tento, mas nada consigo
Pois, na verdade, já não tento mais

Quantas lágrimas me derramou
Quantos grilhões me amarrou
Quantos corações me arrancou
Que cada vez mais se estende
A fila para um novo transplante
Mas sempre recebo o mesmo:
O mesmo coração, cada vez mais pesado

Me causa dor que explode
Me foge do peito
Me entala na garganta
Não posso falar
Tão odiosos são
Tão odioso me tornei

Me equilibrando na beira
Desse penhasco pré moldado
Poder escorregar seria um alívio
Liberta-me ou vocês sofrerão suicídio
Pois quem morto já está
Nada perderá

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