Inusitado (Romance Gay)

CAP 35 - Inocente até que se prove o contrário

Eu me vi incapaz de desviar o olhar, preso na intensidade de sua expressão.

Ele caminhou até chegar bem próximo de mim que me matinha petrificado no mesmo lugar o silêncio pesou entre nós por um segundo .

—Eu... Eu não sei por onde começar. - Rhael murmurou, sua voz era chorosa.

Eu me forcei a respirar fundo, tentando encontrar as palavras certas para expressar toda a dor e confusão que eu estava sentindo.

—Não tem que dizer nada , ambos ja sabemos o que aconteceu.  - minha voz saiu fraca, quase um sussurro enquanto comecei a caminhar em direção a porta e foi quando o loiro segurou minha mão.

—Julian.. me deixe explicar,  por favor . - ele implorou com os olhos úmidos enquanto algumas lágrimas desciam pelo seu rosto .

Eu parei por um momento, sentindo o calor de sua mão contra a minha pele, meu coração se apertando com a dor refletida em seus olhos. Era difícil resistir à sua súplica, mesmo que minha mente estivesse gritando para que eu fugisse dali.

—Rhael, eu... - comecei, lutando para encontrar as palavras certas.

Ele apertou minha mão com mais força, como se estivesse se segurando à última esperança de consertar as coisas entre nós.

—Por favor, Julian, me dê uma chance de explicar. Eu sei que errei, eu sei que te magoei, mas... mas há mais nessa história do que você sabe, eu preciso que você me ouça.

Sua voz estava carregada de emoção, suas palavras ecoando no silêncio tenso entre nós. Eu queria acreditar nele, queria acreditar que havia mais para ser dito, mas a dor da traição ainda queimava em meu peito.

—Eu não sei se consigo... - murmurei, lutando contra as lágrimas que ameaçavam transbordar novamente.

Rhael soltou minha mão e deu um passo para trás, seus olhos procurando os meus em busca de alguma esperança.

—Por favor, Julian. Eu sei que não posso desfazer o que parece que eu fiz, mas eu preciso que você me ouça, eu preciso que você saiba a verdade... você vai ser advogado cadê aquela história de que todo mundo é inocente até que se prove o contrário? - sua voz era um sussurro desesperado, suas palavras tocando uma parte de mim que eu havia tentado esconder sob camadas de dor e raiva.

—As provas já estão contra você.  - eu olhei para ele, vendo a dor e a sinceridade em seus olhos, e algo dentro de mim se remexeu , talvez fosse a mesma parte de mim que ainda o amava, a mesma parte que queria acreditar que as coisas poderiam ser consertadas, mesmo quando tudo parecia perdido.

—Por favor . - ele implorou se ajoelhando na minha frente , seu rosto estava inchado e suas bochechas ruborizadas.

—Tudo bem. - murmurei finalmente, resignando-me à inevitabilidade do momento. —Levanta dai e me conte oque você acha que tem de explicação. - eu disse baixo .

Rhael respirou fundo, parecendo aliviado por ter sido dado uma chance, e começou a falar, suas palavras derramando-se .

—Aquela mensagem não era pra mim , o Henrique esteve usando o meu celular essa semana pra transferir arquivos do notebook pra um seminário da faculdade, ele abriu as conta de chat dele aqui , deve não ter fechado . - Ele diz com a voz chorosa. —Julian eu nunca trairia você , nunca !

—Eu não sou idiota Rhael , você ao menos poderia ter uma desculpa melhor.  - eu disse irritado em meio aos soluços que se iniciavam.

—Eu provo pra você.. Aquele Eduardo e o Henrique estão ficando desde as festas de fim de ano , eu nem sequer conheço o cara ou o vi pessoalmente,  só sei quem é porque o meu amigo falou muito sobre ele . - o loiro diz pegando o celular no bolso , suas mãos estavam trêmulas.

Eu o ouvi em silêncio, cada palavra cortando-me mais fundo do que a anterior, mas também despertando uma centelha de esperança dentro de mim, quando ele finalmente terminou, eu me vi encarando-o com uma mistura de dor e confusão, mas também com uma pequena centelha de dúvida .

Rhael me mostrou o chat aberto , a foto de Henrique e o nome do outro no perfil, também me mostrou mensagens onde as fotos foram enviadas e algumas mensagens onde o nome do outro aparecia.

—Porque não apagou as fotos da galeria então? - eu perguntei , nem ao menos notei que isso entregava que eu havia vasculhado o seu celular.

—Eu nem sabia que tinha fotos na galeria, anda tudo tão corrido Julian que as vezes esqueço até de beber água. - O loiro se explicava em meio ao choro .

—Eu não sei o que fazer. - admiti, sentindo-me perdido em um mar de emoções conflitantes.

Rhael estendeu a mão para mim, seus olhos suplicantes.

—Me dê uma chance, Julian .. uma chance para consertar as coisas que nem deveriam estar bagunçadas , uma chance para provar que eu posso ser confiavel , eu prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance para merecer a sua confiança. - ele implorava .

Eu olhei para sua mão estendida, hesitando por um momento antes de finalmente decidir, com um suspiro, eu estendi a minha própria mão e permiti que ele segurasse.

—Tudo bem. Uma chance, mas saiba que será a última. - eu disse diretamente —E vai apagar esse chat daí,  as fotos da galeria e você e o seu amigo vão resolver a merda que fizeram porque o Eduardo deve tá com os mesmos pensamentos que eu a respeito desse cara ou até pior sem contar que o dia de hoje foi uma merda já que estudamos na mesma sala .

Rhael assentiu, os olhos brilhando com determinação.

—Eu prometo, Julian.. eu não vou desperdiçar essa chance.

—Acho bom , eu vou pra casa agora . - eu disse caminhando em direção a porta.

—Vai levar a mala mesmo assim ? - ele perguntou me olhando com olhos de cachorrinho .

—Eu moro lá,  não faz sentido a maioria das minhas roupas estarem aqui .. - eu disse .

—Eu posso ao menos beijar o meu namorado então? - ele perguntou caminhando em minha direção.

—Resolvam a merda que fizeram . - foi a última coisa que eu disse antes de passar pela porta deixando Rhael pra trás após ele praticamente gritar que iriam resolver.