Alguns dias são fáceis, azuis e bonitos. Outros são o total oposto, mas eu não estou falando do clima. Dito isto, os dias de tempestade são os mais dolorosos.
O mais curioso é que os dias cinzentos queimam e ardem. Os dias de chuva doem e a chuva me invade por dentro e me rouba o ar. É como se houvesse uma enchente na caixinha dos meus pensamentos e essa água toda transformasse tudo em uma grande sopa de letrinhas, onde nada faz sentido e as ideias se tornam palavras soltas e desconexas. Daí esses míseros vocábulos restantes são as ideias que abraço, como se fossem bóias que precisam ser agarradas com toda a força do mundo, a única salvação pra que eu não me afogue dentro de mim. E essas palavras e ideias e traumas se amontoam e se tornam as únicas fontes de pensamento, e elas ecoam e se repetem. E ecoam e se repetem. E se repetem. Ecoam. Ecoam e se repetem mais uma vez. E outra. E mais uma dúzia de vezes. E eu olho pros lados e ainda não parou de chover.
Então, olho pra fora de mim. E essa rocha flutuante que chamamos de lar virou sua face pro lado escuro do sol. A lua brilha, e a chuva transbordou.
"Você me pergunta sobre como foi meu dia, e eu te respondo somente à meia noite."
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Nada aqui faz sentido
RandomUm quase diário. Todos os sentimentos e fragmentos de memórias que eu queria entender - ou destruir. Meias verdades, mentiras inteiras e tudo aquilo que eu não sei como dizer.