Capítulo Um

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"Um dia dos infernos" é exatamente como eu poderia chamar o dia de hoje.

O álcool desceu de uma vez pela garganta, quente como lava de vulcão abrindo espaço por onde passava, mas era, de certa forma, relaxante. Não costumava beber coisas fortes assim, mas o momento em questão pedia por isso.

Não importa quantas vezes atualizasse o feed do Instagram, aquela postagem ainda seria a primeira a aparecer. Não sei qual parte de mim agiu mais cedo quando comentei "Parabéns Hunnie! Espero que sejam muito felizes, formam um casal lindo ♡". Talvez fosse, bem lá no fundo, um desejo sincero ou simplesmente falsidade, afinal não podia, de forma alguma, decepcionar e afastar Oh Sehun da minha vida assim.

Diferente dele, eu estava agora sozinho e infeliz, bebendo coisas que nem sabia o nome só para me sentir anestesiado.

Deito o rosto na mão e suspiro. O ambiente ao meu redor era calmo, afinal era um barzinho quase vazio em uma segunda-feira. Nos fins de semana isso aqui enchia de forma enlouquecedora com grupos de amigos que vinham passar tempo e conversar, aproveitar seu tempo livre.

No fundo, música ao vivo era performada. Uma mulher tinha pedido alguma melodia romântica e agora dançava com seu par tendo um sorriso enorme escancarado no rosto. Eu, por outro lado, estava afogando as mágoas em um pequeno copo, que era enchido com frequência.

Minha cabeça já estava doendo. A notícia de mais cedo tinha me desestabilizado e  para completar, tinha acabado com qualquer resquício de "boa convivência profissional" hoje, discutindo com todas as pessoas do trabalho, inclusive meu chefe mal-humorado.

"Você precisa ser mais paciente com seus colegas.", "Nós o advertimos muitas vezes, sinto muito, mas não pode continuar a trabalhar aqui".

Muito prazer, Byun Baekhyun, 22 anos, atualmente desempregado e encalhado. Não sou nem ao menos um estudante universitário ainda e provavelmente vou demorar para ser.

Passava um pouco das 21h da noite. As coisas já estavam meio embaçadas e eu sentia muito, mas muito sono. Os meus trocados foram todos para as bebidas que tomei, sacrificando até mesmo o dinheiro da minha condução de ônibus e agora ia ter que voltar andando para casa.

— suspiro —

Mas, por um segundo, todos os problemas que estavam montados nas minhas costas sumiram quando ouvi a melodia de uma música que eu gostava muito sendo tocada ao fundo.

A pessoa que estava tocando era um garoto. Ele tinha cabelo escuro meio enrolado e óculos com uma armação bem fina na cor preta. Usava camiseta larga e jeans rasgados, talvez ele fosse mais novo que eu, embora parecesse ser bem mais alto. Ele parecia curtir muito aquela música e minha especulação foi confirmada quando ele começou a cantar o primeiro verso.

Sua voz era muito, muito bonita. Tinha um timbre grave que ficava levemente rouco conforme as notas que ele tocava. O garoto se balançava sob aquele banquinho e se inclinava levemente para alcançar o microfone à sua frente. Ele conhecia tão bem cada acorde que dedilhava as cordas com os olhos fechados.

Eu apenas observei em silêncio, embora sentisse uma vontade imensa de levantar e dançar, cantar junto com ele.

Quando a música acabou, as pessoas aplaudiram e ele sorria como agradecimento.

— A próxima música vai ser a última da noite, pessoal. — o garoto disse, segurando o microfone com uma mão e o violão com a outra.

A plateia (mais especificamente a parte feminina dela) fez um som desapontado.

— Por ser a última, vocês podem escolher o que querem ouvir.

E eu não sei o que deu em mim naquela hora. Só sei que levantei e…

Até Você Partir ||ChanBaek||Onde histórias criam vida. Descubra agora