capítulo 06

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17 de março

Quinta feira


Axel Christian.

∆∆

Ela estava inquieta, eu sabia, eu podia sentir isso. Ela estava distante, sem paciência e com lágrimas nos olhos, seus músculos tensos, sua boca sempre arroxeada parecendo estar com frio. Eu sabia que ela não ia controlar o que tinha dentro dela.

Talvez eu deva falar com Meredith, dizer que Jennie não está bem, e dizer também que ela precisa de ajuda, talvez de uma terapeuta. 

Mesmo se ela disser não, eu iria desobedecer, eu não suporto ver minha irmã assim. Ver a raiva em seus olhos, os músculos tensos, porra, ela precisa relaxar.

Os pensamentos iriam matá-la.

Saí do quarto de Jennie e deixei que ela continuasse dormindo.

Percorri o corredor e desci as escadas. O quarto de Meredith ficava embaixo das escadas, mas na verdade ela nunca ficava lá. Sempre nos encontramos em outra pequena cabana fora de casa, no quintal.

Saí para fora de casa e senti meus sapatos esmagar as folhas secas espalhadas pelo terreiro.

Bati na porta de Meredith com calma e esperei que ela respondesse. Mas não ouvi nada. Bati novamente, e se ela não abrir agora, vou entrar.

Um, dois. Contei e entrei, abrindo a porta com brutalidade.

Olhei para um lado, olhei para o outro e não vi ninguém. Olhei ao redor e fiquei perdido observando os cristais, os quadros ultrapassados, as bonecas antigas, as galinhas decorativas em cima da mesa.

 Tudo aqui era organizado e havia prateleiras por toda parte, com temperos e potes de coisas que nunca abri. Havia também uma mesa com papéis e uma linda escultura de borboleta azul com laranja.

A cabana era dividida em duas partes, uma onde nunca entrei, sem porta, apenas com uma cortina, e a outra onde eu estava, onde ela permitia que nós entrássemos.

Jennie e Cody já me pediram para distrair Meredith para entrar, mas isso era pessoal, não podia deixar que eles entrassem sem seu consentimento.

Sinos tocavam atrás de mim, eu sabia que era do local onde Meredith sempre ficava. Ela colocava o sino para saber quando alguém estava entrando.

Por que não uma porta com tranca?

Senti um olhar atrás de mim, mas mesmo assim não me virei, permaneci quieto, esperando que ela se sentasse em sua cadeira na mesa ao meu lado. Ela passou pelo pequeno espaço do outro lado da mesa e se sentou, seu vestido longo e cinza que ia até os pés, seus cabelos grisalhos presos em uma trança para trás.

Seu olho direito era azul desbotado, ela não enxergava nele. E o outro era castanho escuro.

Ela me analisava na esperança de que eu dissesse algo, mas primeiro me sentei e coloquei minhas mãos sobre a mesa.

Talvez ela saiba de tudo, e saiba por que estou aqui.

— Diga-me o que deseja, Axel — ela diz em um tom baixo e calmo.

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