Capítulo 8

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Eu não queria que ele se fosse

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Eu não queria que ele se fosse.

Sabia que quando o nosso momento chegasse ao fim, Pedro só voltaria a me ver daqui três semanas. Era tempo demais.

E não é louco de se pensar? Uma pessoa que esbarrei por acaso estava se tornando um amigo e já sentia saudade sem nem termos nos despedido.

Enquanto o carro ia se aproximando cada vez mais da casa dos meus pais, mais tensa eu ficava. Não queria dizer tchau. Não depois de ter vivido poucas coisas ao lado dele.

Queria prolongar seus dias aqui, para que pudéssemos experimentar os nossos passatempos, contar mais a nosso respeito. Para que eu pudesse continuar sentindo a sensação boa que ele me traz.

Era um desejo insano, eu sei. Mas não precisava haver uma explicação. Pedro faz tudo parecer certo, e para mim é mesmo. Desde a forma como ele me enxerga sem nunca julgar, até as coisas simples que decide só para me agradar, como pedir o brownie que eu amo e comer um pedaço apenas porque insisti muito.

Sim, nem eu consigo acreditar que ele fez isso. Estávamos jantando depois de definir nosso acordo, fugindo do clima estranho que nos pairava, devido ao quase beijo na minha loja favorita, quando o anjo decidiu pedir sobremesa para mim.

Mantive os meus olhos na mesa, contudo, ao ver que as esferas verdes permaneciam vidradas em meus movimentos, não contive a pergunta e deixei escapar:

— Quer um pouco? Eu juro que é delicioso.

O anjo demorou alguns segundos para responder, seu foco estava todo na minha boca e o gesto incendiou o meu corpo, exatamente como antes, mas, dessa vez, perdi o fôlego, precisando abrir levemente os lábios em busca de ar.

Pedro tinha uma maneira única e incompreensível de me causar sensações não vividas. Aquilo era novo para mim, tudo o que ele me causava era.

Será que devo me preocupar com isso?

Preciso da minha amiga, só ela terá a resposta para essas questões.

— Eu tenho certeza de que é — sussurrou, os olhos claros subiram até os meus.

Não sei se deveria pensar aquilo, porém, por algum motivo, sentia um duplo sentido em sua frase. Foi por isso que a minha bochecha esquentou, se tingindo de vermelho em resposta.

O mais engraçado, no entanto, era o fato de eu ter gostado de como soou vindo dele. Com qualquer outra pessoa, teria achado uma breguice.

Então, sem pensar muito, apenas levei o brownie já mordido até a sua boca, vendo-o abocanhar um pedaço pequeno, mastigando lentamente enquanto mantinha as írises em mim.

Pedro não pareceu odiar, mas também não pareceu amar. Ele engoliu e disse:

— É gostoso, no entanto, prefiro os meus pratos salgados.

Eu ri, não me incomodando nenhum pouco com a sinceridade. Algo que tinha descoberto sobre a nossa dinâmica é que, podemos ser nós mesmo, sem medo de críticas ou julgamentos. E até temos um lema, isso é incrível.

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