Culpa

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Eu fiz, tive que fazer, não queria ter feito isso. Aquele homem me ajudou e eu vou coloca-lo atrás das grades. Que tipo de ser humano eu sou? Sou uma aberração medrosa e asquerosa, tenho nojo de mim e da minha alma, que nem sei se ainda tenho. Apenas pretendo dormir e nunca mais acordar, o mundo não precisa de mim, pois com a minha existência tudo é desfeito. 

Queria culpar Julia, mas sei que sou os chifres e rabo daquele demônio que me persegue. Eu poderia muito bem falar toda a verdade, no entanto vou presa também. E porque não? Só pelo simples fato de que sou uma verdadeira covarde e prefiro acabar com a vida de um inocente do que cumprir minha pena.

Ao decorrer das horas, vejo policiais levando o idoso acusado com algemas para longe do hospital. Vejo em seus olhos receio, pânico e desprezo quando me olha, tenho a visão de que a partir de hoje, nada mais vai ser como antes, dado que sou controlada por uma mente nociva e perigosa.

- Te agradeço pelo que fez. Sei que não vai se arrepender no futuro mais próximo.

- Guarde seus agradecimentos pra você. - respiro fundo. - Eu não sei o porque de você exercer isso, Blunk, só peço não me coloque em seus joguinhos particulares, não estou disposta a nada. 

Me coloco em pé com pouca facilidade e caminho até a porta para mostrar a ela a saída.

- Anna, eu entendo que está magoada, entretanto a vida não para e teremos que fazer coisas que não nos agrada. - ela sai do quarto e ainda diz antes de desaparecer da minha vista. - Eu te amo. - então dá as costas e sai como tudo estivesse perfeitamente normal.

Algumas noites se passaram e pude voltar pra minha moradia. Ninguém estava lá além de mim e meus pensamentos. A forte dor no meu peito me balança e me deito sobre o chão, observo o teto branco. Este teto me define, eu poderia ter várias cores, porém sou vazia como o branco.

Poderia pelo menos chorar ao ver novamente sua mãe morta sentada ao seu lado, a frieza tomou conta de mim. Como saber se ela é real ou fruto da minha doentia imaginação? 

Não há como saber. Ele repete a mesma frase como sempre, meu sangue sobe a cabeça, me levanto rápido. Sei que Julia não deveria estar solta como qualquer pessoa e nem viva como alguém que mereça. Não há nada que eu possa fazer além de cobrir seus rastros e me tornar alguém pior. Minha garganta dói no momento que choro e posso ver a minúscula poça de água que formei com minhas lágrimas no chão.

Sabendo que a qualquer hora Julia pode chegar eu me levanto e procuro alguma informação sobre ela em sua mala onde guarda suas peças de roupa. Nada ali, só um papel amassado no meio das roupas íntimas. Antes que pudesse abrir ela chega, mas não vê que eu o guardo no bolso e espero que não sinta falta daquilo enquanto estiver em minhas mãos.

- Fico feliz de te ver de volta. Espero que desta vez você não faça mais nada de que se arrependa. - sua voz maldosa diz com um som doce que parece que dizer algo lindo.

Já me arrependo de te ter colocado aqui dentro. - penso e nada da falo.

Percebo que está contente e seu olhar encantador me enoja. O que veste é algo provocante aos meus olhos, a saia bem acima do joelho e a meia que vai até a coxa. Estou me atraindo por ela? Por essa imunda e nojenta mulher? Com esse corpo maravilho e sua boca vermelha. Eu não a quero pois sei como é, mas a quero pelo seu corpo e o prazer que me traz. Eu vou me segurar, sou um ser humano e não um animal. Só quero a quero jogada na cama, nua e que eu possa chupa-la como nunca. Vou deixar a tentação de lado, e me lembrar do monstro que eu convivo.

- Ana! - ela me chama e demoro até ir a cozinha onde está. - Vou subir na cadeira pra limpar encima da geladeira, segura a cadeira com firmeza pra eu não cair. - ela diz com um soar de sedução, mal pude me conter.

Julia BlunkOnde histórias criam vida. Descubra agora