42.Boa noite loirinha

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Sai do carro e atravessei a rua, logo passando pelas portas de vidro do prédio. Caminhei até a recepção e de maneira despreocupada me apoiei sobre o balcão.

— Boa noite, posso ajudar? - A atendente sorri.

— Boa noite, eu vi encontrar uma amiga, Gina Gray. - Explico.

— Seu documento por favor. - Ela pede.

Tiro meu documento da bolsa e lhe entrego, aquilo era uma desculpa barata apenas para ela se certificar de qual era o meu sobrenome, isso ditaria se eu estava falando a verdade ou não. Não demorou muito para que ela me devolvesse e permitisse minha entrada, logo me falando o número do quarto.

Pego o elevador e subo até o 6 andar aonde o quarto ficava, assim que chego no destino eu saio e totalmente animada para ver a expressão de surpresa de Gina, eu caminho até a porta. Dou duas batidas na mesma e sem demora a porta é aberta, assim que me viu os seus olhos arregalaram e antes que ela conseguisse fechar a porta em minha cara, eu empurro a porta com força e entro.

— Eu vi quando ele saiu. - Respondo o que ela tanto queria saber.

Entro no apartamento e observo cada detalhe, cama extremamente bagunçada, copos em cima da mesa, uma garrafa de uísque aberta e algumas bitucas de cigarro. Ela me olha perplexa na porta, sem saber o que dizer ou fazer.

— Ele mantém esse apartamento apenas para esse propósito, não é? - Ironizo.

— Está me seguindo, Alana? - Ela fecha a porta e adentra ao quarto. - Estou lisonjeada, mas por que? - Pega um cigarro.

— Quando eu faço negócios com uma pessoa o meu interesse é saber os segredos dela. - Ando pelo quarto.

— A reputação do Mosley não é segredo. - Olha pra mim.

— Dele não, os seus. - Sorrio de canto.

— Como sabia que eu viria aqui? - Sua expressão fica séria.

— Eu sei de coisas, leio os olhares das pessoas, sabe? - Olho para a marca do uísque.

— Isso é de família? - Debocha. - Bruxas e feiticeiros. - Se senta em minha frente.

Ela estava nervosa, eu podia perceber na compulsão em que fumava, tragava profundamente a fumaça para se acalmar. Mas ainda assim tentava esconder o nervosismo com o deboche, pobre Gina Gray.

— O seu tio vai renegar você, por dormir com o parceiro de negócios pelas costas dele. - Comento, com um leve tom de ameaça.

— Acha que ele é moralista? - Ela ri.

— Ele é católico. - Dou de ombros. - Homens fazem o que querem, mulheres fazem o que mandam.

— Vai contar pro Michael? - Desvia o olhar.

— Eu poderia, mas não. - Sorrio pra ela de forma convencida.

— Então o que você quer?! - Aumenta o tom de voz.

Finalmente havia chegado aonde eu queria, eu a tinha em minhas mãos e ela odiava isso, não só pelo fato de eu ser bem mais jovem, mas porque eu era filha da mulher que o marido dela sempre quis. Caminho tranquilamente e me sento ao lado dela, encostando minhas costas no sofá acolchoado.

— Você vai estar com o Mosley em Berlim. - Afirmo. - Vai estar na sala quando ele se encontrar com os membros mais antigos do governo alemão. - Cruzo as pernas. - Eu quero saber o que foi discutido, e quero saber o que foi decidido.

— E se eu mentir? - Se vira para mim.

— Eu vou saber. - Sorrio de canto.

Sem dizer mais nada eu me levanto e caminho até a porta, o silêncio tomava conta do lugar e a única coisa que eu podia ouvir o som de meu salto no piso de madeira.

Legados - Meu Eterno Shelby IIOnde histórias criam vida. Descubra agora