ᴅᴄ ᴄᴏᴍɪᴄs || ɪᴍᴀɢɪɴᴇs [ʀᴇᴠɪsᴀ̃ᴏ ʟᴇɴᴛᴀ]

👨🏻‍🦲 ʟᴇx ʟᴜᴛʜᴏʀ | ᴅᴇᴍᴏ̂ɴɪᴏs ᴅᴇ ɢᴜᴇʀʀᴀ

[s/ɴ] - ғᴇᴍ.

Mesmo quando declararam o cessar fogo de uma guerra, as dores não cessam. Nada no mundo pode reverter os danos. Nenhum remédio é forte o bastante para apagar a mente humana traumatizada e suas memórias angustiantes. Nem mesmo o sono é capaz de trazer algum descanso.

A guerra, ela é capaz de mostrar a pior face do ser humano. A vil e cruel monstruosidade que se esconde na sombra de cada um. Não foi diferente para Alexandre Luthor.

A guerra também é capaz de fazer dias pacatos e comuns serem o ápice da saudade e a epítome de extraordinário. Ela não se contém em derramar sangue inocente, em derrubar prédios e destruir símbolos de uma cultura e nação. Não se satisfaz em roubar o sono, a paz e qualquer escasso resquício de alegria de qualquer cidadão. É como se seu prazer residice em arrancar qualquer esperança de uma pobre alma humana.

Não somente bastasse os destroços, os zunidos no ouvido, no estômago roncando e o corpo falhando, também faz questão de trazer fantasmas do passado e torna-los mais um fardo para carregar. Correntes para arrastar junto a uma tentativa desesperada de se salvar.

Mesmo ela estilhaçando qualquer visão do futuro, não consegue arrancar do peito humano o enorme desejo de sobrevivência. Mas, de novo, a guerra deixa seu rastro. Seja nas cidades que viraram história, nos corpos que viraram cinzas ou nas cicatrizes de um homem magro de alta estatura que anda e anda e percorre um grande caminho, que ele já não sabe para onde vai.

O grande vilão. Não só dá história de sua família, mas de todo um país.

A guerra, não só tirou sua mãe e sua tia, sua casa, seus amigos, sua faculdade e sua vida; não só destruiu a vida do herói de aço, como de todos da Liga, ela também trouxe o pior dos venenos: o arrependimento, que tem o sabor extremamente amargo.

Luthor anda, anda e não sabe mais para onde vai. Onde procurar. Que informações deve buscar, para qual Deus deve orar, seis anos depois da última vez que olhou no rosto de sua irmã. Seu rosto.

A guerra, não só o relembra de seus erros, das vezes em que te deixou de lado. Não, também o lembra de todas as frases cruéis que pronunciou, de todas as vezes que você pediu para ele parar e largar sua obsessão pelo Super homem e de todas as vezes que não a escutou e a magoou. De todas as vezes que deixou a inveja, a raiva, a frustração e insegurança tomarem conta dele. O relembra do último dia antes de apertar o botão e das bombas estourarem seus tímpanos, de momentos antes dele discutido com sua irmã e a expulsando de casa, de sua vida, renegando seu cuidado, afeto e seu amor.

Ele não consegue encarar seu reflexo. Um monstruoso reflexo, não tão diferente dos intocáveis e indiferentes governantes que iniciaram anos de sofrimento, desesperança e angústia antes dele. A face de um homem que não cuidou como deveria da pequena irmãzinha. Que deixou-a procurar alento e carinho nas mãos de homens que só queriam usá-la e descarta-la, porque o único homem de sua vida estava preocupado demais em seguir um herói voador.

E agora, ele não sabe fazer outra coisa, senão carregar sua culpa e impotência. O ódio por si próprio. Não sabe mais o que é deitar no travesseiro e dormir tranquilamente. Tudo o que ele sabe fazer é ter pesadelos constantes, que contam uma mesma história. Então ele levanta de sua cama, sem qualquer pingo de paz de espírito e então começa a andar. Continua a procurar informações da irmã, que nunca mais foi vista desde da última briga antes da guerra. Ele não sabe fazer outra coisa senão procurar dolorosamente por você, sem saber lidar com a desesperança e desespero da consciência que nunca vai conseguir ser perdoado ou se perdoar.

Sem saber se está viva ou morta. Sem saber onde pelo menos seu corpo está, para poder enterra-la, junto a toda sua dor, agonia e tormento.

Lex não sabia, que aquela seria a última vez que você o amaria. A última vez que o perdoaria, que insistiria por ele. Que aquela seria a vez que desistiria dele. Ele não sabia. Mas seus inimigos estavam esperando por um erro dele, como lobos esperam pacientemente por uma ovelha que se afasta do bando. E ele te forçou a se afastar.

Luthor não sabia, mas selou seu destino quanto te tirou de sua proteção. Ele não sabe que seu corpo foi jogado nas margens de um rio qualquer, depois de ter sido torturada e violentada por seus inimigos. Que você, assim como todo mundo, pagou pelos pecados dele.

ᴘs.