001 - teu segredo

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Se é errando que se aprende
Eu aprendi com você
Só se sabe o que é bom
Quando conhece o ruim

🇮🇹

Rio de Janeiro - RJ, 3 de abril de 2022.

Carolina

Me olhei no espelho pela vigésima vez, tentando entender o porquê de eu estar aqui.

Era o dia do meu casamento. O evento que eu passei os ultimos meses planejando. Tudo isso para ser o melhor dia da minha vida com o Henrique.

E o que eu ganho em troca? Um chifre bem grande na minha cabeça.

Descobri faz semanas, mas ainda tento entender qual o motivo que desencadeou isso.

Apenas meu irmão, Léo, sabe disso. Mas ele disse que não se intrometeria na minha decisão e que eu devo escolher o que for melhor para mim.

Mas honestamente, tudo o que eu menos quero é um relacionamento cheio de mentiras.

Se for para acabar com isso, que seja hoje.

— Querida? – Minha mãe deu algumas batidas na porta antes de entrar. — Está pronta? 

— Estou sim. – Dei um sorriso amarelo, colocando o brinco na minha orelha. — Você também teve vontade de desistir quando se casou com o papai?

— Lina, meu amor, – Deu risada, sentando do meu lado. — caso você ainda não tenha percebido, eu e seu pai não somos a melhor inspiração para casamento, já que o nosso acabou em divórcio. 

— Tem razão.

Quando meus pais se separaram, eu era pequena. Tinha no máximo uns 7 anos. Cresci acostumada a ter pais separados.

Meu pai passava a maior parte do tempo acompanhando a carreira do Léo e eu vim para o Rio com a minha mãe, onde eu nasci.

— Está pensando em abandonar o Henrique no altar? – Continuei em silêncio, sem conseguir respondê-la. — Eu também pensei em desistir, mas porque estava nervosa demais. Você parece bem calma para quem está prestes a se casar.

— Ele me traiu, mãe. Com a Malu.

— Sua amiga? – Revirou os olhos quando eu assenti. — Querida, você tem tempo para desistir. Até a hora de assinar os papéis. Depois disso, é só dor de cabeça. Divórcios são estressantes demais, nem sempre vale a pena.

— Não quero envergonhar meu pai ou a família do Henrique. Eles não merecem isso.

— E você merece, Carolina? – Neguei com a cabeça. — Então, resolvido. Sabe que mesmo morando em Sao Paulo, minhas portas sempre estarão abertas para você.

Sorri para minha mãe, que beijou o topo da minha cabeça e saiu do cômodo. 

Eu só precisava ir até o altar e dizer que não poderia me casar com ele. Ou pegar um táxi sem que ninguém me visse e sumir pelo Rio de Janeiro a fora.

Havias tantas opções. Mas eu precisava ser madura e encarar meus problemas. Mesmo que esse problema tivesse 1,80 de altura e olhos verdes.

Respirei fundo e levantei, segurando a barra do meu vestido para conseguir caminhar. 

Caminhei com os pés descalços na areia. Era quase impossível andar de salto.

O Sol ja estava se escondendo aos poucos no mar. Meu pai estava parado, me esperando.

— Como você está linda! – Disse com um sorriso, me puxando para um abraço. — Preparada?

— Não vou me casar com ele, pai. – Falei segurando seu braço.

𝐋𝐄𝐀𝐋, Raphael VeigaOnde histórias criam vida. Descubra agora