No que posso ajudar?

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Aquele deveria ser mais um dia comum, mas começou errado e agora era tarde de mais.

Em uma corrida desenfreada pela noite, eu podia sentir os espinhos e galhos dos arbustos arranhando a minha pele nua.

Droga.

Como a porra de uma bateria de relógio me fez acabar correndo nu durante uma tempestade, cada vez mais perdido na mata?

Ah é claro, eu dormi mal, meu relógio não despertou, acordei atrasado, recebi uma advertência, no almoço, não pude esquentar a minha comida porque algum idiota quebrou o microondas, então  decidi comprar pilhas para o relógio de pulso e no único local aberto ao meio-dia, a atendente decidiu que não iria me vender-las.

Quais foram as suas palavras mesmo?

— Senhor a numeração das baterias do seu relógio é diferente da que temos disponível, se o senhor puder esperar, eu faço o pedido hoje mesmo e o senhor pode buscar amanhã.

Numeração de bateria? Que desculpa esfarrapada para não querer trabalhar. Elas eram do mesmo tamanho, era só teocar, então eu apenas respondi com um empurrão. Eu não tive culpa por ela ter caído no chão.

Eu já havia me esquecido desse momento quando entrei no carro ao final do dia e então... Minha visão escureceu.

"Corra" era o que dizia o bilhete colado no meu peito quando acordei deitado na lama, sem as minhas roupas. Pensei que pudesse ser uma brincadeira, até a primeira flecha passar de raspão pela minha coxa. Com o coração subitamente acelerado, corri.

— P-PARE POR FAVOR. — gritei.

Existia uma imensa lista de pessoas que poderiam estar por trás disso.

"Deus, por favor, se o Senhor me livrar dessa-" não tive tempo de terminar a oração, a flecha acertou a minha panturrilha e eu caí da encosta íngreme, rolando em meio a lama e folhas secas. Permaneci deitado fazendo uma autoavaliação. Minha perna latejava com o objeto perfurante a atravessado. Senti o gosto de sangue na boca e minha língua doeu quando a passei umedecendo os lábios. Lacerações por toda a pele e por fim uma dor aguda na minha mão. Ergui-a até o meu rosto percebendo o indicador virado em uma posição não natural. Com um arquejo me ergui do chão.

Talvez ele não tenha visto para onde rolei, a escuridão dominava a floresta densa. Como se soubesse que alguém invadira o seu território, os animais ficavam em silêncio. O único barulho era o das gotas de chuva contras as folhas.

Tentei acalmar meu coração, mas o meu sexto sentido dizia para que o músculo batesse enquanto podia, porque o seu tempo, estava esgotando.

Me apoiei em uma árvore e os espinhos perfuraram a minha mão. O ofeguei e eu imediatamente me calei.

"Será que ele ouviu?"

Coxeei o mais silenciosamente para longe. Se o meu perseguidor não me matasse, a perda de sangue e o cansaço, o fariam. Fechei os olhos e abri a boca na esperança de que a chuva aplacasse a minha sede. Finalmente havia acumulado água o suficiente para engolir, abri os olhos e tentei vislumbrar algo ao meu redor. Um raio cortou o céu e a sombra a minha frente, me fez desequilibrar e cair sobre o meu traseiro. Outro raio caiu, eu pude vislumbrar o rosto do meu algoz.

A vendedora.

Com seus cabelos e olhos castanhos e a pele bronzeada, ela segurava uma balestra sorrindo para mim.

— Olá senhor, infelizmente não tínhamos o que o senhor queria, mas vou dar-lhe o que você realmente precisa.

Foi a última coisa que eu ouvi antes da flecha vir em direção ao meu rosto.

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⏰ Última atualização: Feb 25, 2024 ⏰

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