Era um fim de tarde,estava passando pelos corredores da escola,procurando pelo Victor.Seu nome pode parecer algo semelhante à vilão de filme,mas ele é gente boa,eu juro.Vejo a silhueta de algo acenando,creio eu ser ele,vou correndo como um cão feliz,aliás muito prazer caro espectador,eu sou o Neithan!!Bem vindo ao meu diário.Victor abre os braços,e me dá um abraço rápido,logo iniciando uma conversa enquanto começando a andar em direção a saída,ele diz:
- Eu tava na aula de inglês,e comecei a refletir sobre aqueles filmes..de zumbi,sabe?Nossa,deve ser desesperador!!
Dou uma risada boba,e respondo:
- Realmente,mas eu nem me preocupo muito..
Dei ombros.
- E se acontecer,vou ter o nerd mais medroso do mundo ao meu lado!!
Abri um sorriso para Victor,que..pareceu sem graça?Uou,isso nunca aconteceu.
- Neithan,isso com certeza não é um elogio,cara..eu te odeio.
O Nerd depositou uma mão no rosto,isso é engraçado.De repente escuto algo,parecia uma mordida,caramba,o que é isso?Um cachorro invadiu a escola,é?Por que uma mordida? Victor pareceu se importar mais que eu,agarrando meu pulso e acelerando o passo,no meio dos corredores,vejo um cadáver vivo correndo.Perai,um cadáver vivo!?
O que eu acabei de dizer!?Agarro a mão de Victor,e saio correndo pra dentro de uma sala vazia,o nerd logo acorda pra vida,e tenta empurrar o máximo de mesas escolares possível contra a porta, confesso que foi uma atitude inteligente,ele se vira pra mim,e diz:
- Poxa cara,plena segunda feira!..Quem é o doente que está fazendo essas coi-
Tempo a boca dele com minha mão,enquanto observo a criatura morta-viva pela janela de cortina retrátil que havia na porta,não parecia ser nenhum tipo de brincadeira,sua pele parecia estar apodrecendo de forma 30 vezes mais acelerada do que o normal, sinceramente..o que eu fiz pra merecer isso?Plena segunda-feira,penso comigo mesmo.
Até que,o som de algo familiar me alerta,Victor estava sentado no canto da sala agora,com o rosto contra os joelhos,e suas mãos puxando o que restava de seu curto cabelo,sinceramente.. a cena era de se dar pena,confesso,estou com medo!!Mas .. não tanto,os policiais da cidade com certeza vão dar um jeito nisso.
Me aproximo de Victor..me ajoelho,e na tentativa de consolar o garoto,solto a pior frase motivacional que eu poderia pensar:
- Olha só,se a gente sobreviver,seu sonho de ser meu duo de The Walking Dead pode se tornar real!
Não consegui tirar uma risada dele.Me senti um idiota,passo minha mão gentilmente pelo seu cabelo curtinho,enquanto tento o calmar do jeito clássico,somos "interrompidos",entre muitas aspas!!!!Por uma voz familiar,busco lá no fundo dos meus neurônios enferrujados..e consigo lembrar! É o Zelador Will,Victor consegue pensar primeiro que eu,suponho,logo se levantando e indo em direção a porta chutar a nossa barreira improvisada,o puxo pela camisa,erguendo de leve o som de minha voz,afinal..quem ele pensa que é?Vai deixar um estranho que nem sabemos se está ou não.. morto-vivo entrar?Meu Deus,não faz sentido nenhum!Digo:
- Victor,não me leve a mal,mas você deveria checar antes de sair abrindo a porta!!Vai que ele é um morto-vivo disfarçado..
Victor suspira,ele sabe que tenho razão, então faz a pergunta mais idiota que ouvi hoje:
- E-escuta aqui Senhor Zelador,o senhor..por acaso é um zumbi?
Solto uma leve risada,ao ouvir o senhor dizer de forma arrastada:
- Euuu..acho que não meu Jovem....Victor abriu a porta, obviamente feliz por termos mais um sobrevivente,mas assim que..fez o ato,vimos uma ferida horrível na perna do senhor,haviam algumas moscas nele,e.. por algum motivo,o velho resolveu abraçar meu amigo,se aproximando mais,e mais.Até que,ele o agarra,mordendo seu braço esquerdo,eu rapidamente pego a primeira coisa que vejo,a merda de um globo!!Ah,vai se ferrar,pego a segunda coisa que vejo,uma cadeira,e logo junto toda a força que tenho,batendo e derrubando o morto-vivo duro no chão.
Viro-me para Victor,agora desesperado enquanto diz:
- Meu braço,oh.. eu vou virar um morto-vivo.
Me recuso a deixar isso acontecer!Vou tentar cuidar desse machucado,digo pra mim mesmo.Me abaixo e desaboto a camisa de botões do cadáver jogado no chão,rasgo a manga direita,e me levanto,enquanto faço isso.. Victor fecha a porta,e tenta arrastar as mesas com um braço só.- Victor,vem aqui.
Digo como uma ordem,ele se aproxima.Suspiro,isso vai doer mais em mim no que nele,já vi em alguns filmes aquela coisa de apertar um machucado em sangramento até que aquilo parte de circular sangue,mas acho que,se eu fizer isso,o braço de meu amigo irá cair,então.. resolvo fazer uma bandagem básica com o que eu tenho.Enrolo a manga rasgada no braço de Victor,ele está visivelmente com dor,sempre adorei esse nerd.Ele é tudo pra mim, sinceramente..meus pais,e esse garoto são minha vida.Acho que..se tivermos sorte,esse pequeno apocalipse não vai sair daqui da escola,Victor quebra meus pensamentos dizendo:
- Neithan,eu não quero morrer.Mas, provavelmente vai acontecer,cê sabe..A gente obviamente não iria sobreviver,quer dizer.
Ele mantém um tom cômico na sua voz,mas .. não consigo rir.
- Confio nas suas habilidades baseadas em livros,haha.Mas eu em si.. não tenho forças nem pra levantar da cama as vezes,imagina fugir de zumbis..
Não tenho tempo pra discutir com ele agora,apenas respondo:
- Eu entendo,mas.. você não vai morrer!Eu vou cuidar de você, nós dois sobreviveremos juntos se for necessário,eu corto seu braço se for preciso,mas ..morrer você não vai!
Victor dá um passo pra trás,sua face me deixa confuso,ele está.. lisonjeado,ou confuso?Triste,talvez?Com raiva.. não entendo.Ele se aproxima e me abraça com seu braço inteiro.Ai como eu amo esse moleque, nos minutos seguintes, nós dois decidimos que deveríamos sair de lá,e tentar ir pra casa,tiramos pedra papel e tesoura pra decidir de quem deveria ser a casa,uou,caiu na minha,eu estou genuinamente com medo agora..e se meus pais estiverem mortos?
Assim que chegamos lá, aparentemente a casa estava vazia,solto um suspiro aliviado,e digo em tom de voz mais alto:
- Me lembrei agora,meus pais estão fora da cidade visitando minha Tia,acho que só voltam daqui algumas semanas,bom.. dá pra fazer umas barreiras firmes com os móveis daqui de casa..
Victor me interrompe,e pergunta:
- Neithan,sua naturalidade em relação a situação me assusta..
Sem pensar muito,o respondi:
- Ah,também me assusta,enfim.. precisamos pensar em como cuidar desse seu braço, tá sendo alguma coisa?
Digo enquanto pego no seu braço de forma firme,apertando de leve.
Ele responde:
- Olha,por mas que pareça surpreendente, não estou sentindo nada.
Solto um suspiro aliviado,penso pra mim mesmo,eu sei que essas coisas só acontecem em filme,mas.. será que ele é tipo,imune a isso?Eu não entendo absolutamente nada de química,mas sei lá,talvez.. alguma coisa que ele tenha,o deixe meio imune.Respondo:
- Ei,cê acha que,pode ter a probabilidade de você ser imune?Eu poderia cortar seu braço.. aí a gente poderia estudar e criar um antídoto!!
Ele soltou uma risada boba e sincera.
- Honestamente? Não acho uma idéia tão ruim,se a energia da sua casa ainda estiver funcionando,dá pra refrigerar isso bem,e o braço não irá apodrecer.
Fico levemente assustado com a forma que Victor descreve isso, até que..lembro que seus pais trabalham em necrotério,tá explicado o motivo da frieza.
- Olha,acho que,cortar seu braço com uma faquinha de cozinha seria bem torturante,a única coisa cruel e rápida que,acho que meu pai tem é..um machado, lá na sala de ferramentas.
Digo,e escuto sua resposta:
- Eu não estou sentindo nada,mas..com certeza vai ser agoniante, espero que saiba o que está fazendo.
Ah,claro,dois adolescentes de 15 anos com certeza sabem o que estão fazendo para se manterem vivos em um apocalipse Zumbi,meu Deus,a gente vai morrer.
Me afasto um pouco de Victor,chamando-o para vir atrás de mim,ando até a garagem,e encontro os materiais de carpintaria do meu pai,dentre eles tem: Um martelo,machado,pregos,furadeira,parafusadeira,chaves de fenda,mas a única coisa que realmente me interessa é o machado ali no canto.Vou até ele,e o seguro com firmeza,tentando não tombar para trás,Victor se senta em uma cadeira feita pelo meu pai,e apoia seu braço em qualquer banco velho que achei ali,e o mandei apoiar,quando acordo do meu transe,estamos na contagem regressiva para a mutilação:
- Um!
- Dois!
- Três!
- Quatr- ..Ah!
No número quatro eu acabei perdendo a firmeza,e o machado foi com tudo,por sorte ..no local correto,a divisão entre o braço,e o ante braço,sangue pela garagem toda..e um braço cheio de moscas no chão.Solto o machado,me sinto sujo.Me sinto um assassino, Victor estava olhando para o próprio braço enquanto fazia sons indicando que,sentiu uma dor forte, não semelhante a de arrancar um braço,mas com certeza uma dor forte!Lágrimas percorreram meus olhos,Victor desviou seu olhar para esconder seus soluços de dor,mas não adiantava,todo aquele sangue,foi eu.Foi eu.
Eu causei.Eu causei
Foi eu.
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Fixo como um Cadáver.
Teen FictionNessa história você acompanha a visão de Neithan sobre tudo que acontece,certo dia algo ruim aconteceu durante uma segunda-feira sem graça na escola. (Em Processo.)