Nosso Para Sempre

O Que Esse Beijo Significa?

Ana

Depois da briga com a Mel, eu não tive mais cabeça pra voltar ao jornal, fui pra casa. Coloquei duas pedras de gelo em um copo, abri uma garrafa de whisky e em um gole eu bebi todo o liquido que havia colocado no copo, nem tinha dado tempo gelar, mas sei lá, o meu corpo tava precisando sofrer um pouco, eu estava querendo me dar um soco na cara e ao mesmo tempo me jogar da varanda, mas ao invés disso eu apenas coloquei mais uma dose de whisky e sentei na varanda, e fiquei encarando bem mais ao fundo o Big Ben. É, da varanda de casa tenho a sorte de sempre saber a hora certa, fiquei sentada ali por horas, olhando os ponteiros se encontrando e vendo a cidade parecer que andava em câmera lenta, ou o meu cérebro estava funcionando rápido demais para a realidade, eu não conseguia parar de chorar, eu queria gritar, eu queria sair correndo, mas ao invés disso eu apenas fiquei ali parada, calada e bebendo uma garrafa inteira de whisky que agora está abaixo da metade. Até o sol se pôs e eu não sai do lugar, quando finalmente a noite chegou e eu comecei a não suportar o frio na varanda, causado pela chuva intensa que caia na rua, agora eu entrei e simplesmente cai no sofá, cai e fiquei deitada de bruços com o copo na mão e a última coisa que lembro foi de ter dado um último gole antes de apagar.

Pela manhã com a boca seca e os olhos inchados, levantei do sofá procurando a garrafa e o copo que estavam me fazendo companhia antes de eu desmaiar no sofá, levantei com muito custo do sofá e vi que a garrafa juntamente com o copo estavam no balcão da cozinha e isso só podia significar uma coisa.

- Mel? – Chamei caminhando pelo apartamento. – Melissa?

Olhei no quarto, banheiro, no estúdio e no escritório e ela não estava. Fui tomar um banho pra ir pro jornal e quando fui pegar uma roupa percebi que algumas peças de roupa da Mel estavam faltando, o que isso podia significar? Não quero nem imaginar, mas o coração gritava e gritava tão alto que a cabeça respondia “ela foi embora” repetiam um milhão de vezes dentro de mim.

- Ela não pode ter me deixado. – Falei encarando aquele grande buraco no lado dela no guarda-roupas e o nó na garganta só foi aumentando.

Eu já estava prestes a cair no chão, abraçando o carpete e chorar até desidratar quando ouvi o interfone chamando, corri até ele e atendi, eram os meninos na portaria. Eles tinham passado a semana passeando pelas cidades próximas e eu não lembrava que voltariam hoje. Liberei o portão e eles subiram, quando abri a porta eu ainda estava de tolha e os olhei tão felizes e apaixonados que não aguentei, aquele típico momento que alguém pergunta...

- Tá tudo bem? – Perguntou o Liam.

E eu sem responder nada, apenas comecei a chorar sem controle, então ele largou a mochila que estava em suas mãos no chão e me abraçou forte, sem perguntar nada, ficou ali parado me transmitindo energia, deu alguns beijos no alto da minha cabeça até que eu conseguisse falar algo.

- Consegue me contar agora o que houve? – Perguntou ele ainda abraçado a mim.

- A Melissa me largou... – Falei ainda soluçando em seu peito.

- O que? – Perguntou a Dany que estava até então calada, apenas observando a situação.

Saímos da porta, eles me levaram até a cozinha e enquanto a Dany preparava um café eu contei tudo, desde o começo, de como chegamos até esse ponto, a Dany me serviu um café bem quente e forte.

- Açúcar? – Perguntei.

- Puro mesmo. – Respondeu ela em tom de bronca e eu apenas obedeci.