As damas retornavam ao lar com risos e gracejos, entretanto, Clarice, absorta em pensamentos distantes, não se entregava à alegria. Morgana, após concluir a sopa de legumes e extinguir as chamas com água, exclamou:
— Vinde banquetear, pois hoje me encarrego do vosso repasto. Nos dias vindouros, cada uma de vós terá a responsabilidade de preparar o alimento, ou ao menos cooperar...
As demais se aproximaram da tábua, arranjando pratos e talheres, mas Clarice, desprovida de apetite, fitava intensamente a janela, contemplando as estrelas.
Seraphina se pôs de pé, envolvendo-o num abraço por trás, e com uma voz carinhosa e preocupada, perguntou:
— O que te atormenta? Não tens apetite?
Clarice, ainda absorta nas estrelas, proferiu com voz serena e discreta, direcionada exclusivamente a Seraphina:
— Não é nada disso. Estou apenas... reflexiva. Avise às outras que irei me alimentar posteriormente.
Seraphina assentiu, dirigindo-se às demais mulheres para comunicar a situação. Enquanto isso, Clarice ponderava sobre o motivo pelo qual seu pai não a encontrara nem enviara seus guardas ou servos em busca dela, especialmente após sua fuga ao mencionar o pretendente matrimonial.
Clarice, com as mãos suavemente apoiadas no queixo, perdida em seus próprios pensamentos, e subitamente, a narrativa se desloca para a suntuosa residência de seu pai. Este, em meio à preocupação, se dirige a alguns de seus servos de pele escura, expressando inquietude:
— Ainda não encontraram Clarice? Onde essa jovem se meteu?
Um dos serviçais responde, com semblante preocupado:
— Não a localizamos em lugar algum na vila...
O pai de Clarice, num misto de frustração e ansiedade, repreende-os por limitarem a busca à vilarejo, exortando:
— Tolos! Vasculhem a floresta e, se necessário, estendam a busca a outros lugares. Quero minha filha encontrada a qualquer custo!
Os servos, compreendendo a urgência, partem em busca de Clarice, enquanto o pai dela permanece em sua residência luxuosa, temendo o paradeiro da filha em meio aos suspiros ansiosos.
Um indivíduo de distinta presença, caracterizado por cabelos cacheados curtos e tez negra, desempenhava o papel de um dos subordinados do pai de Clarice. Detentor da posição de comandante, ele exercia autoridade sobre os demais servos da família, direcionando suas atividades conforme sua visão e discernimento.
À medida que prosseguiam pela floresta escura, acompanhado pelos demais servos, o indivíduo em questão não encontrava indícios que pudessem revelar o paradeiro de Clarice. Enquanto avançavam, desbravando o caminho e afastando os obstáculos vegetais, depararam-se com o chapéu da jovem, habilmente oculto entre os arbustos. Coberto por folhas e levemente sujo, indicava ter sido abandonado ali recentemente.
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⌊ 𝕽𝐄𝐍𝐀𝐂𝐈𝐃𝐀𝐒 ⌋
أدب تاريخيNeste intrigante relato histórico, quatro mulheres destemidas da Idade Média buscam independência em um mundo dominado por normas opressoras. Longe de desejarem o caminho tradicional de casamento e submissão, elas desafiam as expectativas, enfrentan...